O presente da Bisa

01/12/1999

O presente da Bisa

• Walli Dreher •

Toca a sineta. Os alunos saem correndo das salas. Ana, atordoada, procura seu irmão e logo lhe lembra:

— Rápido, Paulinho, hoje vamos ao aniversário da bisa!

Os dois saem pulando de alegria... Eles gostam muito da bisa. Ela é amiga de verdade, sempre está do lado das crianças. No caminho, os dois vão recordando:

— Lembra, Ana, quando quebramos aquela orquídea do vovô?

— E como o vovô ficou brabo!

— É, mas a bisa não.

— Ela até nos escondeu embaixo do seu avental!

Viajando de carro, logo, logo, todos estavam na cada da bisavó. Num cantinho da varanda, lá estava ela, sentada em sua cadeira de balanço. Pra lá e pra cá, balançava aquele ar de sossego, de tranquilidade... Seu sorriso escondia as rugas da face.

— Parabéns, bisa, um beijo para ti!

— Um abraço bem apertado!

Bisavó Augusta não gostava que se desejasse a ela muitos anos de vida. Ela dizia que Deus já tinha dado este presente a ela. Suas vistas já estavam há muito tempo cansadas. Suas mãos eram seus olhos. Ela apalpava um a um, o rosto, os cabelos... E assim reconhecia todos.

E chegou a hora do café. Ana olhou para aquele bolo de aniversário e arregalou os olhos.

— Quantas velas!

O fogo de uma entortava as outras. Vovó tinha colocado noventa velas cor-de-rosa! E Ana pensou: A vovó acertou, a bisa é uma menina, sim. Mas uma menina bem sapeca...

E nisso ela tinha razão. Por trás daquele bolo de tantas luzes, o rosto da bisa se abria num sol. Ela nem dava conta de rir e de assoprar. Ana e Paulinho até ajudaram a assoprar as tantas velas de aniversário.

Mas este foi o último aniversário da bisa. Um dia antes do Natal, bisavó Augusta adormeceu. Ela tinha ficado doente, estava muito fraca e, por fim, descansou. Foi um dia muito triste para todos.

Ana e Paulinho levaram flores para ela. Só olharam de longe. Ela dormia toda enfeitada. Mas guardava seu sorriso de sempre.

Na noite de Natal, papai explicou:

— Bisavó Augusta sempre trouxe alegria para todos nós. Ela certamente quer ver nossas velas acesas no pinheiro.

E assim foi feito. Depois, todos abriram seus presentes. Mas as lágrimas de mamãe eram teimosas. Rolavam-se pela face. Então Paulinho deu um abraço nela e a consolou:

— Mamãe, a bisa também ganhou um presente de Natal. Lá no céu, Jesus deu a ela um par de olhos novos.

Todos se entreolharam. E papai confirmou:

— Realmente, Jesus deu o melhor presente para a bisavó. Ela ganhou olhos que enxergam tudo novo.

E este foi o melhor presente de Natal para todos eles.


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Autor(a): Walli Dreher
Âmbito: IECLB
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo do Natal
Título da publicação: Anuário Evangélico - 2000 / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1999
Natureza do Texto: Vários
Perfil do Texto: Conto
ID: 33086
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O maior erro que se pode cometer na cristandade é não zelar corretamente pelas crianças, pois, se queremos que a cristandade tenha um futuro, então, precisamos preocupar-nos com as crianças.
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