O menino e os pregos

02/05/2003

 

Pessoas magoam-se diariamente. Algumas magoam outras pelo simples prazer de exercitar a sua autoridade travestida de autoritarismo, ou porque querem impor seu jeito de ver a vida... E não percebem que muitas vezes o seu é um jeito caolho. O poeta Carlos Drummond de Andrade tem razão: ninguém possui a verdade inteira. Temos, cada um, uma parte da verdade, mesmo achando que a temos por inteiro. Para pensarmos duas vezes (ou mais...) antes de magoar alguém, quero compartilhar uma história:

Era uma vez um menino que tinha sempre razão. O pai deu-lhe um saco de pregos e disse que, para cada vez que perdesse a calma, o filho deveria pregar um prego na cerca de madeira que rodeava a casa.

No primeiro dia, o menino pregou 17. Nas semanas seguintes, como ele aprendeu a controlar seu temperamento, o número de pregos na cerca diminuiu gradativamente...

Ele descobriu que era mais fácil se segurar do que martelar pregos. Finalmente chegou o dia que o menino não perdeu a calma em nenhum momento. Contando a novidade a seu pai, recebeu uma segunda tarefa: deveria tirar da cerca um prego por cada dia em que não perdesse a calma. Os dias se passaram e o menino, então, estava finalmente pronto para dizer a seu pai que tinha retirado todos os pregos da cerca.

O pai o pegou pela mão e levou até a cerca: Você fez muito bem, meu filho, mas, veja só os buracos que restaram na cerca. Ela nunca mais será a mesma! Quando você fala algumas coisas com raiva, elas deixam cicatrizes como estas.Você pode enfiar a faca em alguém e retirá-la. Não importa quantas vezes você peça desculpa, a ferida ainda esta lá. Um ferimento verbal é a mesma coisa que um ferimento físico.

Que Deus nos ajude a lembrar que nosso próximo não é uma cerca na qual podemos descarregar nossa mágoa e ferir enterrando pregos.

Pª  Vera Cristina Weissheimer
 


Autor(a): Pª Vera Cristina Weissheimer
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8126
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