Pão, peixe e partilha. Isto dá um banquete pra ninguém botar defeito. Deste manjar perfeito - iguaria delicada e apetitosa que alimenta e deleita o espírito – nos fala o texto de Mateus 14. 13-21. A história, por si só, já é bonita. Está recheada de interessantes ingredientes: lugar deserto, relva, pão, peixe, crianças, mulheres, homens, cestos, enfermos, barco, Jesus e seus discípulos. Estes detalhes todos enriquecem o cardápio.
No cenário desponta um problema, uma dificuldade. Mas só na cabeça de quem não conhece suficientemente coisas como compaixão, misericórdia, solidariedade e partilha. A situação é a seguinte: A multidão está aí. Está ficando tarde. Não tem alimento, a coisa básica para um ser humano sobreviver. E agora?
Os discípulos têm uma saída. É a proposta do DDD: despedir, dispensar, dispersar. “Cada um por si e Deus por todos”. Esta é a grande solução na cabeça dos discípulos. Cada um se vira do seu jeito e nós, então, estaremos livres para encaminhar outras providências importantes: sair daqui, descansar em paz, voltar para casa. Mas o texto bíblico em questão apresenta esta proposta como medíocre, vazia e sem sentido. Porque com ela são descartadas de vez coisas como partilha solidariedade, comunhão, compaixão, misericórdia, fé. E, acima de tudo, fica descartada a possibilidade de Deus entrar na história. Falta fé no poder de Deus. O poder de Deus é descartado. Eis a questão.
E aí Jesus contrapõe:
* Não precisam retirar-se.
* Dai-lhes vós mesmos de comer
* Cinco pães e três peixes? Trazei-mos!
* Assentem-se sobre a relva.
* Ergamos os olhos para o céu.
* Abençoemos estes pães e estes peixes.
* Aqui estão os pães e os peixes abençoados. Dai-os às multidões.
Jesus, aqui, aboliu a frase “cada um por si e Deus por todos”. E agora estas palavras não cabem mais na boca de uma pessoa cristã. Coisas como simplesmente mandar embora estão fora de cogitação. Abrem-se as portas para a solidariedade, comunhão, partilha, misericórdia e compaixão. Chegou a vez da Diaconia. Abre-se espaço para a ação divina. E assim o banquete do PPP está pronto. O milagre acontece.
Problemas existem aqui e ali. E são muitos. Na família, na comunidade, na sociedade. A pergunta “E agora?” está sempre bem presente. Esta pergunta nos leva, muitas vezes, a achar soluções que não são solução. É a solução do DDD que mais encontra eco. O caminho para uma verdadeira solução foi aberto, por Jesus, na história dos pães e dos peixes. Não queremos mais entrar pelos caminhos da fuga. Dificuldades e problemas são, para nós, um desafio. São uma oportunidade para que o poder de Deus se torne manifesto pelos caminhos da partilha, da solidariedade, do amor. É hora de Diaconia.
P. Valdemar Gaede