Nikolaus Ludwig von Zinzendorf (1700-1760)

O Pai da Senha Diária

01/03/2010

A respeito de Nikolaus von Zinzendorf, lemos na Bíblia da família: “Em 26 de maio de 1700, quarta-feira, Deus me deu, na cidade de Dresden, um filho que, após seis semanas, ficou órfão por parte do pai. Que Deus dirija o coração desta criança e que, um dia, Nikolaus possa dizer: ”É verdade o que diz na Bíblia: Eu sou o Pai dos órfãos.” Assim escreveu a jovem viúva de vinte e cinco anos. Bem mais tarde, o próprio Nikolaus von Zinzendorf completou estas frases, escrevendo: “Factum est!”(aconteceu assim).

A mãe casou outra vez, e o menino ficou no castelo da avó. Ele era representante do governo na região da Lausitz, que fica a uns 200 km, ao sul de Berlim. Esta avó era cristã convicta e concordou com o tutelar que, a partir dos 10 anos, o menino devia ficar no internato das Instituições de Halle, o que para Nikolaus, no começo, não foi fácil. A escola exigia uma disciplina rigorosa. Seu fundador e diretor, August Hermann Francke, cuidou pessoalmente de Nikolaus, que concluiu bem o colégio. Seu tutelar, então, o mandou para a Universidade de Wittenberg, para cursar direito. Quando mostrou interesse em pacificar líderes das diversas universidades que estavam brigando entre si, sua família não queria que ele prejudicasse o nome da família e o mandou fazer uma viagem para a Holanda e Paris.

Ele voltou mais tolerante, porque tinha aprendido que em todos os lugares, também nas diferentes Igrejas, viviam seres humanos com qualidades e falhas. Ele casou e comprou, da sua avó, terras em Bertholdsdorf. Dos doze filhos do casal, oito morreram cedo. Dois filhos tornaram-se colaboradores importantes.

Em Dresden, perto de Bertholdsdorf, Nikolaus assumiu um cargo administrativo. Desde menino, sempre de novo, Zinzendorf procurava reunir pessoas interessadas em ler a Bíblia. Novamente em Dresden, ele fez uma tentativa, mas não conseguiu criar um grupo com este objetivo. Na época, era comum formar círculos para discutir assuntos de literatura. Assim, os participantes deste estudo bíblico de Zinzendorf estavam sempre mais interessados em outros assuntos. A formação de grupos interessados numa verdadeira vida cristã deu-se de outra maneira.

Nestes anos, por motivos políticos, cristãos evangélicos, os Irmãos Morávios, do leste da região da Morávia, não eram mais tolerados e tiveram que emigrar. Um pacto entre os governantes deixou a Morávia nas mãos dos católicos. Um representante dos Irmãos Morávios, um marceneiro de nome Christian David, conseguiu de Zinzendorf a permissão de construir uma casa para algumas famílias, num morro em Bertholsdorf. Zinzendorf, um pouco mais tarde, voltando de uma viagem, viu que tinha luz naquele morro. Ele parou a carruagem, entrou na casa nova e ficou comovido, quando encontrou o grupo dos Irmãos Morávios com suas famílias. Eles mostraram muita vontade de trabalhar e ficaram contentes, porque encontraram em Zinzendorf um cristão convicto. Todos se ajoelharam e agradeceram a Deus por tudo que tinha acontecido. Isto foi o começo da Colônia de Herrnhut. Com a vinda de outros evangélicos da Morávia, Herrnhut cresceu e hoje é uma cidadezinha-modelo para outras vilas do tipo de Herrnhut em todo o mundo.

Herrnhut transformou-se numa Comunidade que vivia de acordo com o exemplo dos primeiros cristãos, em união de bens. Todos tinham que trabalhar para o sustento da Comunidade. Devoções de manhã e de noite reuniam todos com leituras da Bíblia, com orações e canto. Num destes encontros, Zinzendorf escolheu um versículo bíblico e sugeriu que todos se cumprimentassem, na manhã seguinte, com este versículo. Todos gostaram desta “senha do dia”. A partir de então, todas as noites era escolhido um versículo bíblico para o próximo dia.

A partir de 1731, Zinzendorf escolheu senhas diárias para o ano todo, para que os irmãos mais distantes pudessem cumprimentar-se, também, com a senha. Hoje, depois de mais de 250 anos, encontramos as senhas de Herrnhut no mundo inteiro e em muitas línguas.

Zinzendorf, numa viagem para a corte da Dinamarca, encontrou lá um negro convertido que lhe falou do sofrimento dos seus conterrâneos na Ilha de São Tomé, uma das ilhas no Caribe. Zinzendorf e os Irmãos Morávios, a partir deste fato, iniciaram uma grande obra missionária, não só na América Central. Os missionários foram, também, para os Estados Unidos, para a Groenlândia, para a Índia, para África do Sul e para América do Sul. Entre 1732 e 1742, Herrnhut mandou 670 missionários para os mais diversos lugares.

Zinzendorf viu a necessidade de um reconhecimento de Herrnhut como Igreja porque, muitas vezes, os batismos que os missionários realizavam, não eram reconhecidos por outras igrejas que trabalhavam no mesmo campo missionário. Ele mesmo, então, estudou teologia e, formado, pôde ser bispo da Comunidade de Herrnhut. Viajou muito dentro da Europa e duas vezes viajou para a América do Norte, para visitar seus missionários.

Ele deixou uma herança muito importante: O essencial da vida cristã é o amor a Jesus Os irmãos de Herrnhut devem agir com amor e humildade e respeitar irmãos de outras Igrejas, também da Igreja Católica, sem querer criticá-los.

Zinzendorf escreveu muito. Também fez hinos, dos quais são muito conhecidos dois exemplos: “Guia-nos, Jesus, com a tua luz” e “Corações, em fé unidos, vinde à paz do bom Senhor!”

Faleceu aos 60 anos de idade, dizendo: “Aí vem um pobre pecador que pede ser salvo pelo resgate”.


Autor(a): Isolde Mohr Frank
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Da nuvem de testemunhas / Ano: 2007
Natureza do Texto: Artigo
ID: 11531
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