Natal, perguntas que libertam

19/12/2011

Natal, nos tempos atuais, nos atinge em cheio em nossas emoções. As emoções são a área do comércio, da propaganda. Propaganda não quer saber da consciência. Pessoas conscientes compram só o necessário para viverem bem, nada mais que isso. Propaganda, para ter sucesso, conta com esbanjamento, com compras de supérfluos, com desperdícios. Apela para emoções. E foge da consciência.

Ninguém pode desprezar emoções e racionalidades. As duas devem estar juntas. Mas o primeiro Natal foi mais consciência do que emoções, ao contrário dos tempos modernos. Quando o anjo anunciou o Natal, ele disse: “Não tenham medo. Hoje lhes trago boa notícia, pois, nasceu o Salvador, Cristo , o Senhor.” A notícia do nascimento de Jesus responde à pergunta sobre as causas do medo e à esperança por salvação. Neste sentido, o nascimento de Jesus cria consciência boa que liberta do medo.

A verdade sobre Jesus liberta. Isso é consciência e autonomia de vida, em Cristo. Você tem consciência do significado do Natal? Eu quero saber de minha consciência.

O apóstolo Paulo usa o termo consciência com frequência. Fala em fraca, boa e má consciência. Os protestantes luteranos tem críticas em relação à afirmação positiva da consciência. Dizem que a consciência pode nos levar ao erro, ao engano. A consciência é algo interno, não salva. Somente Deus salva. Para nos salvar, Deus fez Natal. Em Jesus, Deus nasce como um ser humano para salvar você, eu, nós, o mundo.

Mas quem é você? Quem sou eu? Como se forma o nosso eu? As pessoas e meio que nos cercam constroem o nosso eu. Estamos sendo influenciados pela família, amigos, escola, igreja, meios de comunicação etc. Nós somos o que fizeram de nós. Mas somos apenas isto? Não, nós somos mais do que fizeram de nós.

Para entendermos mais e melhor, pensemos sobre as nossas perguntas e respostas. A consciência é a resposta que conseguimos dar às perguntas: Quem sou eu? Quem são as coisas que me rodeiam? Quais são os meus medos? Quais são as minhas certezas? Meus problemas? O que é o Natal para mim e para o mundo? A consciência é o quanto de resposta conseguimos dar a essas perguntas. A consciência está nas respostas. Quanto mais perguntas, mais respostas. Mas são as perguntas que vão libertando.

Diante daqueles homens conscientes de seu dever de cumprirem a lei de matarem a mulher ( João 8. 1ss), Jesus fez a pergunta sobre suas próprias vidas. “Olhe no espelho! Veja tua imagem na mulher que acusas!” Jesus desencadeio processo reflexivo. Transforma consciência má, ou má fé dos homens, em consciência boa.

Ao deixaram a mulher em paz, os homens responderam, em silêncio: “somos injustos! Nós merecemos pedradas!” Isso é consciência. Jesus é um formador de consciência. Veja as perguntas que ele faz ao contar parábolas, fazer milagres, e até mesmo responder perguntas. Sempre tem uma perguntinha para pensar melhor. As perguntas libertadoras que Jesus faz aos seus interlocutores fazem com que eles pensem sobre si e o seu modo de vida.

Na época de Natal as pessoas não querem muitas perguntas. Desejam apenas desfrutar. O problema não é o desfrutar, mas o desfrutar de coisas que não são Natal. Mas pensa que esse desfrute sem medida é Natal. Continua com seus medos, sem advento e sem Natal. Está dominado pela angústia consumista. Pessoas assim gastam e consomem, exageradamente, muito no Natal e Ano Novo, sem muita consciência.

A consciência leva à liberdade. Só é livre quem tem consciência boa, que vem de Deus. Através de perguntas, reflexão, meditação e investigação, identificamos o mundo que nos rodeia e descobrimos como é e por que é o que é. Descobrimos, também, o que fui o Natal e o que é o Natal hoje. E a grande diferença entre ambos. E, também, as semelhanças.

Natal é Palavração, como ensina Paulo Freire. Jesus é a palavra que se encarnou, virou vida digna para todos e todas. É o caminho para a liberdade. A consciência boa é um pressuposto indispensável para que alguém possa ser livre. Desejo a você um Natal com consciência, sem medo, pois, Cristo nasceu e é salvador.

Teobaldo Witter é Mestre em Teologia e Pedagogo, Pastor na IECLB, Professor e Ouvidor da Polícia do Estado de Mato Grosso
 

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