I Pedro 3. 18-22 (NVI) - Pois também Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus. Ele foi morto no corpo, mas vivificado pelo Espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão que há muito tempo desobedeceram, quando Deus esperava pacientemente nos dias de Noé, enquanto a arca era construída. Nela apenas algumas pessoas, a saber, oito, foram salvas por meio da água, e isso é representado pelo batismo que agora também salva vocês — não a remoção da sujeira do corpo, mas o compromisso de uma boa consciência diante de Deus — por meio da ressurreição de Jesus Cristo, que subiu aos céus e está à direita de Deus; a ele estão sujeitos anjos, autoridades e poderes.
Prezada Comunidade!
Estava eu fazendo uma busca no verbete “Pedro” nos textos do Novo Testamento através do Ctrl>F. Como sabia que minha procura deveria se concentrar mais no final da Bíblia, fui passando rapidamente as mais de cento e cinquenta vezes em que o nome aparece nos Evangelhos e no livro dos Atos dos Apóstolos quando, de repente, leio “Paulo repreende Pedro” e a próxima referência pulou para o título “1ª Epístola de Pedro”.
O que Paulo precisou falar? “... quando Pedro veio para Antioquia da Síria, eu fiquei contra ele em público porque ele estava completamente errado. Quando vi que eles não estavam agindo direito, de acordo com a verdade do evangelho, eu disse a Pedro na presença de todos: ‘Você é judeu, mas não está vivendo como judeu e sim como não judeu. Então, como é que você quer obrigar os não judeus a viverem como judeus?’ Mas sabemos que todos são aceitos por Deus somente pela fé em Jesus Cristo e não por fazerem o que a lei manda. Assim nós também temos crido em Cristo Jesus a fim de sermos aceitos por Deus pela nossa fé em Cristo e não por fazermos o que a lei manda. Pois ninguém é aceito por Deus por fazer o que a lei manda.” Gálatas 2.11, 14, 16 NTLH
Ou seja: Paulo calou Pedro.
Pedro é, neste sentido, um sofredor que tem algo a nos dizer a respeito de outro sofredor: Cristo Jesus. Embora tenha sido calado pelo apóstolo Paulo Pedro tinha granjeado uma grande admiração entre os cristãos de Roma, onde provavelmente foi martirizado. É para esta comunidade - e outras da diáspora - que esta epístola (em nome de Pedro!?) é destinada. E Pedro é, como sempre, muito prático: diz que Jesus Cristo é a pedra viva da Igreja e que todos nós estamos incluídos nesta edificação. – À medida que se aproximam dele, a pedra viva — rejeitada pelos homens, mas escolhida por Deus e preciosa para ele — vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo. (1 Pedro 2.4s)
Cristo nos leva ao lar
Se nós sofremos, Cristo sofreu muito mais!
Sejamos honestos, nem sempre palavras assim realmente servem de consolo.
Com estas palavras Pedro não quer nos consolar de nossos sofrimentos do cotidiano. Ele vai além. Ele fala de salvação, a salvação eterna.
O nosso sofrimento, nossas agruras, a morte ao redor de nós e a morte dentro de nós para nada servem – a não ser para mostrar que somos passageiros aqui. O sofrimento de Cristo, seu sacrifício por nós, este sim tem valor – abre a porta de acesso ao amor eterno do Pai.
Cristo resgata
Aqui fica claro que Jesus também se ocupa com os que morreram ignorando Aquele que se denomina Caminho, Verdade e Vida. Anuncia a Sua graça inclusive aos que assim morreram. É o caminho da graça que nós, muitas vezes, não queremos admitir. É o caminho da graça que Pedro não quis admitir motivando a severa repreensão de Paulo. Nos fazemos de difíceis e não anunciamos o Evangelho por medo de sermos menosprezados ou até mesmo rejeitados. Ou nos fazemos de arrogantes pensando que somente nós estamos certos no jeito de viver nossa fé e no nosso jeito de lutar pelas nossas convicções. “— não a remoção da sujeira do corpo, mas o compromisso de uma boa consciência diante de Deus — “ (v.21) Espíritos em prisão também podem ser resgatados!
Cristo nos leva através da vida
Nossa vida pode ser comparada, em muitos momentos, a um dilúvio de problemas que nos assolam. Parece que quando vem, vem tudo de uma só vez. èpocas como esta que vivemos nos fazem sentir inseguros, com medo, desconfiados de tudo e de todos.
Somos constantemente confrontados com problemas sérios em nossa sofrida e combalida Cidade Maravilhosa. Autoridades inertes e ausentes deixam a sensação de que não estão nem aí para a população, especialmente a que mais sofre. O cinismo com que estas autoridades dão declarações oficiais é, simplesmente, aterrador. E aqueles outros que, de última hora, têm as mãos cheias de pedras para jogar e a boca escancarada falando absurdos com o objetivo de ter um espaço na mídia, chegam a ser ignorantes e prepotentes.
Nosso texto é instigador em vários sentidos. Fala de nosso compromisso pessoal como batizados no Senhor quando diz claramente que o batismo nos salva ou resgata das águas barrentas do pecado. Somos pessoas que agem diferente porque temos fé em Cristo Jesus. Dependemos da sua graça e não das nossas capacidades. Somos outros porque aceitamos que Jesus dirija nossos passos, clareie as nossas decisões. Sim, o batismo é a salvação de cada pessoa que aceita em Jesus a obra completa da redenção de Deus. Preciosa é esta graça salvadora de Jesus.
O texto em análise termina dizendo que Jesus “subiu aos céus e está à direita de Deus; a ele estão sujeitos anjos, autoridades e poderes.” Todas as espécies de poderes que agem contra a justiça e a graça de Jesus – isto significa poderes espirituais ou seres humanos que se empoderam e agem de forma sórdida sobre seus semelhantes – tudo está debaixo do poder gracioso de Cristo.
Conclusão
Me desculpe, querida comunidade, mas não posso me calar sobre algo que está ocorrendo nestes dias: na única vez que tive a oportunidade de estar com o prefeito do Rio de Janeiro, ele falou que se sente como alguém levado ao sacrifício. Acho que estava buscando ser adulado. Precisa ele demonstrar sua sabujice? Estar ausente do comando da cidade em momentos importantes não é sacrifício. Nem estou me referindo à chuvarada. Me refiro à sua ausência na maior festa popular do planeta e tudo o que traz como consequências numa cidade em crise. Ausência é sinal de descompromisso!
Jesus, sim, sofreu o sacrifício. E ele não buscou lisonjas para si pelo seu ato de amor e renúncia. Amigas e amigos, se estamos desesperadamente atrás de bons exemplos, de pessoas dispostas a abrir mão de seu status para serem aqueles que nos inspiram para a vida, olhemos para Jesus.
A quem seguimos? A quem nos subordinamos? (A pergunta também vale na avaliação de nossos líderes espirituais.)
Pensemos nisso!
Amém!