O significado de Cristo para minha vida.

24/02/2024

No texto do Evangelho de hoje Jesus fala pela primeira vez aos seus discípulos sobre sua morte e ressurreição. E enfatiza a importância da renúncia aos interesses pessoais para segui-lo.

Jesus ensina aos seus discípulos que Deus não nos vê apenas como indivíduos, com pessoas, mas também como comunidade. Deus tem um propósito para nós dentro da nossa família, da nossa comunidade. Por isso, Jesus ensina que para ser seu discípulo renunciar ao ego e pensar mais no nosso papel dentro da família e da Comunidade.

As pessoas estão acostumadas a pedir algo de Deus para si mesmas. Tem uma música gospel de uma cantora da Ilha do Marajó que se chama Aymee Rocha. A música chama Evangelho dos fariseus. A letra fala sobre as igrejas que querem encher templos, que fazem eventos para si mesmos. Vale a pena ouvir: Evangelho dos fariseus.

Jesus nos fala hoje não sobre o pedir, mas sobre o dar. Deus espera algo de nós. Algo que nós podemos dar a Deus. E o que nós damos para Deus? Nossa contribuição a igreja será o suficiente? Ou Deus espera que entreguemos nossa própria vida, senso boas testemunhas do seu Evangelho?
Nós fomos educados a pensar que ser feliz é uma coisa que cada pessoa deve buscar para si mesma. Que a nossa individualidade está acima de qualquer coisa. Mas quem vai por esse caminho não consegue sentir-se feliz. Não dá para ser feliz sozinho, sem importar-se com nada nem com ninguém.
Nós não podemos fazer o que nós bem quisermos. Nossa maneira de ser está sujeita a um contexto, somos seres sociais, fomos feitos para viver numa família, na igreja, na sociedade.

Mas, para conseguir viver em sociedade e entender o papel que Jesus quer que desempenhemos na sociedade, precisamos que Jesus nos transforme primeiro. Nos transforme de pessoas egoístas, individualistas e preocupadas apenas consigo mesmas, em pessoas que pensam nos outros. Essa é a primeira característica da fé cristã. A fé cristã nos transforma em pessoas solidárias.
Essa transformação muitas vezes é bem dolorosa para nós. Não é fácil porque ela exige renúncia, desapego e isso implica em sofrimento. Jesus diz que muitas coisas que estamos acostumados a pensar não está de acordo com os valores do Reino de Deus. Não dá para ser seguidor de Jesus e pensar apenas em si mesmo. Por isso, a fé em Jesus exige uma conversão nos valores de cada pessoa e que cada pessoa entenda seu papel na família, na comunidade e na sociedade.

Quando Jesus alertou os seus discípulos sobre isso, que Deus quer que desempenhemos o nosso papel na família, na comunidade e na sociedade e que isso vai entrar em choque com os valores em que a sociedade nos educou, essas palavras de Jesus incomodaram a Pedro, que chamou Jesus para o lado e começou a repreendê-lo (v. 32). Para Pedro Jesus não conseguir adeptos anunciando que sua proposta vai levar ao conflito, ao confronto com os valores da sociedade e a morte. Para Pedro, quando uma pessoa procura uma religião (uma igreja) – ela procura uma religião (ou uma igreja) que vai fazer algo por ela. Os templos ficam cheios de gente, se a religião consegue falar e atender aos interesses das pessoas. É o desejo por receber algo de Deus que faz com que alguns templos sejam mais frequentados que outros.

Além disso, Jesus estava começando o seu movimento. E Pedro adverte a Jesus que começar falando dos problemas – não é uma boa estratégia para o sucesso do seu movimento.
E o que Jesus responde a Pedro?
Ele diz: É verdade. Desculpa ai, Pedro, você tem razão. Comecei mal. Eu me empolguei e falei sem pensar.
Foi isso que Jesus disse?

Não!
Ele diz justamente o contrário. Ele virou-se para Pedro e disse: Saia da minha frente, Satanás! Você está pensando como um ser humano pensa e não como Deus pensa. (v.33). E então Jesus diz que se alguém quer ser seu seguidor precisa deixar-se transformar, precisa colocar em segundo plano seus interesses individuais. Em primeiro plano deve estar a vontade de Deus.

Jesus propõem um tipo de vida que tem um único mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao seu próximo como a si mesmo. Para Jesus quem ama também assume um compromisso. E Jesus é bem radical no amor. Quem ama entende que dizer sim para Deus implica algumas vezes dizer não para si mesmo, isso é, às vezes é preciso colocar em segundo plano os seus pensamentos, os seus interesses e estar disposto a suportar e aguentar firme as contrariedades que a radicalidade do amor nos traz.

Portanto, Jesus nos traz hoje uma nova perspectiva. Somente quem é solidário é que consegue ser feliz. Somente o amor e a solidariedade dão verdadeiro sentido a nossa vida. E Deus quer fazer que nossa vida seja útil para alguém.

Jesus começa os seus ensinamentos dizendo muito claramente: Para ser seguidor de Jesus é preciso deixar-se transformar. Se nós cuidamos dos outros e da criação de Deus, Deus vai cuidar de nós. Jesus diz que nós nem precisaremos pedir nada para nós mesmos. Assim como as aves do céu, assim como os lírios do campo, Deus sabe o que nós precisamoso – Deus sabe o que nos faz falta – e a seu tempo – “nada nos faltará”.

Martin Lutero dizia que ali onde está o teu coração, ali também está o teu deus (num comentário sobre Mt 6.21). Aquilo que for mais importante em sua vida, isso é o teu deus. E o teu vai determinar a tua vida – para melhor ou para pior.

O Evangelho nos convida para que deixemos os valores de Jesus nos transformar em pessoas importantes e necessárias dentro de nossa família, de nossa igreja e de nossa sociedade. E que o amor seja a nossa maneira de pensar e agir. Nunca pela violência, nunca pela arrogância, sempre pelo amor. Essa é a vida que vale a pena ser vivida.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo,.....
Amém.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Paranapanema / Paróquia: Curitiba - Igreja de Cristo
Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 8 / Versículo Inicial: 31 / Versículo Final: 38
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 72363
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Façam todo o possível para juntar a bondade à fé que vocês têm. À bondade, juntem o conhecimento e, ao conhecimento, o domínio próprio. Ao domínio próprio, juntem a perseverança e, à perseverança, a devoção a Deus. A essa devoção, juntem a amizade cristã e, à amizade cristã, juntem o amor.
2Pedro 1.5-7
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