Morte, cruel ruptura - Pela fé, vitória da vida

08/11/2002

Morte, cruel ruptura
Pela fé, vitória da vida

 

A nossa fé no Cristo de Deus, Jesus, remete-nos para um horizonte que inclui a vida após a morte, um encontro com a vida plena. Apesar da crueldade da morte, do vazio e da ruptura que ela provoca, cremos na ressurreição, na nova vida, no novo céu e nova terra que virão (Isaías 65 e Apocalipse 21). No batismo fomos unidos a Cristo na sua morte e ressurreição (Romanos 6.5). Diante da ruptura cruel causada pela morte, afirmamos a vitória da vida.

Senhor, ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio.
(Sl.90.12)

No mês de novembro, além de todos os rituais e costumes em torno do dia dos finados, em nossas comunidades cristãs celebram-se os últimos tempos de mais um ano da igreja (eclesiástico). Em novembro temos o último domingo do ano da igreja, chamado de Cristo Rei, domingo da eternidade (após este domingo inicia a época do Advento). O calendário litúrgico do ano da igreja estimula a comunidade cristã a refletir, em novembro, sobre o senhorio de Jesus sobre a morte, a vitória da vida sobre a morte. Tempo de falar sobre o julgamento de Deus das práticas humanas, sobre o juízo final. No entanto, a comunidade cristã celebra e reflete estes temas, deixando-se confrontar com a novidade do evangelho. A novidade do evangelho e da comunidade cristã é deparar-se com a crueldade da morte revestida do anúncio da misericórdia, da graça, do perdão, do amor de Deus. Olhar para morte ao lado do espelho da vida criado por Jesus, pela ressurreição.

Na liturgia das comunidades cristãs, a vitória do Cristo Rei sobre a morte, configurada no evento da páscoa cristã, toma lugar como o ponto culminante de toda a vida comunitária de fé. Cada domingo a comunidade comemora a ressurreição de Jesus. O ciclo da páscoa cristã está presente em toda a dinâmica das etapas do tempo celebrado pela igreja. Desta forma, também no domingo da eternidade, quando o tema é morte/juízo final, o evento da páscoa tem o seu impacto. Mesmo quando a morte e os temas a ela relacionados estão em primeiro plano, a ressurreição de Jesus, sob o prisma da fé, celebra e anuncia uma linguagem nova, a comunicação do encontro misericordioso de Deus com as pessoas e comunidades, a dádiva da vida em meio à morte.

A morte será sempre uma cruel ruptura no tempo e na história das pessoas. Porém, pela fé, somos chamados e chamadas para, em comunidade, viver a sua superação, a vitória da vida. Cremos que somos livres da morte. Celebramos esta liberdade a cada domingo e especialmente em novembro, quando, a cada ano, se encerra o ciclo do ano litúrgico da igreja com a celebração e reflexão dos temas morte e juízo final.


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Guilherme Lieven é Pastor da
Paróquia ABCD, SP
 


Autor(a): Guilherme Lieven
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Testamento: Antigo / Livro: Salmos / Capitulo: 90 / Versículo Inicial: 12
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 21017
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Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Mateus 5.9
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