Ninhos

14/12/2007



Refleti com o Presbitério da Paróquia do ABCD sobre os textos das senhas marcadas para o dia 08 de dezembro: AT: O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus filhotes; eu, os teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu! (Salmo 84, 3). NT: O reino de Deus é como um grão de mostarda, que, quando semeado, é a menor de todas as sementes sobre a terra: mas, uma vez semeada, cresce e se torna maior que de todas as hortaliças e deita grandes ramos, a ponto de as aves do céu poderem aninhar-se à sua sobra (Mateus 4, 31-32).

Chama logo a atenção que o vínculo entre os dois textos é o ninho, respectivamente, o aninhar-se. Cada espécie de ave faz um tipo de ninho diferente. A cada espécie corresponde um tipo de ninho (vale, inclusive, para aquelas que depositam seus ovos em ninhos alheios). Com os seres humanos acontece exatamente o contrário: nossa espécie constrói ninhos diferentes, cada um distinto entre si, de acordo com as suas possibilidades.

Também as pessoas que participam ativamente de uma Comunidade, encontram um ninho feito. A construção está feita. A tarefa é conservar e melhorar. Nós, seres humanos, somos diferentes uns dos outros, tanto quanto os ninhos das aves são diferentes entre si. E essa diferença vivemos dentro do ninho no qual decidimos viver, dedicar nossos dons, celebrar nossa fé.

Então, o que interessa é como organizamos a vida interna deste ninho. Parece que estamos sempre na tensão entre conservar e inovar. Querer conservar sem inovar é trágico, pois o ninho fica duro, quebradiço, vulnerável diante das tempestades que aparecem. Querer inovar sem conservar é loucura, pois o ninho sai voando ao sabor de qualquer vento, perdendo seus vínculos e a sua razão de existência.

A vida interna do ninho deve sempre contemplar uma visão crítica, tanto com relação ao tradicional, quanto com relação ao assim chamado novo. Afinal, muito do que hoje é apresentado como novo são tradições superadas que reaparecem com outra roupagem. Se a visão crítica é exercida com o devido respeito, ela é criativa e permite que se viva na referida “tensão” com paz e alegria.

Dois aspectos foram levantados por pessoas do Presbitério: as duas apontam para fora do ninho. Uma pessoa lembrou que, ao contrário dos ninhos das aves, que servem para separar e proteger do mundo, o ninho da Igreja serve para realizar a responsabilidade social que advém da fé. A outra contribuição continuou nesta direção, lembrando que esta responsabilidade se refere aos “ninhos” de tantas pessoas que vivem sem as condições mínimas de existência digna em suas moradias. A partir do trabalho diaconal realizado pela Casa Mateus (em Mauá), por exemplo, são visitados lares que não se parecem em nada com um lugar para aninhar-se e sentir-se bem.

Este é o nosso desafio. Esta é a nossa missão e a nossa responsabilidade. Pensemos nisso nesta época de Advento que nos fala de um menino que nasceu num ninho totalmente adverso e que pregou a sua superação. Por isso ele foi morto. Mas, seu projeto foi afirmado por Deus com a ressurreição. Que assim seja. Amém.

Pastor Carlos Musskopf – Pastor na Paróquia do ABCD, Santo André/SP.


Autor(a): Sínodo Sudeste
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8346
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