O toque divino - Culto 27/06 Paróquia Bom Samaritano, Ipanema, Rio de Janeiro/RJ

Culto on-line Marcos 5.21-24 e 35-43

26/06/2021

altar
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Os seres humanos parecem estar fascinados com o tato. Talvez seja porque sabemos que nossos olhos podem nos enganar. Às vezes, também não ouvimos as coisas perfeitamente. Nosso olfato pode ser bastante preciso, mas também facilmente perturbado com estímulos diferentes. Nosso paladar pode ser bastante forte, mas não dá para andar por aí provando tudo. Muitas vezes, tenho criticado que as pessoas devem pegar as coisas com as mãos para ver. Mas, é que assim somos nós os seres humanos, muitos vem não somente com os olhos, vem com as mãos, vem com o coração.
O tato é um presente maravilhoso de Deus, o qual neste tempo de pandemia temos redescoberto como muito importante. Sentimos saudades de poder sentir às pessoas que estão ao nosso lado. Não podemos mais dar os beijinhos de cumprimento, nem o abraço ou sequer dar a mão. No tempo mais complicado da pandemia até inventaram um avental para poder abraçar sem ter o perigo do contágio. Hoje, sabemos da importância do abraço da mãe ou dos netos, do tapinha nas costas dos amigos. As relações humanas precisam do tato.
Lamentavelmente também acontecem situações constrangedoras se o sentido do tato é mau utilizado. Esse presente de Deus pode tornar-se sofrimento se é usado de forma abusiva. O dom do toque de Deus foi dado para nos fazer sentir seguros e protegidos. No entanto, as pessoas que foram tocadas de maneira incorreta, sentem-se tudo menos seguras. Eis uma pessoa vulnerável, que precisava se sentir cuidada, amada e aceita. E ao invés disso, o toque abusivo que recebera, faz com que se sinta feia, insegura e incapaz de confiar nos outros. E a pior parte é que a pessoa que acaba sentindo vergonha muitas vezes não é o agressor, mas a pessoa abusada.
A leitura do Evangelho de hoje apresenta pessoas desesperadas pelo contato. Jairo, o chefe da sinagoga, possivelmente tinha suas dúvidas sobre Jesus, este pregador e professor itinerante. Jesus não se encaixava realmente no molde do Messias que esperava. Mas agora que a sua filha está morrendo, Jairo não tem mais nada a perder, ele vai até Jesus em completo desespero buscando seu toque: Minha filhinha está morrendo; venha impor as mãos sobre ela, para que seja salva e viva. O toque de Jesus é bom, salva pessoas que estão desesperadas.
Jairo confia em Jesus mesmo que as circunstâncias são adversas. Será possível que Jesus segurando a menina pela mão possa fazer a diferença? Será que a menina de doze anos não está realmente morta? Como enfrentar os sinais que os cinco sentidos dão e continuar acreditando? Jesus de forma firme continua no seu proceder. Não se deixa amedrontar por falas ou lamentos. Nem sequer o deboche das pessoas presentes impediu Jesus de demonstrar o amor de Deus.
Quantas pessoas neste mundo precisam que Jesus segure na sua mão? Quantas pessoas estão desesperadas, tem a sua vida bagunçada porque alguém as machucou? Quantas pessoas precisam ser libertadas de seu sofrimento?
Todos nós precisamos disso. Todos nós precisamos do toque de Jesus porque este mundo em algum momento tocará a todos de forma ruim. Não seremos todos abusados, mas todos nós seremos feridos e todos nós feriremos os outros também. Precisamos saber o que é um bom toque, o que é o toque santo e amoroso de Deus para que possamos nos sentir seguros como seus filhos e suas filhas.
Com certeza, algumas pessoas precisarão mais da proximidade de Jesus. Seja pelos momentos em os outros as feriram, fizeram sentir vergonha, fizeram sentir que não valia nada. Ou talvez por tantos golpes que tem sofrido, tanto abuso que fez com que uma crosta dura tomasse o lugar da pele suave. Mesmo às pessoas mais sofridas Deus quer tocar.
Jesus quer que todas as pessoas possam ter certeza de que estão no colo de Deus desde o dia do seu batismo. E assim como a menina do evangelho, quando Jesus toca, traz cura, traz salvação, traz nova possibilidade de vida. Deus nos dá uma nova oportunidade para respirar aliviados e viver, viver uma vida em plenitude porque isso é o que ele quer. Amém.
 

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