Onde dois ou três...

03/05/2020

O evangelista registra uma promessa de Jesus amplamente conhecida nas igrejas: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali eu estarei no meio deles” (Mateus 18.20). O que faz a igreja não é a estrutura física. Para tal existe o termo “templo”. A igreja, nos seus primórdios, não tinha um espaço físico. As reuniões aconteciam nas casas (1ª Coríntios 16.19). Ou, até mesmo, à beira do rio (Atos 16.13). O que faz a igreja também não é a estrutura jurídica. Para tal existe o termo “denominação”. O que nos torna igreja é a presença de Jesus. Sabemos que ele não se faz mais presente fisicamente, mas por intermédio da sua Palavra. Outro evangelista deixa claro: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Vimos a sua glória, cheio de graça e verdade” (João 1.14). Jesus é a Palavra Viva. Por isso, precisamos sempre de novo abrir a Bíblia, ler e reparar no jeito de Cristo, o que disse e o que fez. Para que isso aconteça, o centro da igreja não pode ser outro senão o próprio Evangelho. No princípio, aqueles que se reuniram para conhecer melhor Jesus eram apenas conhecidos como “os do caminho” (Atos 9.2). Mais tarde, foram chamados também de “cristãos” (Atos 11.16).

O relato bíblico deste 4° Domingo da Páscoa é um retrato falado da igreja primitiva. O evangelista Lucas escreve: Todos continuavam firmes, seguindo os ensinamentos dos apóstolos, vivendo em amor cristão, partindo o pão juntos e fazendo orações. Os apóstolos faziam muitos milagres e maravilhas. Por isso todas as pessoas estavam cheias de temor (respeito). Todos os que criam estavam juntos e unidos e repartiam uns com os outros o que tinham. Vendiam as suas propriedades e outras coisas e dividiam o dinheiro com todos, de acordo com a necessidade de cada um. Todos os dias, unidos, se reuniam no pátio do Templo. Nas suas casas partiam o pão e participavam das refeições com alegria e humildade. Louvavam a Deus por tudo. Eles eram estimados por todos. Cada dia o Senhor juntava ao grupo as pessoas que iam sendo salvas” (Atos 2.42-47).

O alicerce da igreja primitiva estava na pessoa de Jesus. Ele é a rocha. A partir de tal fundamento, as pessoas viviam e agiam de acordo com o amor experimentado. Era o exercício diário da parábola dos Dois Fundamentos (Mateus 7.24-27). Era experimentar e praticar. A Palavra se torna viva. Como resultado, pessoas são alcançadas por Jesus e convivem num grupo local chamado “comunidade”, que faz parte da igreja, a qual somente Deus conhece verdadeiramente. Jesus salva. Não, a igreja. A comunidade é somente a reunião dos que foram alcançados pela Palavra. Tal simplicidade em viver a fé é abominável ao diabo. Ele mesmo tentou o Salvador com promessas espetaculares, com riquezas e louvores humanos (Mateus 4.1-11). Mas, Jesus resistiu, defendendo-se com a simples e pura “Palavra”. Hoje, quando falamos de igreja, precisamos ter muito cuidado. Há muita gente preocupada com placa, ritos, formas ou doutrinas. Há muita gente preocupa com número de fiéis, patrimônio, estrutura física, política e riquezas deste mundo. O Evangelho nos desafia apenas olhar para Jesus, descobrindo quem ele é e quem eu sou. De repente, no Caminho, percebemos que não estamos sozinhos. Existem outros à nossa volta. Alguns se reúnem conosco. Outros, noutros grupos. Mas, nenhum deles é dono da verdade. Somente Jesus é a Verdade (João 14.6). Sempre de novo, preciso ser grato pela minha denominação e pela estrutura que ela construiu através do tempo. Mas, jamais posso ou devo esquecer: Quem me salva é Jesus. Quem determina meu viver é Jesus! Por isso, ele é meu Salvador e Senhor!


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Testamento: Novo / Livro: Atos / Capitulo: 2 / Versículo Inicial: 42 / Versículo Final: 47
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 56398
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Cada qual deve se tornar para o outro como que um Cristo, para que sejamos Cristos um para o outro e o próprio Cristo esteja em todos, isto é, para que sejamos verdadeiros cristãos.
Martim Lutero
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