No vale das borboletas azuis

Artigo

20/10/2006


Recentemente, a pacata cidade de Panambi, no planalto do Rio Grande do Sul, acolheu o 25º Concílio Geral da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Na língua tupi-guarani, Panambi significa o vale das borboletas azuis. Enquanto voam de uma planta a outra, levadas por suas asas frágeis, as borboletas carregam grãos de pólen; deles depende a fertilização vegetal. A borboleta traz um recado muito desafiador: o mundo sobreviverá se ele for polinizado com o amor de Deus! Enviado para proclamar a vontade de Deus, Jesus Cristo trouxe um recado fundamental: Ele encarnou a boa notícia vivendo o poder do amor. Seus gestos são transparentes: falam do carinho para com as crianças, lembram a solidariedade com as mulheres e testificam a amizade com os esquecidos, os fracos e enfermos. Quem ama sente-se motivado pela gratidão e coloca-se sob o espírito da gratuidade. Por isso, a postura amorosa de Jesus não se condicionava à compensação de quem era paciente de sua qualidade bondosa.

A realidade do cotidiano revela que, distante da rede do amor, a sociedade humana cria barreiras; ficam visíveis os muros da separação e da dispersão. A prática do amor devolve dignidade e testemunha a valorização da pessoa humana. O poder do amor nasce de um manancial que extrapola as possibilidades humanas. Deus é amor; somos reconhecidos como seus filhos e suas filhas se tivermos amor uns com os outros.

O que promove a estabilidade e a paz no mundo, de tantos pluralismos, são os gestos de amor. Enquanto vigorarem as políticas humanas, preservando interesses próprios e a manutenção do poderio ameaçador, a cultura da paz e da ajuda parece irrelevante. O movimento do amor de Deus, porém, é constante; liberta para a vida de equilíbrio e nos aproxima como irmãs e irmãos. Aprendamos das borboletas um sinal de humildade! Façamos nossa parte, espalhando no mundo essa bela obra criada, o pólen do amor e o perfume da confiança no Deus gracioso. A novidade de vida e a experiência de relacionamentos fraternos dependem do poder do amor. É verdade o que afirma um poema cantado: As velhas opiniões formadas no dia de ontem deixam de estar com a última palavra. Atitudes amorosas valem como resposta à benevolência de Deus, o Senhor da vida e da história. Foi este o amor que fez o bom samaritano tornar-se o próximo do caminheiro, vítima da violência, à beira da estrada entre Jericó e Jerusalém.

Dar comida a famintos, visitar enfermos, acolher o estrangeiro, vestir a quem nada possui e cuidar bem de quem estiver com a biografia quebrada: trata-se de obras do amor, frutos da fé, sinais da cultura da ajuda. Os serviços que espelham a bondade de Deus preenchem anseios humanos e respondem à exigência do Evangelho. Há responsabilidade para cooperar no cuidado da criação e das criaturas servindo de veículo que espalha a poeira do amor. Aliás, nem as portas do inferno prevalecerão (Mateus 16.18) quando vivenciamos a vontade de Deus.

Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC

Jornal A Notícia - 20/10/2006


Autor(a): Manfredo Siegle
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Instância Nacional: Concílio
Natureza do Texto: Artigo
ID: 7640
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