O Batismo na prática nos revela que nós somos confiados, mergulhados, nos braços amorosos e graciosos do nosso Trino Deus. Como diz o nosso Deus em Isaías 43.1: “Não tenha medo, pois eu o salvarei; eu o chamei pelo seu nome, e você é meu.” No Batismo nos é dito que somos filhas e filhos queridos de Deus, que somos irmãs e irmãos de Jesus Cristo e que o Espírito Santo nos regenera diariamente para uma nova vida.
No livrinho, “Nossa Fé – Nossa Vida”, está detalhado a prática do batismo na IECLB. Portanto, gostaria de falar aqui de algo diferente, do efeito prático do batismo na vida.
Todos nós nos confrontamos diariamente com o medo. Ele é parte de nossas vidas. Ele tem diferentes fases. Como crianças, temos medo da escuridão, de ruídos desconhecidos, de monstros.... Na fase da adolescência e juventude, surge o medo da morte, das provas da escola, do vestibular, se conseguirei um estágio, um emprego... Na fase adulta surge o medo do desemprego, com a educação e segurança dos filhos... Na fase idosa surge o medo em relação à aposentadoria, a saúde, a uma vida com qualidade...
O medo é algo que nos acompanha a vida toda. E se não o trabalho devidamente, ele pode se tornar um pânico, algo que escraviza e não deixa viver.
O Batismo é um Sacramento que quer nos libertar do medo que escraviza e não deixa viver. O Batismo nos revela que nós pertencemos a Deus, que nós somos seus filhos, que Deus nos ama e nos conhece. Quando esquecemos do nosso Batismo, que Deus nos ama e chama pelo nome, é que as preocupações e medos se apoderam de nós e nos fragilizam. Quando esquecemos de olhar para o Cristo que nos estende a mão, como no caso de Pedro, naufragamos.
Batismo, quando vivido diariamente, nos lembra da promessa de Deus em Isaías: “Não tenha medo, pois eu o salvarei; eu o chamei pelo seu nome, e você é meu.”
E também a de Jesus, em Mateus 28.20: “Eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos.” Por isso, os elementos presentes no Batismo nos afirmam e lembram:
Que o nome do Trino Deus, que no Batismo é unido ao nosso nome, nos torna cientes e conscientes que somos seus filhos e filhas, amados e amadas. Que a sua promessa nunca perde a validade e se mantém para a vida toda. Uma pessoa pode abandonar seu Batismo, embora isso não invalide a oferta de Deus. Um eventual arrependimento não é outro sacramento; é um retorno ao Batismo. Por isso não há rebatismo na nossa Igreja.
Que a água é símbolo da vida e da morte. A água lembra a criação (Gn 1), o dilúvio (Gn 7), a passagem pelo mar (Êx 14.15ss), o Batismo de Jesus (Mc 1.9), o Lava-pés (Jo 13.1 – 11). A água nos recorda e convida a diariamente afogar o velho Adão para que surja o novo ser em Cristo Jesus. Diariamente o batismo nos chama ao arrependimento, a uma vida que vence os medos e oferece-se como instrumento da justiça de Deus.
Que a vela, que entregamos ao batizando, fala de Cristo, a luz do mundo. A chama da vela é um sinal da luz de Cristo, que deseja que a nossa vida encontre luz e alegria diante dos medos, adversidades e escuridões. A vela, pois, aponta para Jesus, o nosso Salvador, que não deixa o medo se apoderar de nós.
Que a bênção é um sinal que Deus irá nos acompanhar e abençoar em cada dia de nossas vidas. Indica perdão, consolo, proteção, cura, despedida, ressurreição, salvação.
Lutero vivia seu Batismo diariamente. Nele, nos momentos de tribulação e medo, ele encontrava consolo, esperança e ânimo. A frase escrita sobre a sua escrivaninha, Baptizatus sum, lembrava-o constantemente desse ato gracioso de Deus.
Desejo que este ato gracioso de Deus, o Batismo, seja parte de nossas vidas diariamente. Ele, sem dúvida, é um bálsamo para a vida. Portanto, não deixe sua certidão de Batismo dentro de alguma gaveta, mas diante dos teus olhos, pois ela recorda diariamente a palavra do Senhor que diz: “Não tenha medo, pois eu o salvarei; eu o chamei pelo seu nome, e você é meu.”
Pr. Ernani Röpke