No exercício do ministério pastoral tenho me deparado com várias situações interessantes. Uma delas aconteceu alguns meses atrás envolvendo pessoas luteranas.
Tudo começou com um grave acidente entre uma moto e um trator em uma estrada rural. O jovem que pilotava a moto machucou gravemente o joelho. Fiquei sabendo do ocorrido quando fui ministrar culto em sua residência. Ele não conseguia mexer o joelho, o qual estava bem preto e bastante machucado apesar do atendimento médico que havia recebido. Conversamos sobre o acidente e o tratamento médico que vinha recebendo. Foi quando descobri que ele estava sendo tratado por um ortopedista e traumatologista que se confessa luterano e que é amigo meu.
A família e o jovem estavam bastante preocupados com àquela situação. Havia toda uma inquietação sobre a real condição do joelho, pois existia a possibilidade até de amputação.
Realizamos o culto. Oramos e entregamos a situação nas mãos de Deus. Após o culto sugeri que a família procurasse o doutor e expusesse a ele suas preocupações e os ajudasse a encaminhar o tratamento da melhor forma possível, indicando outros profissionais, outro tratamento, etc... Também sugeri que ela se apresentasse como família pertencente à igreja luterana, pois isso poderia facilitar ainda mais a comunicação entre eles.
Passou-se tempo, durante o qual a igreja esteve em oração em favor deste jovem. Ele veio a recuperar-se completamente de seu joelho e nem chegou a carecer de cirurgia. O jovem segue apenas fazendo fisioterapia, o que é normal nestes casos. Perguntei a família como foi a comunicação dela com o médico ao se anunciarem a ele como luteranos da IECLB. Os familiares me disseram que não chegaram a dizer ao doutor que eram luteranos. Isso por um lado foi muito bom, pois o doutor teve para com eles o mesmo comportamento ético, profissional e dedicado que tem para com outros que procuram por sua ajuda. Não houve tratamento diferenciado, nem favorecimento. Também não esperávamos nada disso.
Mas o mais interessante nesta história é que na última consulta, no retorno para avaliação final do doutor sobre a condição do joelho, este disse à família:
Temos aqui um verdadeiro milagre. Uma situação que terminou de forma inesperada. Casos em joelhos, bem menos complicados que este, terminaram em amputação da perna. Este caso tinha tudo para terminar com a amputação, e isto após sucessivas cirurgias visando evita-la, mas inexplicavelmente culminou com uma cura sem que fosse necessária uma só cirurgia. Como ortopedista e traumatologista, com vários anos de experiência este é o primeiro caso que tratei que termina desta forma. Tenho certeza, a partir da minha fé, que por trás desta cura está Deus. Não sei nada da vida espiritual de vocês, mas sugiro que vocês procurem a sua igreja ou uma igreja para agradecer a Deus, pois Ele operou um milagre curando o joelho deste jovem.
Então perguntei: Daí vocês falaram que são luteranos e que a igreja esteve em oração para a recuperação dele? E a família disse: Não, saímos da sala sem dizer nada.
Será que nem diante de um milagre testemunhamos a nossa fé?
Será que não nos dispomos nem mesmo a professar a nossa fé para alguém que professa a mesma fé que nós?
Compartilho uma das muitas histórias que vi, ouvi, e vivi, relacionada a Deus e ao povo de Deus, pois não posso (nem devo) deixar de falar das coisas que vi e ouvi (At 4.20).
Arnaldo da Rocha Clemente
Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Campo Mourão
Pastor Vice-Sinodal
Sínodo Paranapanema