O inverno na praça...

31/07/2008



As crianças do Culto Infantil se debruçaram com afinco pelo tema do ano:

“Velhinhos e velhinhas sentarão nas praças de Jerusalém e as praças ficarão cheias de meninos e meninas brincando” (Zacarias 8.4-5).

Falaram de praças que visitam, que observam. Denunciaram o que, na vida, atrapalha a boa convivência. E construíram bela maquete, como uma utopia – “u-topos” – o lugar que não existe por conta da incompetência humana.

Trouxeram brinquedos prontos para colocar na maquete “praça”. Com ajustes, as crianças experimentaram que sua criatividade renovava a aparência da “praça”. Ora era uma pintura, ora era um corte que revelariam as idéias sobre a praça, sobre a vida. A falta de criatividade nutre a miséria. E a maquete foi fruto de muita criatividade. “Ficou linda!”, “crianças muito criativas” disseram os que observaram.

Lucas 18:16 Jesus, porém, chamando-as para si, disse: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus.

A maquete ficou pronta, elogios foram tecidos, outras atividades foram sendo propostas e a maquete ficou lá, exposta, sem muita interação. Vai ver foi um frio na praça!

1 Pedro 1:24 Porque: Toda a carne é como a erva, e toda a sua glória como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor.

Vieram outras crianças. E como elas não haviam participado da construção da maquete viram aquilo tudo como um conjunto de objetos “brincáveis”, não zelaram pela integridade do “trabalho”.

Aos olhos de quem brincara, brinquedos estragam normalmente. Aos olhos de quem “trabalhara na maquete”, o brinquedo fora desrespeitado. Surgiu a raiva: “não vamos mais construir nada!”; “Não vamos mais nos interessar pela ‘Vida’, estrague-se tudo de uma só vez.”

Salmos 74:6 Eis que toda obra entalhada, eles a despedaçaram a machados e martelos.

Mas a maquete ficou exposta. E a “Esperança”, que lhe dera o nome, foi sendo percebida não mais como sonho individual, mas foi recuperada pelo sonho coletivo: se mais pessoas haviam desejado aquela “praça”, mais pessoas irão enfrentar o que estraga a vida. A alegria de cada criança foi se somando de modo a fazer surgir a alegria coletiva. Brincar não foi o problema, ponderaram, mas ignorar o trabalho coletivo. Outro problema fora as mãos de quem não desejou a continuidade da brincadeira.

Salmo 30:5 O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.

E a esperança venceu: cola daqui, conserta dali, recupera, recoloca, recondiciona. Descobriu-se que a brincadeira continuava justamente na organização que revia e re-planejava. Não seria uma pessoa que restabeleceria a maquete: a ninguém foi dado o poder das “normas”, da “lei”. A maquete fora sonhada em conjunto, e em conjunto seria refeita.

Mateus 10:16 Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas.

Houve mudanças. Percebeu-se que a vida precisa de zelo constante. É isso o que Deus faz conosco: zela, cuida. E mesmo quando outras mãos, ou intempéries, ou problemas estragam nossa vida, Deus nos dá criatividade para começar de novo.

Não sabemos ainda o futuro da maquete. Por algum tempo foi emprestada a outra comunidade: quem sabe outras crianças gostem de confeccionar outras alegrias. Talvez a maquete seja desmontada para dar forma a outros “projetos”. Talvez outros “invernos” aconteçam tanto na maquete, como entre as crianças, ou com outras crianças. Mas a convivência precisa aprender lições: amor, partilha, respeito... liberdade...

Só no exercício da convivência, experimentando limites e superações, é que o testemunho cristão se amplia entre nós, conosco, com a comunidade, com o mundo:

Gálatas 5:1 Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jogo de escravidão.

Margarete Emma Engelbrecht – pastora da IECLB em Niterói, RJ


Autor(a): Sínodo Sudeste
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8334
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