O que fazer diante das provocações?

16/12/2017

João 1. 19-28

João Batista dá início ao cumprimento das esperanças messiânicas. Mas ele já vai alertando: Aquele que virá já está presente – mas está oculto (v.26). Ele não é visto pelas pessoas, que só procuram a Deus em benefício próprio. As pessoas querem um salvador que se possa medir por valores humanos: O mais forte, o mais poderoso, o mais famoso, etc... João Batista alerta: Deus já está presente nesse mundo – não mora nos templos – mas está presente na vida das pessoas, se manifesta na humildade dos pequenos gestos e nos gestos dos pequenos. João Batista fala de um Deus que não está dentro de um templo, mas de um Deus que está convivendo com as pessoas.

No primeiro século da era cristã, o exército romano dominava a Palestina. A situação política era perigosa para qualquer pessoa ou grupo que contestasse a dominação romana. As lideranças judaicas haviam feito alianças com os romanos e muitas vezes denunciavam opositores aos romanos. A classe governante de Israel vivia uma vida escandalosa, como foi denunciado pelo próprio João Batista. Até mesmo os sacerdotes do templo estavam mais preocupados com seus próprios interesses do que em animar a fé do povo. Por isso, a espiritualidade das pessoas foi esfriando aos poucos e muitos deixaram de praticar sua fé.

Nesse contexto surge João Batista. Ele é filho de um ex-sacerdote do templo, que renunciou os seus privilégios como sacerdote do templo.
O que se sabe de João Batista é que ele viveu muitos anos no deserto. Sua vida era muito austera. Dormia em cavernas, se vestia com peles de camelo, - ao estilo dos velhos profetas - e se alimentava de insetos e de mel. João Batista não fazia milagres, não realizava curas, aliás ele não trouxe a solução para os problemas de ninguém. No entanto, sua voz chamou a atenção das pessoas. Ele falava duro, chamando as pessoas a mudar de vida – isso é abandonar a indiferença religiosa e política. Ele dizia que o juízo de Deus estava perto e que Deus vai descer do céu para castigar todas as pessoas que não se arrependerem de seus pecados.

No tempo de João Batista, a religião oficial dizia que para pedir perdão pelos pecados era necessário oferecer um sacrifício no templo. Os mais pobres ofereciam pequenos animais, como as pombas. Mas João Batista não pede nada disso. Ele nem mesmo dizia que as pessoas devessem ir ao templo. Para mostrar o arrependimento bastava com lavar-se ali nas águas do Rio Jordão, que ele chamou de batismo e para viver a nova vida era necessário fazer o bem aos outros. A religiosidade que João Batista propôs era que cada pessoa voltasse para o lugar de onde veio e ali começasse a fazer o bem para outras pessoas.

Esse João Batista chamou a atenção de muitas pessoas. Muitos jovens que já haviam perdido a fé voltaram a encontrar-se com Deus. Ele também chamou a atenção do jovem galileu chamado Jesus de Nazaré, que viajou mais de 100km até o vale do Rio Jordão para ouvir o profeta do deserto. E a mensagem de João Batista era clara:
a) Deus virá para castigar as pessoas e o fim da história está próximo;
b) o povo de Israel e as lideranças se desviaram de Deus e agora corre o perigo de ser castigado pelo fogo do juízo de Deus;
c) para escapar do castigo de Deus era preciso mudar de atitudes, deixar-se batizar e fazer o bem a todas as pessoas.
Nós sabemos que o próprio Jesus aceitou esse desafio de mudar radicalmente de vida, deixou-se batizar e começou a seguir o grupo de João Batista no deserto e a fazer o bem as pessoas.

Mas, esse João Batista chamou também a atenção das autoridades. Os líderes dos judeus achavam isso bastante estranho. Por isso mandaram alguns sacerdotes e levitas para que investigassem esse João Batista. Quem ele era, de onde vinha, a que grupo pertencia? É sempre assim: Para atacar alguém é preciso identificar essa pessoa com um grupo, com um partido, com uma religião, com um movimento. Mas João Batista rechaça qualquer identificação. Ele não é de nenhum grupo. Ele diz que ele é um João Ninguém, alguém que veio somente para preparar o caminho, é dar testemunho daquele que virá.
Esse que João Batista está anunciando, esse sim é importante. É alguém que ele não merece nem mesmo amarrar as correias de suas sandálias. É alguém do qual a sua mãe Maria falou assim:
Deus está levantando a sua mão poderosa e vai derrotar os orgulhosos com todos os planos deles. Vai derrubar dos seus tronos reis poderosos e colocar os humildes em altas posições. Vai proporcionar fartura aos que tem fome mandará os arrogantes embora de mão vazias. (Lucas 1.42-53)

Enquanto esse novo mundo não chega, João Batista pedia: Mudem de vida agora, não se deixem enganar por governantes ou por grupos religiosos que falam de sacrifícios, mas que não aplicam isso em suas próprias vidas. O que agrada a Deus – diz João batista – é quando você pensa nos outros, quando você faz o bem lá onde Deus te colocou. Essa é a maneira de servir a Deus.

Vejam: a mensagem é muito simples. Se você quer agradar a Deus, faça o bem as pessoas que estão perto de você. Os sacerdotes e levitas que foram enviados para investigar a João Batista não podiam entender isso. Deve ter algo por trás desse João Batista. Ele deve estar querendo fazer o seu nome, deve ser representante de algum partido, deve estar criando uma nova religião. E como João Batista reagiu as desconfianças dos investigadores? Ele aceitou as provocações dos sacerdotes e levitas? Ele simplesmente rejeitou a identificação com qualquer grupo.

Talvez com isso João Batista nos está oferecendo um bom conselho para esse tempo de Natal e Ano Novo. Em nossa sociedade intolerante, o tempo de Natal e Anovo Novo é um encontro de famílias e amigos. As grandes divergências de opinião, as diferenças posições políticas estão presentes em nossas famílias. Mas, assim como João Batista não aceitemos as provocações, não compremos as propostas de brigas dos outros, nem tratemos de justificar as atitudes dos outros. O Natal não é para isso. Os debates políticos são necessários para a democracia, mas deixemos isso para o ano de 2018. Agora é tempo de fazer o bem.

Conta-se que no ano de 1914 – em plena I Guerra Mundial – aconteceu a Trégua de Natal (em inglês, Christmas truce; em alemão, Weihnachtsfrieden) entre os exércitos britânicos e alemães na região hoje pertencente a Bélgica. Durante a semana que antecedeu o Natal, soldados alemães e britânicos trocaram saudações festivas e canções entre suas trincheiras; Eles chegaram a trocar presentes com os seus inimigos. Na véspera de Natal e no Dia de Natal, muitos soldados de ambos os lados - bem como, unidades francesas ainda que em menor número - se aventuraram na terra de ninguém, onde se encontraram, trocaram alimentos e presentes, e entoaram cantos natalinos ao longo de diversos encontros. As tropas de ambos os lados também foram amigáveis o suficiente para jogarem partidas de futebol. Isso é um fato histórico.

Portanto, também nós hoje podemos dar uma trégua em nossas batalhas. Não nos desgastemos com discussões. Nesse tempo de Natal e Ano Novo é melhor que você demonstre atitudes de solidariedade, seja generoso com os outros, mostre que você é capaz de fazer coisas boas por causa da sua fé em Deus e por gratidão a Deus.

Leve para sua vida essas orientações:
O primeiro a se desculpar é sempre o mais corajoso. O primeiro a perdoar é sempre o mais forte. O primeiro a esquecer é sempre o mais feliz. Fiquemos tranquilos, pois, aquele que há de vir, já está no nosso meio. Ele apenas está oculto, mas logo, logo se revelará!

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do Espírito Santo, estejam com você. Amém
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo do Natal
Testamento: Novo / Livro: João / Capitulo: 1 / Versículo Inicial: 19 / Versículo Final: 28
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 45418
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Arrisco e coloco a minha confiança somente no único Deus, invisível e incompreensível, o que criou o céu e a terra.
Martim Lutero
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