Jesus, a caminho de Jerusalém (Marcos10.35-45). Nós no caminho da quaresma. Ainda lembramos o quão preciosa é esta época do ano? Tempo de abster-se, de refletir o cotidiano, exercitar mudanças de hábito. Saudade do tempo que se silenciava, não havia bailes, nem músicas agitadas nas rádios. O mundo e as pessoas se aquietavam, deixavam se renovar para vivenciar a ressurreição.
Voltando ao momento de Jesus, seus discípulos o acompanhavam e lhe fizeram um pedido: “Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos uma à tua direita e o outro à tua esquerda” (Mc 10.37). Naquela época já se buscava o favoritismo. Vemos o mundo pelo ângulo da vantagem. Ser amigo deste me levará àquilo. Fazendo isto tirarei proveito daquilo. Ser discípulo de Jesus devia trazer algum proveito, caso ele tomasse o poder vigente da época.
Esse sentimento de tirar vantagem a partir do que a outra pessoa faz ou conquistou é muito forte na humanidade. Alguém já comparou esse jeito de agir com um vírus que entra no ser humano, se instala, enraíza, e só é percebido quando a doença aparece. Doença psicológica, social ou física. Enquanto ela não se manifesta, vivemos o comodismo das falsas vantagens; a ilusão do poder que não é nosso. Vivemos uma baita escravidão.
Jesus, no entanto, apresenta outra proposta para seus discípulos e para nós: a proposta da transformação, da libertação de ambicionar o poder. Ele propõe algo que visa a verdadeira dignidade humana: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.45).
Como servir ao outro ser humano em meio a doenças que contaminaram o mundo da política, da saúde, da vida comunitária? São tantas as ameaças que provocam medo, angústia, ansiedade. E é para dentro desse meio que Jesus vem trazer libertação. Servir, servir com amor, independente do que virá. Servir com a vida abençoada que recebemos a cada dia! Propor-se todas as manhãs ao melhor projeto de vida: Servir e amar!