Fazer pipas é uma arte espirituosa, pois, inicia-se com uma cruz. Quatro palitos unem as pontas da cruz. Depois, coloca-se o papel resistente e o barbante. Enfeites a gosto, coloridos, refinados ou rústicos, dão brilho especial. A pipa está pronta para voar pelos céus, vista no horizonte, sustentada pela estrutura em forma de cruz e guiada pelo artífice que permanece no chão. A pipa ganha altura. Mas, em seu voou, está segura, no chão, nas mãos habilidosas do artífice. O barbante sustenta a liberdade do vôo.
Há poucos dias, observei um menino, em campo aberto, no mirante da chapada, soltando pipas. Havia aquela alegria e diálogo silencioso entre o menino, a pipa e o vento! O menino faz a diferença para a pipa. A pipa faz a diferença para o menino. Os dois estão ali, numa cumplicidade completa. E ambos fazem a festa. Um não se realiza sem o outro. Enquanto isso, os ratos do cerrado corriam, medrosos e espantados pela alegria do menino e da pipa. Ali, lembrei-me do Natal. Semelhança fantástica!
No Natal, o menino nasce. “Seu nome será Emannuel, Deus conosco”. É assim que o anjo anuncia o nascimento do menino. Ele vem “dos altos céus” para viver conosco. Mas não é de um jeito natural, segundo a idéia de cada um, preso em sua maneira de ser. Sua presença e vida entre nós fazem diferença. Sua presença faz a humanidade voar, sonhar, ter horizontes, ter esperança, fé e amor.
Na sua presença e ação em meio à humanidade, estamos sendo transformados de ratos em pipas. Sem Emannuel, somos como ratos que vivem nos lixões, escravizados pelo medo dos gatos, dos meninos e das meninas, presos nas ratoeiras dos habitantes dos palácios e mortos pelo veneno misturado à comida saborosa. Com Emannuel, somos como pipas. Voamos pelos horizontes, como pássaros, mas estamos em terra firme na mão do Senhor que conduz nosso voou, guiando-nos barbante da liberdade como uma pipa. A confiança está na Palavra da Cruz do menino que sustenta a nossa estrutura.
Natal é festa, como diz o ditado popular. É festa em família, em comunidade, festa entre amigos e amigas. Mas é certo que o Natal está fundamentado na cruz. Sem a estrutura da cruz que a sustenta, não há pipa. Sem a cruz de Jesus, não há natal, nem meninos e meninas felizes. Sem a Cruz de Jesus Cristo, Natal é só uma bonita festa humana. Como na pipa, o que sustenta o Natal cristão é a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Cruz de Jesus é perdão, reconciliação, cuidado, fortaleza, esperança, vida e libertação.
Já não precisamos mais ser ratos medrosos e escondidos nos lixões. O Emannuel veio e está entre nós. Podemos ser pipas que voam em segurança o voou da liberdade, amparados na mão do Senhor.
Dignidade e felicidade reais são aspectos significativos do Natal. É sonho de ser pipa, voando na confiança do Senhor, fonte da vida e da segurança, que nasceu menino. Deus Pai Criador fez dele o Senhor e Libertador da humanidade. Sua obra reconciliadora, concretizada na cruz e na ressurreição, é em favor de todos os seres e todas as pessoas. O desafio é confiar no Senhor e aceitar voar a real salvação.
P. Teobaldo Witter; twitter@terra.com.br