NOVEMBRO DE MORTE.

17/11/2015

       Os teus olhos estão abertos sobre todos os caminhos dos filhos dos homens. Jeremias 32.19 Nele vivemos, e nos movemos, e existimos. Atos 17.28

       Os olhos de Deus estão abertos sobre todos os nossos caminhos; e é em Deus que vivemos, nos movemos e existimos.

       Estas palavras iluminam nossa segunda-feira depois de mais um fim de semana de notícias muito tristes que geram mortes violentas. Há 11 dias foi a tragédia de Mariana, e neste fim de semana acompanhamos a violência contra o povo da Grécia. É preciso conversar sobre estes assuntos.

       O mês de novembro por si só já é um mês onde as conversas giram em torno da morte. Ele inicia com idas aos cemitérios, celebrações e homenagens voltadas às pessoas queridas que já partiram desta vida. E no ano litúrgico da Igreja, que marca os assuntos a serem abordados, é o fim do ano, domingo da eternidade. Somos chamados a refletir sobre a finitude das coisas e da vida para depois adentrar no Advento e renovar a esperança.

      Mas o novembro deste ano está causando muitas mortes por descaso, violência, desrespeito e fanatismo religioso.

      Os atentados por terroristas na França marcam o fanatismo religioso. Um grupo que mata na crença de que isto os levará ao paraíso. Uma ou outra pessoa pensar assim, até entendo, talvez por uma grande desilusão e não conseguir mais voltar à sua razão saudável e humana. O que não consigo entender é a adesão de tantas pessoas, em especial pessoas jovens, que se colocam num caminho de uma crença que não tem lógica alguma. Isso me dá a impressão de um mundo doente, um mundo que perdeu seu sentido de ser e existir nesta vida.

      Diferente, creio ser, o que levou à tragédia de Mariana aqui no Brasil. Acompanhando os manifestos em torno desta situação, concluí que essa destruição de vidas e meio ambiente foi causada por outro tipo de fanatismo – o fanatismo financeiro. Desde o ano de 2003, portanto há 12 anos, já vem sendo feitas denúncias à empresa dona das barragens de que estas estavam com rachaduras. O primeiro passo seria parar as atividades que largam rejeitos de minério dentro destas barragens. E depois reforças estruturas. Porém, duas situações que envolvem ganhos financeiros para a empresas multinacionais, donas do empreendimento, teriam que ser feitas: Parar atividades, ou seja, deixar de ganhar lucros por algum tempo; e investir para o reforço da estrutura. Duas empresas são donas da mineração. Só no primeiro semestre deste ano elas obtiveram um lucro de mais de 11 bilhões. Mas elas não podiam investir uma mísera porcentagem deste montante para salvar vidas humanas e a vida da natureza de centenas de quilômetros de terra destruída, e da água nem se tem a mínima ideia do volume intoxicado. Por isso chamo de fanatismo financeiro.

      E aqui estamos nós, assistindo tragédia após tragédia. Situações causadas por nós, seres humanos, que não conseguimos acolher a vontade de Deus em nossa vida. Vivemos como se mais ninguém existisse ao nosso redor e causamos a nossa morte sem abrir os olhos.

      Diante da situação de dor, damos graças a Deus quando o conseguimos reconhecer em meio ao caos da vida. Pois Deus tem os seus olhos abertos sobre todos os caminhos de seus filhos e filhas. É Nele que vivemos, e nos movemos, e existimos. Que Deus ilumine nossa vida e nos dê a graça de perceber o seu olhar, de reconhecer que é dele que recebemos a vida e que nossa existência seja agradável aos seus olhos.

      Que Deus nos guarde em seu grande amor. Sobretudo console e guarde os familiares e amigos das pessoas que perderam suas vidas nas tragédias dos últimos dias. Amém.


Autor(a): Clarise Ilaine Wagner Holzschuh
Âmbito: IECLB / Sinodo: Uruguai
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 35822
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Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Mateus 5.9
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