A virada do ano passou, mas nós continuamos no tempo de Natal. Celebramos que O Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.
Celebramos este culto em nome de Deus, Criador e mantenedor de tudo que existe, em nome de Jesus Cristo, Filho de Deus, nosso Senhor e Salvador e em nome do Espírito de Deus, Santificador e Consolador.
Confissão de pecados
Deus, perdoa-nos ao não reconhecermos Jesus como aquele que tu enviaste ao mundo para trazer a graça e a verdade. Com nossas atitudes e ações, mostramos que não o recebemos em nossos corações. Permite-nos que nos lembremos de que somos teus filhos e tuas filhas porque renascemos para novidade de vida por meio do Batismo. Dá-nos teu Espírito, para que possamos cada dia testemunhar com palavras e gestos aquele que veio para salvar o mundo, Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.
Pregação baseada em João 1.10-18
Ainda estamos no tempo do Natal, mas a magia natalina já passou. Estamos na ressaca do Réveillon, com todas as esperanças colocadas num 2021 que seja melhor do que o ano anterior, que veio com todos os problemas decorrentes da pandemia. As pessoas têm os seus olhos fixos nos que virá, não no que foi.
Querendo ou não, Cristo se fez carne e, a cada ano, nos lembramos no Natal esse fato tão importante. Assim, Cristo sempre foi. O problema são as pessoas que não o querem reconhecer como realmente ele é. Não estamos falando daquelas pessoas que não acreditam em Deus. Falamos daquelas pessoas que normalmente querem lotar as igrejas pelas festas do Natal. Cabe perguntar-lhes o que elas celebraram no último 24 ou 25 de dezembro. Será que realmente fizeram que nem João Batista e testemunharam a vinda de Cristo?
Quero lembrar aqui uma parte do texto “A Gaia Ciência” de Friedrich Nietzsche que diz assim:
Acaso você ouviu falar daquele louco que acendeu uma lanterna nas claras horas da manhã e correu à praça do mercado gritando incessantemente, “Eu procuro Deus! Eu procuro Deus!” Como muitos dos que não acreditam em Deus estavam por lá naquele momento, ele provocou muito riso. “Por que, ele se perdeu?”, disse um. “Terá sido esquecido pelo caminho como uma criança?”, disse outro. “Quem sabe está se escondendo?”, “Será que tem medo de nós?”, “Talvez tenha ido viajar?”, “Ou emigrado?” Assim eles gritavam e riam. O louco pulou no meio deles perfurando-os com seus olhos.
“Aonde foi Deus”, gritou ele. “Eu lhes direi. Nós o matamos – vocês e eu.
... o louco se calou e olhou novamente para os seus ouvintes; e também eles estavam em silêncio olhando-o com estranheza. Finalmente, ele arremessou no chão sua lanterna, que se quebrou e se apagou. “Eu vim cedo demais”, disse ele; “meu tempo ainda não chegou”.
Pensemos de forma positiva. Pensemos como geralmente o fazemos. Nós estamos do lado certo, fazendo sempre as coisas de forma correta. Assim como também as pessoas que celebraram o último Natal. Todos nós cremos e somos pessoas cristãs com plena consciência de quem é Cristo para nós e da sua relação especial com o Pai.
Recebamos a Boa Notícia, aquilo que Cristo nos transmitiu. Sim, podemos crer porque nascemos da vontade divina e podemos nos orgulhar de sermos chamados filhos e filhas de Deus. Para as pessoas cristãs, a chave para conhecer Deus é Cristo. Eis aqui a nossa especificidade diante do mundo religioso. Para nós, “Cristo” é a senha que nos leva a um novo nível no jogo da vida, chegamos à plenitude. Vemos a Deus por meio da glória de Cristo e descobrimos uma forma diferente de viver.
Importante ressaltar que por intermédio de Moisés recebemos a lei; por intermédio de Cristo, graça e verdade. Como pessoas de confissão luterana, encontramos esse duo: lei e evangelho. A lei é dura, cortante. O Evangelho é acolhedor. Muitas vezes, esquecemos que seguimos Cristo, o Logos encarnado, aquele que mostra a real face de Deus. O início do evangelho de João traz uma dimensão que muitas vezes é esquecida no mundo ocidental: a face graciosa de Deus.
A revelação de Deus se dá numa pessoa de carne e osso, uma pessoa concreta e real. Não é fake nem pós-verdade. Não é um meme que circula nas redes sociais. Mas traz muita alegria aos corações que a recebem. É uma notícia libertadora reconhecer que Cristo é aquela pessoa que foi tão humana, que somente podia ser divina. Não é preciso deixar nossa humanidade para seguir a Deus, ao contrário, em nossa humanidade é onde vivemos como pessoas cristãs.
Músicas gravadas com a participação de:
Eder Targino, piano/órgão; Lélia Brazil, flauta; Matheus Wolff, violino; Grupo de Flautas Bom Samaritano