No vale das borboletas azuis

01/11/2006

Recentemente a pacata cidade de Panambi, no planalto do Rio Grande do Sul, acolheu o XXV Concílio Geral da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Na língua tupi-guarani, Panambi significa o vale das borboletas azuis. É das borboletas que depende a fertilização vegetal. A borboleta traz um recado muito desafiador: o mundo sobreviverá se ele for polinizado com o amor de Deus! Enviado para proclamar a vontade de Deus, Jesus Cristo trouxe um recado fundamental: Ele encarnou a Boa Notícia vivendo o poder do amor. Seus gestos são transparentes; falam do carinho para com as crianças, lembram da solidariedade com as mulheres e testificam a amizade com os esquecidos, os fracos e enfermos. Quem ama sente-se motivado pela gratidão e coloca-se sob o espírito da gratuidade, Por isto, a postura amorosa de Jesus não se condicionava a compensação de quem era paciente da sua qualidade bondosa.

A realidade do cotidiano revela que distante da rede do amor, a sociedade humana cria barreiras; ficam visíveis os muros da separação e da dispersão. A prática do amor devolve dignidade e testemunha a valorização da pessoa humana. O poder do amor nasce de um manancial que extrapola as possibilidades humanas. Deus é amor; somos reconhecidos como seus filhos e suas filhas, se tivermos amor uns com os outros.

O que promove a estabilidade e a paz no mundo, de tantos pluralismos, são os gestos de amor. Enquanto vigorarem as políticas humanas, preservando interesses próprios e a manutenção do poderio ameaçador, a cultura da paz e da ajuda parece irrelevante. Aprendamos das borboletas, um sinal de humildade! Façamos a nossa parte espalhando no mundo essa bela obra criada, o pólen do amor e o perfume da confiança no Deus gracioso. A novidade de vida e a experiência de relacionamentos fraternos dependem do poder do amor. É verdade, o que afirma um poema cantado, as velhas opiniões formadas no dia de ontem deixam de estar com a última palavra. Atitudes amorosas valem como resposta à benevolência de Deus, o Senhor da vida e da história. Foi este o amor que fez do bom samaritano tornar-se o próximo do caminheiro, vítima da violência, à beira da estrada entre Jericó e Jerusalém.

Dar comida a famintos, visitar enfermos, acolher o estrangeiro, vestir a quem nada possui e cuidar bem de quem estiver com a biografia quebrada: trata-se de obras do amor, frutos da fé, sinais da cultura da ajuda. Os serviços que espelham a bondade de Deus preenchem anseios humanos e respondem à exigência do Evangelho. Há responsabilidade para cooperar no cuidado da criação e das criaturas servindo de veículo que espalha a poeira do amor. Aliás, nem as portas do inferno prevalecerão (Mateus 16.18), quando vivenciamos a vontade de Deus. A tarefa é conjunta, ecumênica.

Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC

Diocese Informa - 11/2006


Autor(a): Manfredo Siegle
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8725
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Vocês vão me procurar e me achar, pois vão me procurar com todo o coração. Sim! Eu, afirmo que vocês me encontrarão.
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