Marcos 10.2-12
2 Alguns fariseus aproximaram-se dele para pô-lo à prova, perguntando: É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher?
3 O que Moisés lhes ordenou? , perguntou ele.
4 Eles disseram: Moisés permitiu que o homem desse uma certidão de divórcio e a mandasse embora.
5 Respondeu Jesus: Moisés escreveu essa lei por causa da dureza de coração de vocês.
6 Mas no princípio da criação Deus ‘os fez homem e mulher’.
7 ‘Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher,
8 e os dois se tornarão uma só carne’. Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne.
9 Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe.
10 Quando estava em casa novamente, os discípulos interrogaram Jesus sobre o mesmo assunto.
11 Ele respondeu: Todo aquele que se divorciar de sua mulher e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério contra ela.
12 E se ela se divorciar de seu marido e se casar com outro homem, estará cometendo adultério.
O CASAMENTO
De alguma forma ainda repercute em minha alma a palavra da semana passada, quando pregamos sobre o texto de Números 11. O populacho (assim traduz Almeida) infiltrado desestabiliza a confiança do povo de Deus. O texto de hoje igualmente mostra um grupo atuante na sociedade da época de Jesus. Aqui, chegando à Judeia, Jesus encontra novamente um grupo que quer desestabilizar o Seu ensino. A Judeia é uma porção de terras ao sul de Jerusalém, dominada pelos romanos, mas habitada por judeus. Lá estão os fariseus.
O questionamento do momento é o “casamento e divórcio e o evangelista classifica esta intervenção como uma provocação. Como transcorre esse diálogo com Jesus?
1. Como tudo começa
Os fariseus perguntam a respeito do divórcio. Jesus responde: “…o que Deus uniu, ninguém o separe…” (v.9) Disse ainda que “… no princípio da criação Deus ‘os fez homem e mulher’”… (v.6) e complementa que “…os dois se tornarão uma só carne…” (v.8). Ter uma orientação mais clara e objetiva que isso, é impossível. Duas pessoas se tornam, assim, a mais profunda e sagrada unidade que so possa imaginar. É neste entendimento de unidade marital que cada pessoa dá à outra toda a sua própria identidade. Meu “eu” é agora do meu cônjuge. A igreja de Cristo foi, portanto, assim ensinada: “… os maridos devem amar as suas mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo. Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o alimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja, pois somos membros do seu corpo”. E, citando Gênesis 2.24, Paulo acrescenta: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne”. (Efésios 5:28-31)
Quando um homem dá seu sim à mulher que lhe cativou, e vice-versa, imagina-se que haja liberdade e confiança para que ninguém perca sua identidade. Ao contrário, como pessoas livres e comprometidas com o amor mútuo, vivem a plenitude de um casamento.
2. Separações acontecem
Se a pergunta é feita — como provocação — é porque divórcios aconteciam nos tempos bíblicos. Tanto Jesus como fariseus conheciam a regra mosaica para o assunto: a carta de divórcio era permitida. Mas por que?
“… por causa da dureza do coração de vocês”, responde Jesus (v.5). Não, não é uma justificativa para que as pessoas duras de coração tenham, automaticamente, uma válvula de escape para sua situação. As pessoas envolvidas deveriam, isso sim, contatar quão duros eram seus corações. O plano de Deus é de que as pessoas sejam felizes e que o matrimônio seja lugar de bênçãos e prazer, mas… A dureza do coraçào, a intransigência, a falta de sensibilidade para com o cônjuge estragavam tudo.
O simples divórcio, na época de Jesus, não resolvia a questão do ponto de vista social. Na fala mais importante de Jesus, o Sermão do Monte, ele volta ao assunto: “Foi dito: ‘Aquele que se divorciar de sua mulher deverá dar-lhe certidão de divórcio’. Mas eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, faz que ela se torne adúltera, e quem se casar com a mulher divorciada estará cometendo adultério” (Mateus 5.31-32).
Mas separações, divórcios, acontecem. E são sempre um problema. Não deixe de ouvir o final desta pregação. Caso contrário se poderá dizer que não há mais esperança e bênçãos para a maioria dos casamentos de hoje.
3. A compreensão de Jesus sobre casamentos desfeitos
Jesus sabe das tensões que existem nos relacionamentos entre homem e mulher quando casados. Sabe que pequenos detalhes podem causar grandes dores. E grandes dores podem se tornar insuportáveis a ponto de não haver mais — realmente não haver mais — condições de reatar vidas. Pessoas que não conseguem se adequar em um casamento, dificilmente terão boas chances em um segundo casamento. Não temos notícias de que os discípulos, à exceção de Pedro, fossem casados. No entanto a explicação dada aos fariseus deixou os discípulos confusos. Afinal, mesmo sendo legal, o divórcio deve ser usado para casais que não se adequam em uma vida comum?
A exemplo do que aconteceu publicamente no Sermão do Monte, aqui, na casa, Jesus continua o ensino particular — abscôndito — para seus discípulos. E a mensagem de Jesus é mais dura do que a dada aos fariseus. Associa o divórcio ao conceito de adultério. Esta conclusão dramática parece sem chances para quem não foi ou não está sendo feliz no seu casamento. Por isso é necessário voltar ao início, onde Jesus diz “… o que Deus uniu, ninguém o separe…” (v.9). Percebem a prerrogativa? “…o que Deus uniu…” Deus une homem e mulher! Assim compreende Jesus. E o que Deus une, a quem Deus une, que não seja o coração perverso e descuidado do ser humano que cause a separação.
Atualizando
Uniões desajustadas acontecem. Cada vez mais em nossa sociedade permissiva as uniões que não frutificarão tem sua promoção garantida. Muitas vezes a própria igreja cristã não se sente na condição de declarar a vontade de Deus a respeito deste assunto e acaba colocando panos quentes sobre o assunto. Assim já foi quando no Brasil passou-se a permitir o casamento de divorciados. E quem o faz, muitas vezes usa argumentos que causam mais tensão do que diálogo, perdão e reajuste social diante da Palavra.
Uniões abençoadas são as que Deus promove, diz Jesus. E para mim, a palavra de Jesus ainda tem valor. A palavra união — προσκολαω — está no passivo e tem um sentido figurado na filosofia muito apropriado: aderir de perto, ser fielmente devotado a alguém, juntar-se a alguém. Muitas uniões não observam estes passos de se preparar com cuidado visando um futuro em comum. Mais uma vez. Jesus reconhece as dificuldades existentes em um matrimônio de acordo com a vontade de Deus. Em Mateus 19.11-12 Jesus, novamente em conversa com seus discípulos, afirma que “…nem todos têm condições de aceitar esta palavra; somente aqueles a quem isso é dado. (…) Quem puder aceitar isso, aceite”. Inegavelmente muitos casais se preparam adequadamente para um casamento duradouro, seguem a cartilha sugerida por Jesus, mas mesmo assim alguma coisa dá errada. Jesus justamente reconhece a dificuldade que há em tratar desse assunto. No entanto suas diretrizes são claras. Quem puder aceitar isso, aceite”.
Quanto aos outros tipos de casamento, muito em moda nestes tempos, entendemos que necessitamos de um canal aberto para diálogo. Entender propósitos, ajudar a contornar dificuldades e agir com respeito e amor é nossa obrigação. Debates acalorados acontecem dentro da Igreja sobre este assunto. No entanto, não há como não reconhecer a palavra de Deus. Claro, a não ser que esta palavra seja relativizada. E este é o primeiro passo para desacreditar todos os procedimentos bíblicos que devem nortear a Igreja de Cristo.
E quanto às uniões em perigo de separação, dialogar é o único e primeiro passo para perdão e reconciliação. Nós nos oferecemos para ajudar a dialogar. Aqui ou virtualmente.
Que Jesus nos ajude a vencer as dificuldades de relacionamentos — elas estão aí — e nos dê nova chance de viver conforme a UNIÃO que Ele proporciona.
Amém!
Endereço da pregaçào: https://youtu.be/eLWuzHxszeI