O amor subversivo de Jesus

Meditação

29/03/2011


Disse Jesus: “ amem os seus inimigos…” (Mateus 5.44)

Em meio as guerras e as violências tão presentes no dia a dia, tenho a impresão que nenhum ensinamento de Jesus seja, hoje, tão difícil de ser seguido como este mandamento do amem os seus inimigos. Há mesmo quem sinceramente julgue impossível colocá-lo em prática. Verdade é que consideramos fácil amar quem nos ama, mas nunca aqueles que abertamente procuram nos prejudicar. Outros ainda, como o filósofo Nietzsche, sustentam que a exortação de Jesus para amarmos os nossos inimigos prova que a ética cristã se destina somente aos fracos e aos covardes, e nunca se pode aplicar aos corajosos e aos fortes. Jesus – dizem eles – era um idealista sem sentido prático.

Platão ao falar do amor diz que ele, o amor, é despertado diante dos grandes valores do objeto amado. Busca-se a posse do objeto pelo que ele vale. Só interessa se ele é belo, puro, perfeito, amável... Corrobora Platão um ditado popular: “você vale quanto você tem no bolso”. Este amor (“eros”) tem sua origem fora da pessoa que ama. Sua origem está nas excelências do outro ou daquilo que se ama. Este amor é egocêntrico, pois busca o objeto para sua satisfação própria. Mas não é este amor que Jesus se refere quando convida para amar os inimigos.

Próximo a esse amor subversivo de Jesus encontramos o apóstolo Paulo. Paulo interpreta o amor de Jesus da seguinte forma: o amor não é grosseiro, nem egoísta, nem orgulhoso, não fica irritado, nem guarda mágoas. Pelo contrário, o amor é paciente e bondoso. Chega a dizer que quem ama suporta tudo com fé, esperança e paciência. Conhecemos este amor como “ágape”. É o amor que se manifesta no impulso de ajudar, salvar, realçar o objeto, mais do que possuí-lo ou desfrutar-se dele. Orienta-se para o objeto amado ou ao inimigo independentemente de seus valores ou altas qualidades. Por isto, dirige-se até as pessoas não amáveis e atraentes. Dirige-se também até mesmo a grupos odiosos, desprezíveis e perigosos. Jesus, diante dos inimigos disse: “Pai, perdoa essa gente”.

Estimado leitor! Assim é o amor de Deus por todas as pessoas. Desinteressado, desprendido, desmedido. Ele quer o bem, a paz na criação. Não procura pessoas por suas qualidades ou seu jeito de ser. Ele não é egocêntrico, mas é centrado no outro, por isso, alocêntrico. É amor em ação; por isso se faz eficaz, não fácil, mas efetivo; incondicional.

“Caríssimos, se Deus amou assim, também nós devemos amar uns aos outros.” (1 João 1.14) Amém.

P. Edilson Tetzner, Pastor da IECLB
em Guarulhos/SP

 


Autor(a): Edilson Tetzner
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7737
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