Gálatas 5.1-6 – Memória da reforma
1 Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres. Por isso, continuem firmes como pessoas livres e não se tornem escravos novamente.
2 Prestem atenção! Eu, Paulo, afirmo que, se vocês deixarem que os circuncidem, então Cristo não tem nenhum valor para vocês.
3 Repito isto mais uma vez para qualquer homem que deixar que o circuncidem: esse homem é obrigado a obedecer a toda a lei.
4 Vocês que querem que Deus os aceite porque obedecem à lei estão separados de Cristo e não têm a graça de Deus.
5 Mas nós temos a esperança de que Deus nos aceitará, e é isso o que esperamos pelo poder do Espírito de Deus, que age por meio da nossa fé.
6 Pois, quando estamos unidos com Cristo Jesus, não faz diferença nenhuma estar ou não estar circuncidado. O que importa é a fé que age por meio do amor.
Estimadas irmãs, estimados irmãos!
I. Qual é nosso maior problema?
Será que ele é comportamental? Quer dizer que com um pouco mais de educação, orientação e bons costumes daria para resolver o problema deste mundo? Assim muita gente acha. Emfim trata-se da questão de fazer o certo nesta vida, seguir os mandamentos, a vontade de Deus. E não é assim que o mundo carece de gente cumprindo o que Deus quer? O mundo carece de pessoas perfeitas onde tudo está encaixado. Quem me dera de ser uma pessoa assim!
Estamos já resolvidos? O mundo precisa então somente de mais correção. Se for assim então triplicando a polícia e estudando e aplicando muito mais regras e leis nas igrejas, tudo ficaria melhor. Aliás, esta coisa de que mais polícia resolveria, é quase um lugar comum em nossa sociedade.
A turma lá dos Gálatas também ficou balançada. Eles não eram de origem judia e haviam aceitado Cristo a partir da prédica do evangelho de Paulo. Depois ele foi embora e eles ficavam achando que faltava alguma coisa. Então a circuncisão que alguns sugeriram fazer significaria que eles entrariam no mundo judeu, entrariam para fazerem parte da história do seguimento mais perfeito da lei de Deus, ficariam então um pouco mais perfeitos.
Paulo é veementemente contra. Para ele, se eles entrarem nisto, ficariam obrigados a cumprir tudo que a lei manda. Não adianta ser um pouco mais correto que os outros. Sempre vai ficar faltando e por isso não há como conquistar Deus e obter a certeza do amor dele desta forma. Aliás ninguém se conquista somente sendo bonzinho.
Esta observação aponta para o nosso maior problema de fato. É a questão se de fato acreditamos de sermos filhos e filhas amados por Deus. De não estarmos enraizados profundamente na certeza que Deus nos ama. Normalmente é assim: Quando começa dar errado em nossas vidas, achamos que Deus é contra. E quando está dando certo achamos que nós somos muto bons e que é assim porque merecemos. O que Deus pensa de fato sobre nós? Vai lá saber!
Alguém pode dizer que isto também não importa. Enfim vivemos hoje aqui na terra e Deus está longe. Mas ninguém se engana: Gente mal amada não saberá viver o amor. Isto já é assim nas relações humanas. Quem nunca experimentou o amor terá enorme dificuldade em viver relações amorosas.
II. Beber da fonte:
E é aí que está nosso maior problema e desafio: de vivermos do amor. Somente quem se sabe amado será capaz de fazer a coisa certa. Quem se sabe amado por Deus, nem cogita outra coisa a não ser a vontade dele. É para isto que Jesus Cristo veio a este mundo. Para que a nossa ficha caia que Deus nós ama sem medidas e sem condição prévia para nos cumprir. A vida, as palavras, o sofrer, morrer e ressuscitar de Cristo é para nos render a esta verdade.
Uma vez rendidos somos capacitados de fazermos a coisa certa. Um velho pai da igreja disse a 1500 anos: Ame e faça o que quiser. De fato nosso problema mais profundo não é comportamental mas ele é relacional. Dá para mostrar na prática no assunto polícia. É fato que já temos uma densidade de policiamento alta. Na Alemanha tem muito menos polícia que aqui. Não falta a rigor polícia, falta acreditar que uma vida a partir do amor a Deus e ao próximo vale mais a pena do que a bandidagem. Falta é confiança.
Por isso Paulo insiste tanto que os Gálatas não voltem para as arapucas de uma vida supostamente perfeita, mas que permaneçam no vínculo forte com Cristo somente, porque este gera a fé que atua pelo amor. Hoje em dia as pessoas vão muito de igreja em igreja para ver, se seguir uma ou outra regra fará diferença. Com o apóstolo Paulo dá para perceber como isto é bobagem. Importa viver o amor de Cristo com irmão e irmãs e deixar que a partir do amor seja feita a coisa certa. É uma liberdade grande porque não há mais forçação, já que enraizados no amor cumpriremos a lei na medida das nossas forças com alegria. Nem passa algo diferente em nossa cabeça.
Como somos fracos precisamos ouvir de esta mensagem do evangelho todos os dias. Precisamos de comunidade para isto. Para sempre de novo ouvir e contemplar o que Deus fez em Cristo por nós. Amém.
P. Guilherme Nordmann