Nunca é tarde demais

01/01/2009

Viagens sempre são fascinantes. Outro dia o presbitério da minha ex-Comunidade São Marcos, em Munique, na Alemanha, convidou-me para ajudar a organizarum retiro para a terceira idade (pessoas que vivem sozinhas e que não têm mais condições de viajarem desacompanhadas). Fui!

O relógio da torre marcava 10h. A segunda-feira estava ensolarada. Chegara o tão esperado dia da viagem. O grupo estava composto por 32 senhoras que aguardavam o ônibus que nos levaria para Kellberg / Passau, próximo do Rio Danúbio, na Baviera.

Viajamos por duas horas e meia. Na chegada fomos recepcionadas pelo dono do hotel. Cada uma das senhoras ocupou o seu quarto individual. Depressa chegou a hora de tomar o bom café da tarde. Muitas senhoras já se conheciam e outras tantas participavam pela primeira vez. Coisa boa toda aquela alegria! Poderíamos desfrutar aqueles momentos durante 10 dias.

Nossa equipe de trabalho (uma terapeuta ocupacional, uma administradora e eu) já organiza estes eventos há quatro anos, sempre pensando com muito carinho em todos os detalhes. O programa teve seu início com a apresentação das participantes. Elas deveriam explicitar o que as tinha motivado para estarem ali. A maioria respondeu que se sentiam solitárias e aquele retiro seria uma boa oportunidade para conviverem com outras pessoas. Outras disseram que se deixaram motivar pelo programa do retiro. Já outras deixaram claro que gostavam de viajar, cantar, conversar, ser ouvidas, ser amparadas, fazer novas amizades, sentir segurança dentro de um programa preparado por uma equipe responsável.

Diariamente a nossa equipe elaborava uma sugestão de programa para as participantes. Sempre iniciávamos o dia com devocional, canto e oração. Encerrávamos o dia agradecendo a Deus. A cada dois dias viajávamos para algum lugar, onde havia alguma atração turística cultural e de interesse do grupo. Além disto, oferecíamos hidroginástica, dança sentada, canto, jogos cooperativos, brincadeiras, caminhadas, bate-papos e muita, muita convivência. Algumas tarefas, como orar antes das refeições, eram assumidas voluntariamente pelas integrantes.

Os dias que passamos juntos foram de grande aprendizado. O grupo aprendeu a conviver entre si. Nós, da equipe, aprendemos a respeitar e a aceitar os limites físicos, psíquicos e emocionais de cada participante. Exercitamos a nossa paciência e mantivemos a serenidade, ao lidarmos com as pequenas crises que surgiam no grupo. Cabe frisar que a idade média das integrantes era de 80 anos e que todas tinham vivido Segunda Guerra Mundial.

Dez dias passam rápidos. Uma avaliação se fez necessária. Lembro especialmente da fala de uma senhora: - “Eu gostei muito de conviver com todas vocês. Quando eu me levantava de manhã eu sabia que não iria tomar o meu café sozinha. Isto fazia com que eu me apressasse pra chegar logo ao refeitório. Não era só o café que era bom, mas os bate-papos, a hidroginástica, os passeios, as devocionais, as brincadeiras... Tudo isto encheu a minha alma de alegria e de vontade de continuar vivendo. Eu não tenho vontade de voltar para casa, porque ninguém estará lá para me receber. Vou ter que conviver novamente com a solidão que machuca e deprime. Queria muito ficar aqui mais um pouco. Não queria que este tempo acabasse. Mas, ele passou e agora temos que ir embora. Muito obrigada pelo bem que vocês me proporcionaram. E no ano que vem, se eu ainda tiver forças para fazer as minhas malas, eu participo de tudo novamente. Aqui eu fui muito feliz! Obrigada!”

Sou grata a Deus pela oportunidade que Ele me presenteou de poder trazer mais esta experiência de convívio e trabalho com este grupo tão querido de pessoas na minha “bagagem”...

Diác. Valmi Ione Becker
Sínodo Norte Catarinense

 

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