O pastor alemão e o coelho

01/12/1999

O pastor alemão e o coelho

Seu Gustavo era funcionário de um banco. Por isso era transferido a cada dois anos. Foi assim que ele chegou a morar ao lado do seu Geraldo. Ficaram vizinhos. As crianças logo fizeram amizade. Já estavam assim a quase um ano, quando as crianças resolveram pedir um bicho de estimação. O seu Gustavo foi logo avisando que um animal muito grande não era possível, por causa da sua profissão que os obrigava a fazer constantes mudanças. Foi assim que as crianças do seu Gustavo escolheram um coelhinho. O seu Geraldo gostava de cachorros. E por isso, influenciou as suas crianças que o melhor amigo é um cachorro. Foram na loja de animais e voltaram com um filhote de pastor alemão. À noite, os dois vizinhos combinaram tomar um cerveja, enquanto as crianças brincavam com seus animaizinhos.

— Mas ele vai comer o meu coelho, disse seu Gustavo.

— De jeito nenhum, respondeu seu Geraldo. Imagina. O meu pastor é filhote. Vão crescer juntos, pegar amizade. Eu entendo de bicho. Não tem problema nenhum.

E parece que o dono do cachorro tinha razão. Os dois cresceram juntos e assim como as famílias, também os animais ficaram amigos.

O feriadão estava chegando e a família do bancário havia combinado ir para a praia. Foram cedinho, antes de amanhecer, numa sexta-feira. No domingo, à tardinha, o dono do cachorro e a família tomavam chimarrão na sacada, quando vêem o pastor alemão se aproximando. Todos arregalaram os olhos. Trazia o coelho entre os dentes, arrebentado, sujo de terra e, é claro, morto. Todos correram ao encontro do cachorro e com gritos e vassouradas quase mataram o cachorro.

— O vizinho estava certo... E agora, meu Deus?

Não se sabe exatamente de quem foi a idéia, mas era infalível. Como o coelho não estava muito estraçalhado, resolveram dar um banho no coelho, deixaram ele bem limpinho. Por fim, colocaram o animalzinho na casinha dele, lá no quintal.

— Ele parece que está vivo, diziam as crianças.

Umas três horas depois, chega o pessoal da praia. De repente, eles notaram o alarido e os gritos das crianças. Descobriram! Não deu um minuto e o dono do coelho veio bater na porta do seu Geraldo. Estava branco, frio, assustado. Parecia que tinha visto um fantasma.

— O coelho... o coelho...

— O que que tem o coelho?

— Morreu!

— Morreu???

— Morreu na sexta-feira!

— Na sexta??

— É! Foi antes de a gente viajar. As crianças o enterraram no fundo do quintal! Agora ao chegar em casa, lá está ele, de volta na sua casinha.

A história termina aqui. Os adultos e as crianças provavelmente vão se entender. Mas o cachorro, como ele está se sentido? Desde sexta-feira, procurava em vão pelo amigo de infância, o coelho. Depois de muito farejar descobre o corpo. Morto. Enterrado. O que faz ele? Provavelmente com o coração partido, desenterra o pobrezinho e vai mostrar para os seus donos. O ser humano, sim, nós mesmos, muitas vezes cometemos grandes injustiças porque não pensamos duas vezes.


História recontada por Nilson Giese


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Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Anuário Evangélico - 2000 / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1999
Natureza do Texto: Vários
Perfil do Texto: Crônica
ID: 33098
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