O SILÊNCIO DA DOR

Ainda pensando nos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher

12/12/2014

No último dia 10 de dezembro terminou a Campanha:  16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher. Na tribuna do Congresso Nacional ouvimos barbaridas que denigrem a imagem do nosso Parlamento e, de maneira estúpida, agressiva e sem caráter nenhum, um Parlamentar ofendeu não uma deputada gaúcha, mas sim todas as mulheres, todas as famílias e todos os homens que não compactuam com qualquer tipo de  violência contra a mulher. 

Nesse espaço compartilhamos a meditação escrita pela então Pastora Vice Sinodal Sisi Blind (Sínodo Norte Catarinense), hoje Prefeita do Município de São Cristovão do Sul.  

O SILÊNCIO DA DOR
Sisi Blind

Neste dia 28 de novembro será lembrada nas celebrações, em muitos lugares de nosso planeta, a dor dos corpos de mulheres agredidas. Dor esta que ainda permanece no silêncio, guardada..

A violência contra a mulher tornou-se pública, no Brasil, nos últimos 30 anos. Até os anos 70 não existia essa expressão. Ela teve que ser nomeada para que pudesse ser vista, falada e pensada. Foi a emergência dos grupos e da movimentação feminista que trouxe à luz a violência enraizada no espaço doméstico, conforme registra relatório de Comissão da cidadania e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul.

Hoje, com a existência das delegacias de mulheres, as casas de abrigo e o auxílio jurídico especializado, a violência doméstica tornou-se um assunto público.

A violência contra a mulher se caracteriza pela dor provocada pela superioridade da força física masculina. Portanto, no confronto físico a mulher apanha, seu corpo é machucado e em muitos casos, em nome do amor, a dor é silenciada.

Os corpos que sofrem a violência são os mesmos que amamentam, que acariciam, que amam, que possuem desejos. Esses corpos silenciam a dor, apesar dela já ser de domínio público. A dor é escondida, é silenciada, camuflada, abafada.

A dor no corpo físico supera a dicotonia cartesiana: mente e corpo. Ela envolve a totalidade do ser. Ela guarda a memória do sofrimento. Se espalha por todo o nosso ser e se expande para todas nossas relações sociais na invisibilidade do silêncio. É o silêncio da humilhação, da degradação e da perda da dignidade humana.

Até quando haverá entre nós essa prática que perpassa o tempo, as culturas, as classes sociais, enfim, que perpassa todas as esferas das relações humanas?

Que o silêncio da dor das mulheres, assim como da dor de todos os seres humanos possa ser rompido e que ela - a dor - não nos seja indiferente.

Sisi Blind
Ex-Vice Pastora Sinodal do Sínodo Norte Catarinense e hoje Prefeita de São Cristovão do Sul/SC
  


Autor(a): Sisi Blind - Prefeita do Município de São Cristovão do Sul
Âmbito: IECLB / Sinodo: Planalto Rio-Grandense
Área: Missão / Nível: Missão - Mulheres
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 31117
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