O preço dos alimentos tem subido fortemente nos últimos meses, não apenas no Brasil, mas globalmente. O número dos famintos no mundo estaria aumentando em centenas de milhões, uma tragédia colossal. Instabilidade e distúrbios sociais bem como migrações em massa e conflitos abertos poderiam ser o resultado.
O Brasil não está imune a essas tendências, como todas as pessoas podem perceber quando fazem compras nos supermercados e nas feiras. E bem verdade que, nos últimos anos, o Brasil registrou até mesmo uma promissora redução no número de pessoas com fome e na pobreza. Ainda assim, tem sofrido severas críticas em relação ao seu programa de produção de álcool e de biocombustíveis, que estaria contribuindo para a falta de alimentos no mundo. Com a expansão da cana-de-açúcar, difunde-se também um modelo agrícola baseado na monocultura, que poderia estar empurrando a fronteira agrícola de soja e a agro-pecuária para dentro da Amazônia.
No entanto, por trás de tudo está um modelo de desenvolvimento e consumo irresponsável, que esgota os recursos naturais, cria desequilíbrios ecológicos e aumenta constantemente o fosso entre ricos e pobres. É urgente que busquemos modelos alternativos que atendam às necessidades de vida de toda a humanidade, mas freiem a ganância e o consumismo. Isso começa no estilo de vida em nossos lares e se estende até as políticas internacionais.
A IECLB defende há décadas a necessidade da reforma agrária e se empenha, em palavra e ação, em favor de um modelo agrícola centrado na agricultura familiar, voltado para a produção de alimentos e com um modelo ecologicamente sustentável. Um dos seus instrumentos diaconais é o Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa), que completa 30 anos de atuação.
Em 1982, a IECLB teve como seu Tema do Ano Terra de Deus - Terra para Todos, e como Lema bíblico o Salmo 24.1 Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se a»item, o mundo e os que nele habitam. Vemos, assim, que são Tema e Lema ainda muito atuais.
P. Dr. Walter Altmann
Pastor Presidente da IECLB