Jesus Cristo diz: O Reino de Deus é como uma semente de mostarda
que um homem pegou e plantou em seu sítio. A planta cresceu e ficou uma árvore,
e os passarinhos fizeram ninhos nos seus ramos ( Lucas 13.19).
Existe em todo ser humano atitudes e manifestações, a nível do eu sujeito psicológico ou do eu sujeito histórico, que podem ser classificadas de megalômanas. Encontram-se em toda parte pessoas que valorizam-se demasiadamente. Para elas só têm importância e credibilidade os grandes projetos, os grandes feitos, os grandes movimentos, os grandes acontecimentos, os grandes momentos, os grandes reavivamentos e , acima de tudo, ao grandes investimentos. O poeta épico, Luiz Vaz de Camões, em o Lusíadas, obra imortal da literatura luso-brasileira canta:
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A fé, o Império, e as terras viciosas
Da África e da Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando:
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte
Jesus Cristo, o filho de Deus, age de forma diferente dos homens. Para ele a verdadeira grandeza se torna visível pelo reverso dos projetos humanos.
Na parábola do semeador observa-se sua pedagogia de anúncio do Reino de Deus, enfocando que uma pequena parte das sementes lançadas em terra, torna-se frutífera. Em outra parábola, ele fala do trigo que germina sob o perigo de ser sufocado pelo joio, que ameaçava furtar-lhe as substâncias necessárias ao seu crescimento.
Jesus, em outra ocasião, disse aos discípulos que os que quisessem ser grandes, primeiro deveriam tornar-se como uma criança.
Observa-se nestes exemplos evangélicos, que o projeto - projétil do Reino de Deus caminha na contramão dos caminhos traçados e idealizados pelos pretensos construtores do reino dos homens.
Em Jesus Cristo o infinito torna-se finito. O Deus das alturas torna-se o Deus das profundezas.É exatamente nos lugares mais baixos que Deus observa e se envolve com as coisas pequenas e aparentemente insignificantes. Jesus, ambientalista divino, olha na natureza a maior das hortaliças, a mostarda. Nesta planta se potencializa uma simples semente que cai em terra e pelo mistério da vida brota, nasce, cresce e atinge o tamanho de dois a três metros, ao ponto de tornar-se sombra para acolher os passarinhos.
Jesus chamou o povo de Deus de pequeno rebanho. Escolheu doze pessoas como amigas e confidentes em quem depositou toda confiança e toda esperança. Ampliou o grupo somando setenta pessoas que foram enviadas, duas a duas, como evangelistas. Ordenou que essas pessoas fossem simples e desprovidas de todos os ideais de grandeza e de poder, e que a partir dos ideais evangélicos fossem sal da terra e luz do mundo.
Nós, os evangélicos luteranos, inspirados nos ensinos do divino pedagogo, deveremos continuar trabalhando nos espaços onde Deus nos colocou, sem complexos de sermos uma pequena Igreja. O mais importante é que estejamos firmes nos ideais e nas propostas do evangelho de sermos sementes e que haveremos de crescer, florescer e frutificar. Deveremos, também, como hortaliças do Reino, oferecer os nossos braços para acolher pessoas e todas as criaturas de Deus.
P. Mozart Noronha