A semana que seguiu a páscoa, neste ano de 2005, foi das mais carregadas e marcantes. Toda a polêmica e emoção em torno do caso Terri . A agonia de João Paulo II. Milhares de pessoas em todo mundo dirigindo preces ... Para que melhorasse? Para que não sofresse? Ou, para, de forma inconsciente até, dar vazão a necessidade de tê-lo para sempre como líder ?
O que tornou tudo tão carregado? A consciência, talvez, de que existem coisas que nós absolutamente não conseguimos reter e guardar.
No entanto, também existem coisas que nós tivemos a felicidade de experimentar. E estas ninguém nos tira. A qualidade destas experiências alimentam em nós a noção de que as coisas não se perdem, não se esvaem simplesmente.
Como ficamos nós em meio a tudo isto?
Disse Jesus: Não me detenhas. Subo para meu Pai e vosso Pai. Subo para meu Deus e vosso Deus!
Não restam apenas o anonimato, o vazio, e o que é obscuro. Existe uma direção, um lugar. Não só uma direção, não só um lugar, existe um conteúdo, uma qualidade a ser buscada e encontrada.
Meu Pai é o vosso Pai. Meu Deus é o vosso Deus - disse Jesus, o ressurreto.
As evidências comprovam: alguém tirou, alguém levou, alguém escondeu, alguém perdeu... desencontrou.
A quem procuras? - Ela supondo ser ele o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.
Disse-lhe Jesus: Maria!
Ela, voltando-se, lhe disse: Mestre!
Neste momento, os desencontros, o vazio, a confusão, o luto; nada superou a força da abordagem e o conseqüente reconhecimento mútuo.
Maria pode reagir porque foi reconhecida e reconheceu. Voltou a ter algo para anunciar. Não permaneceu na perda, no vazio, em sua confusão. Foi chamada pelo nome e isto aqueceu o seu coração. E esta experiência alimentou nela a noção e a profunda confiança de que nós temos um endereço e um destino que é maior do que aquilo que as mais duras contingências da vida tentam tirar.
P. Hermann Wille