O retorno para a casa do Pai

15/03/2010


Estamos na Quaresma, tempo de oração, meditação, tempo no qual a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe. Tempo de compaixão, da misericórdia, da aproximação do Senhor, da procura de Deus e do seu perdão. Perdão, palavra esquecida por muitas famílias em várias situações, esquecida por muitos cristãos. Quando criança ouvi varas vezes de minha avó materna; “perdoar é divino minha neta, guardar mágoa é humano”. Olhando para a mensagem de Jesus, percebemos o que conta, é a reviravolta do coração ( Mt 18.3) e o esforço contínuo de buscar o amor de Deus e a sua justiça (Mt 6.33). O pastor que larga as 99 ovelhas e sai em busca de uma que está perdida, machucada, que necessita de cuidado, amparo, proteção e perdão.(Lc 15.4). A resposta a esta graça maravilhosa de nosso bondoso Deus aparece em nosso texto, a parábola do filho pródigo que evidencia a misericórdia do Pai, areconciliação, independente de circunstâncias. Jesus tem com pecadores atitude de acolhimento e de cuidado. Uma atitude que desperta mudança de vida, conversão e libertação.

Mais de dois mil anos passaram e a parábola se repete nas melhores famílias, um filho jovem que pede sua herança antecipadamente ao pai e cai no mundo,longe de casa, experimenta todos os prazeres, noites de farra com “amigos”, muita festa, show, drogas e até mesmo prostituição. Uma herança mal administrada acaba rápido, o jovem não tem mais como promover festas e banquetes, ele se vê só, não resta nenhum amigo. Naquele país onde está acontece uma grande crise, ele começa a passar necessidade. Ele procura um fazendeiro e pede ajuda, ele o envia para uma fazenda a fim de tratar dos porcos. Passa fome e não tem o que comer, tinha vontade de comer do que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada. Ele caiu em si, lembra que os trabalhadores na fazenda de seu pai, tem comida de sobra e eu aqui passando fome!Vou voltar para a casa de meu pai e dizer: Pai, pequei contra Deus e contra o Senhor e não mereço mais ser chamado de seu filho. Me aceite como um de seus trabalhadores. Então ele saiu dali e voltou para a casa do pai.

O filho estava longe ainda, o pai com compaixão o avistou, correu ao seu encontro, o abraçou e beijou. Mandou preparar uma banquete, para festejar o retorno do filho que estava perdido. Mas o irmão mais velho, ao voltar do trabalho, ouve a festa, a alegria da família, fica ao longe, revoltado, não aceita a atitude reconciliadora do pai. O pai conversa com ele, ele murmura, atira o pecado do irmão na cara do pai,fala dos anos de trabalho junto dele. O pai responde: “ Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. Entretanto era preciso que nos alegrássemos, porque teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.”

Faço uma pergunta a mim mesma enquanto escrevo esta mensagem, com qual dos personagens me identifico? Com o jovem que pede herança cai no mundo, mas se arrepende e volta para casa? Com o irmão mais velho que passou a vida toda ao lado do pai, mas não o fez por amor e respeito, o fez por obrigação e constrangimento? Se o tivesse feito por amor, perdoaria o irmão e se alegraria por seu retorno. Com o fazendeiro que explorava seus empregados e não lhes dava nem o que comer? Ou com o pai que perdoa, ama, corre ao encontro do filho mais jovem?

Atualmente, muitas famílias ficam anos sem se falar, por motivos diversos, alguma dificuldade de relacionamento, uma partilha de herança. Nosso tempo aqui com nossos entes queridos é muito curto, cada dia que Deus acrescenta em nossa vida é um presente, o dia de ontem é passado, não pode ser mudado, o futuro pertence a Deus. Entretanto, Ele te dá liberdade para fazer escolhas. O pai da parábola tem um coração cheio de compaixão, o filho mais jovem reconhece seus erros, e aconchegasse nos braços carinhosos do pai. Fiz uma pergunta, a resposta está no coração de cada um de nós, reflito,reflito e chego à seguinte constatação: aqui neste mundo não existe família perfeita, não existe Igreja perfeita, não existe alguém que não cometa erros. Vivemos diariamente da graça, do perdão e da misericórdia de Deus. Viver do amor de Deus , é perdoar, é amar, é recomeçar diariamente, sem olhar para trás, é confessar o Senhor Jesus como redentor e salvador. Que o Senhor abençoe seu lar, sua família, seus amados familiares. Um forte abraço em Cristo.

Pa Jaqueline Michel Piazza
Getúlio Vargas - RS


Autor(a): Sínodo Planalto Rio-grandense
Âmbito: IECLB / Sinodo: Planalto Rio-Grandense
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7960
REDE DE RECURSOS
+
Mal tenho começado a crer. Em coisas de fé, vou ter que ser aprendiz até morrer.
Martim Lutero
© Copyright 2024 - Todos os Direitos Reservados - IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - Portal Luteranos - www.luteranos.com.br