O sentido divino da morte e ressurreição de Jesus

13/04/2018

Conforme o calendário litúrgico da Igreja estamos no período pós Páscoa. É um tempo em que a igreja nos convida a refletirmos sobre o mistério e o sentido divino e redentor que envolve a morte e a ressurreição de Jesus. Convido você a me acompanhar nessa reflexão.

O Novo Testamento nos diz que depois de ressuscitado, Jesus fez várias aparições, em diferentes lugares e a diferentes pessoas (1Co 15.3-8). O texto de Lucas 24.36b-48 conta que, enquanto os discípulos de Emaús estavam contando que tinham visto Jesus ressuscitado, ele apareceu corporalmente aos onze discípulos e os saudou desejando a paz. Eles não reconheceram Jesus. Ficaram assustados e com muito medo. Pensaram que era um espírito/fantasma. Um sinal de que não eram ingênuos na fé e de que usavam o senso crítico. Não queriam ser iludidos e enganados. Isso serve de lição para nós.

Jesus percebeu que os discípulos ficaram surpresos e perturbados com a sua aparição. Não esperavam por isso. Então procurou acalmá-los e consolá-los. Perguntou a eles: “Porque estão tão assustados? Qual é o motivo? Porque há tantas dúvidas na cabeça de vocês? Sou eu! Vejam os marcas físicas da cruz nas minhas mãos e nos meus pés. Toquem em mim, apalpem minhas mãos e meus pés e verifiquem com os olhos e as mãos os sinais da minha ressurreição corporal.” As marcas no corpo de Jesus eram sinais que comprovavam a sua ressurreição e a vitória sobre o poder da morte. Também sinais do amor de Jesus que se doou e se entregou sem restrições para morrer na cruz por cada um de nós.

Agora, os discípulos estavam diante de um desafio e de uma oportunidade ímpar de viver uma profunda experiência de fé. O texto não diz se os discípulos tocaram em Jesus. Apenas diz que eles estavam muito alegres e admirados em ver Jesus e que não conseguiam entender e acreditar como ele estava vivo. E porque não acreditaram? Porque era bom demais para ser verdade. Tinham medo de serem enganados e ficarem frustrados como ficaram quando ele morreu.

Jesus então usou uma segunda estratégia para ajudá-los a crer nele. Mostrou uma segunda prova material de que estava vivo. Uma prova mais convincente e definitiva. Jesus pediu algo para comer e os discípulos lhe deram um pedaço de peixe assado e ele comeu na presença deles. Assim, deu mais um sinal de que era uma pessoa real e humana e não um fantasma.

Por fim, Jesus conversou com os discípulos e explicou a sua morte e ressurreição a partir do que estava escrito em toda a Escritura (Antigo Testamento) sobre o Messias. Como mestre do saber divino, Jesus os ensinou a ler e interpretar as Escrituras a partir do seu olhar. Aliás, é assim que os cristãos leem e interpretam a Bíblia. Sempre na perspectiva de Cristo. Como dizia Lutero, Jesus é o centro da Bíblia e o critério para sua interpretação.

Jesus disse que os livros da Lei, os profetas e os Salmos (três divisões da Bíblia Hebraica) falam que o Messias iria morrer e ressuscitar dentre os mortos e que em seu nome seria pregado a todas as nações a mensagem do arrependimento para perdão dos pecados.

Conforme o texto, a aparição de Jesus, os sinais da sua ressurreição e a conversa que teve com os discípulos iluminou e abriu a mente deles, limitada pela racionalidade. Esclareceu suas dúvidas e eles finalmente conseguiram crer em Jesus. Graças a ajuda de Jesus, a sua paciência e ao tempo que dedicou, os onze discípulos tiveram uma aula de Bíblia e de fé e entenderam o sentido divino e espiritual da sua morte e ressurreição. O medo e a dúvida se transformou em fé, em certeza e entendimento espiritual.

A partir disso, Jesus confiou a eles a tarefa de dar testemunho da sua morte e ressureição. Eles eram pra falar que, a partir da sua morte e ressurreição, a graça do perdão dos pecados e da salvação estava disponível a todas as pessoas por meio de Cristo. Eram pra dizer que, por causa da ressurreição de Jesus, a morte não é mais o fim da história do ser humano. A partir de Cristo existe a ressurreição e a vida eterna.

Queridos amigos! Os discípulos tiveram muita dificuldade de compreender e de acreditar no mistério da morte e da ressurreição de Jesus. Nós também temos dificuldade e resistências. Jesus sabe disso. Por isso ele se dispõe a vir ao nosso encontro e nos ajudar, nos dar o dom da fé (Ef 2.8). Jesus faz isso de diferentes maneiras. Principalmente por meio do Espírito Santo, da Palavra de Deus contida na Bíblia e do sacramento do batismo e da Santa Ceia. Faz isso através da pregação e do testemunho que ouvimos a seu respeito (Rm 10.17). Faz isso por meio das experiências de fé que pessoas compartilham conosco.

Graças a ação de Jesus, os discípulos receberam o dom da fé, creram em Jesus e se tornaram suas testemunhas. Jesus deseja que o mesmo aconteça com cada um de nós. Isso faz toda a diferença na nossa vida. Quando cremos em Jesus, Deus nos dá o perdão dos pecados e a vida eterna, ilumina a nossa vida, nos dá um novo entendimento. Um novo conteúdo, sentido e direção para a vida. Faz com que vivamos a vida na perspectiva divina, da ressurreição e da eternidade. Faz com que a nossa esperança não se limite só a vida neste mundo. Isso é maravilhoso. Isso é bom demais e precisa ser compartilhado com todas as pessoas. Deus deseja e quer proporcionar a graça da salvação a todas as pessoas, e pra isso ele conta conosco como testemunhas de Jesus. Pede que com palavras e gestos concretos compartilhemos com as pessoas a boa nova da salvação em Cristo. Na medida em que fizermos isso, a morte e a ressurreição de Cristo cumprirá o seu propósito e evidenciará que não foi em vão. Pessoas irão crer em Jesus e passar a viver a maravilhosa graça da salvação eterna. Que assim seja! Amém!
 

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