Minha alma entoa um hino

Comentário e Reflexão

02/10/2014

HPD 257 – “Minh’alma entoa um hino

Letra: Paul Gerhardt, 1653

Melodia: Johann Georg Ebeling, 1666

Textos bíblicos: Salmo 95; Salmo 146; Jeremias 20.13.  

Este é um dos belos hinos da autoria do poeta e pastor Paul Gerhardt (1607-1676). Ele o compôs no ano 1653, quando trabalhou como pastor na sua primeira paróquia em Mittenwalde . Nesta época ele passou por uma fase boa de sua vida. O original alemão Du meine Seele singe conta com 10 estrofes. Destas somente 5 foram traduzidos. Mas cada uma delas é uma pérola preciosa. – O autor da melodia é o organista e diretor de música Johann Georg Ebeling (1637-1676), que de 1662 até 1668 trabalhou na Igreja São Nicolau em Berlim, onde se tornou amigo do pastor Paul Gerhardt.

O texto é uma meditação sobre o Salmo 146 e dá uma bonita interpretação deste Salmo. Compare a 1ª estrofe “Minh’alma entoa um hino de exaltação a Deus que, em seu poder divino, governa terra e céus” com Salmo 146.1+6: “Louva, ó minha alma ao Senhor... que fez os céus e a terra, o mar e tudo que neles há”.

Ou a 2ª estrofe “Bendito o que se guia por Deus, seu Salvador! Quem nele só confia, em comunhão e amor” com Salmo 146.5: “Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio.

E ainda a 3ª estrofe “De mil maneiras pode da morte nos salvar. Sustenta-nos, acode, se fome se alastrar” com Salmo 146.7-9: “...e dá pão aos que tem fome... levanta os abatidos,... guarda o peregrino, ampara o órfão e a viúva”.

A 4ª estrofe (que fala dos cegos, enfermos, abatidos e dos que estão em medo e solidão) é uma bem acertada interpretação do Salmo 146.8: “O Senhor abre os olhos dos cegos, e levanta os abatidos”. (Veja também João 9.1-12: a cura de um cego).

Especialmente impressionante é a última estrofe do hino. Ela volta ao tema do versículo 2 do Salmo: “Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus, enquanto eu viver”. Paul Gerhardt dirige nossa atenção para o fim da vida com a metáfora “eu sou uma murcha flor” lembrando o Salmo 90.5+6: “a relva que floresce de madrugada: de madrugada viceja e floresce; a tarde murcha e seca.” Porém, já que pertencemos ao povo do Senhor “é justo que eu aumente no mundo o SEU louvor.”

Meditação

Paul Gerhardt não foi o único que levantou a voz para animar-nos a cantar louvores a Deus. Inúmeras pessoas, tanto do Antigo quanto o Novo Testamento, sabiam cantar – e isso até em situações desagradáveis (p.ex. Salmo 118.1+14; Atos 16.25). O apóstolo Paulo escreveu: “Vede prudentemente como andais, não como néscios, e, sim, como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus...enchei-vos de Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor, com hinos e cânticos espirituais”. (Efésios 5.15-19). E o reformador Martin Luther fez o comentário: “A música é uma dádiva e um presente de Deus, não foi inventada por humanos. Ela expulsa até o diabo, ela torna as pessoas alegres. Ela faz esquecer toda raiva, impureza, orgulho e outros vícios”.

Cânticos e música em louvor a Deus preenchem nossos próprios corações com bons pensamentos e ânimo. Isto Paul Gerhardt experimentou na sua vida. E isto ele quer transmitir também a nós através do hino “Minh’alma entoa um hino de exaltação a Deus”.

Convém lembrar que Paul Gerhardt escreveu este hino cinco anos depois da Guerra dos 30 Anos (a qual durou de 1618 até 1648). Por causa desta guerra assoladora pastor Gerhardt conseguiu assumir sua primeira paróquia em Mittenwalde somente em 1651 – contando já com 44 anos de idade. A situação era nada boa. As terras eram devastadas, as plantações descuidadas, as pessoas fracas e famintas. Fome e epidemias se alastraram. Vagabundos famintos viram-se obrigados a roubar. Por causa da guerra as pessoas se tornaram rudes, desanimadas e inseguras. Será que em tal situação cantar ainda pode melhorar a vida? Paul Gerhardt conhecia as dificuldades de seus paroquianos. Ele pessoalmente sofria necessidades. Mas ele também conhecia o Deus todo-poderoso e misericordioso, o qual “de mil maneiras pode da morte nos salvar. Sustenta-nos, acode, se fome se alastrar...” (3ª estrofe). Por isso ele em primeiro lugar se anima a si mesmo “Minha alma, entoa um hino de exaltação a Deus, que, em seu poder divino, governa terra e céus” (1ª estrofe). E com o mesmo hino ele quer oferecer consolo e conforto aos demais sofredores.

Em João 20.29 Jesus disse a Tomé: “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram”. O hino 257 é uma ótima ilustração de tal fé que confia sem ver. Fé que continua firme, apesar de turbulências no mundo e na minha própria vida. Todavia meu “coração, radioso, jamais se há de turbar” (2ª estrofe). Contudo não desisto. Ainda assim me deixo guiar “por Deus, meu Salvador”. Apesar de tudo continuo “cantando o seu louvor” (1ª estrofe). Por isso “Minh’alma entoa um hino de exaltação a Deus...”

http://www.windesheim-guldental.de/predigt-du-meine-seele-singe.html


Autor(a): Leonhard Creutzberg
Âmbito: IECLB
Hino: 257. Minha alma entoa um hino
Natureza do Texto: Música
Perfil do Texto: Comentário ou reflexão sobre hino
ID: 30963
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