O CHASQUE DA PAZ

Semana Farroupilha

18/09/2014

No mês de setembro do dia 07 ao dia 20 é comemorada a Semana Farroupilha em Centros de Tradição Gaúcha espalhados por todo o Brasil. Aos índios, espanhóis, negros e portugueses se somaram italianos, poloneses e alemães, entre outros. O povo gaúcho espalhado por esse país afora é produto dessa mescla de etnias, culturas e também religiões. E nós protestantes também ajudamos a fazer uma releitura da his-tória, na medida em que guardamos a memória de nossos antepassados.

Nos versos a seguir faço uma tentativa de resgatar culturalmente um pouco dessa realidade a partir do tema do ano de nossa Igreja. Isso, num linguajar gaudério característico desse pago riograndense.

Peões e prendas deste rincão
Atentem pros versos dessa pajada.
Peço a vocês atenção
para o causo de uma nação
que prá Deus não deu atenção.
Pro estrangeiro a liderança foi desterrada
para Longe de sua querência amada.

O povo caborteiro não escutou o Santo Patrão.
Desobedientes guerrearam contra a Babilônia.
Aos farrapos viveram desolação.
Ignoraram os avisos, preferiram a ilusão.
Deportados; que sina medonha!
Levados ao estrangeiro em prisão.
Sem templo; restou a lembrança de cultos e cerimônia.

A saudade da querência era tanta
que mal cabia no coração.
Cidade estrangeira - maleva percanta.
Mas, despacito o povo se encanta
e abre espaço para o perdão.
Porque, mágoa de nada adianta
É preciso viver em comunhão.
Pois, o bem que se colhe, antes se planta.

Quem se isola, acaba sozinho.
Quem estranha o diferente
não percebe o tamanho do espinho
que ele próprio põe em seu caminho.
Porque, somos uns dos outros dependentes.
E não dá prá ser mesquinho.
É na mistura que se multiplicam os viventes,
E é na família que temos aconchego e carinho.

Quando se achegaram nessas plagas.
Em terra estranha - brasileira.
Os antepassados abriram piques e estradas.
Na mala pouco tinham, quase nada.
Apenas traziam a esperança certeira
que ao semear na terra estrangeira
a fé seria perpetuada.
Numa verdadeira epopéia missioneira.

De tradição são muitos os que falam.
Poucos os que de fato entendem.
As guerras são celebradas e os mortos calam.
Os vitoriosos a história manipulam.
Caudilhos pela “plata se vendem.
Enquanto o povo entre si contende,
os interesses escusos se camuflam
no no ideal e no sangue mortos inocentes.

A Tradição não se forma só da guerra.
Tradição é principalmente a concórdia.
Lembrar de quem veio de outra terra
para ser posteiro em meio à serra.
Imigrantes que vieram um dia
fazer destes rincões sua moradia.
Nessas mãos calejadas esse povo encerra:
crença, amor e galhardia!

São estes os verdadeiros heróis
que defenderam suas famílias.
E na memória dói:
violência contra esposas e filhas.
E a história conta tudo como se fosse mil maravilhas.
O que com suor se constrói,
Tropas inimigas destroem
na ânsia das guerrilhas.

Assim como o Povo de Jerusalém
os imigrantes habitaram também em terra estranha.
Porém, estes vieram do mar além
e trabalharam para ser alguém.
Com dificuldade realizaram a façanha
de, com muito jeito e com muita manha,
conquistar liberdade vintém a vintém;
tendo o céu por testemunha.

No tempo bíblico, na Bablilônia, no exílio
Deus orientou o povo.
Incentivou a terem filhas e filhos.
Paz na nova terra, outro sonho:
de ter a esperança nos olhos.
de edificar família, buscar o novo,
de dar descendência aos velhos,
e pr’alma um renovo!

Assim também aqui os imigrantes
se permitiram sonhar.
Foram perseverantes
e com a paixão dos amantes
fizeram desta terra o seu lar.
Nesse chão que escolheram para trabalhar,
mesmo com saudades da querência distante,
adotaram esta pátria para amar.

Para nossos colonos também ecoou o chasque.
Não esqueçamos jamais:
Procurai da cidade a paz (…)
e orai por ela ao SENHOR,
Porque em verdade na sua paz, tereis a paz. Jeremias 29.1-7
Hoje imperativo se faz
que lutemos, com fé esperança e amor
por esse Reino de justiça que Deus nos traz.
Em Cristo, o nosso Senhor.

Aqui ou em outro rincão
pelo Brasil espraiado.
Na mesma fé e devoção
este povo continua ligado.
Por Deus é somos desafiados
a ter um só coração.
E viver lado a lado
nossas VIDAS EM COMUNHÃO.


Autor(a): P. Marcos Cesar Sander
Âmbito: IECLB / Sinodo: Uruguai
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 29890
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