Mensagem da Presidência - Dia da Reforma - 2014

31/10/2014

Estimados membros da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil!

Irmãs e irmãos em Cristo!

31 de outubro. Dia da Reforma! É história que nos leva de volta à Idade Média, 1517, à atual Europa, Martim Lutero, um tempo e um contexto de grande efervescência – na Igreja, na economia, na política, na educação, na vida cotidiana das pessoas. Ali, em 1517, para dentro daquela realidade, a Reforma foi fermento na massa.

A Reforma, lembrada especialmente no dia 31 de outubro, continua sendo fermento no nosso tempo e para o nosso mundo! É por isso que, no caminho em direção ao ano de 2017, quando celebraremos o Jubileu dos 500 anos da Reforma, há muitas estações de parada para estudo, debate, lembrança e atualização dos grandes temas da Reforma e a IECLB está envolvida nessa caminhada.

Para a IECLB, a rememoração da Reforma neste ano contém um ingrediente especialmente relevante. Em 2014, nós celebramos 190 anos de IECLB. De 1824 a 2014, são 190 anos de presença no Brasil de uma Igreja luterana oriunda da Reforma. Será que nós nos damos conta do que significa a presença da Igreja Evangélica de Confissão Luterana “no Brasil”?

Há duas semanas, foi realizado o 29º Concílio da Igreja, em Rio Claro, São Paulo. Na ocasião, o Pastor Doutor Martin Dreher proferiu uma palestra abordando o tema “Cento e noventa anos de vidas luteranas em comunhão: esquecimentos e lembranças”.

Compartilho aqui alguns trechos dessa palestra:
 A Igreja Evangélica de Confissão Luterana é aquela parte do Povo de Deus no Brasil que experimentou a presença de Deus de maneira especial e peculiar. Tendo chegado a uma nova terra, a gente luterana foi considerada súdita, sem ser cidadã. Os seus matrimônios não eram reconhecidos. Os cemitérios não acolhiam os seus mortos. Os seus templos não podiam ter forma exterior nem mesmo ostentar a cruz do Senhor.

Diante desse sofrimento, houve atitude e testemunho de fé. A IECLB tem o privilégio de ser a primeira comunhão cristã a congregar dissidentes religiosos cristãos de maneira permanente no Brasil e a abrir caminhos para os direitos dos diferentes. A IECLB foi a primeira a lutar para que todos pudessem ter acesso a cemitérios e ter os seus matrimônios reconhecidos. Foi o primeiro grupo humano no Brasil a lutar por liberdade religiosa e, assim, de consciência, por isso não pode desistir de acentuar o legado da Reforma Luterana trazida ao Brasil por gente “prestes a perecer”, muitos dos quais também aqui pereceram.

Imigrantes luteranos vindos ao Brasil também experimentaram vida, sublinhou Dreher. Vida foi experiência de cristãos luteranos ao poderem deixar na Europa situações de morte. Escreveu um imigrante, em 1826: “Somos gratos a Deus por havermos empreendido a viagem, pois, na Alemanha, jamais teríamos chegado ao que chegamos. [...] vivemos aqui em um país que se assemelha ao paraíso”.

Como Igreja oriunda da Reforma, fazemos memória da nossa história entre dor e morte, mas também entre vida e sinais de testemunho que transforma. Na verdade, assim é. Como diz Lutero: “Em meio ao tempo da nossa vida, estamos envoltos na morte: a quem buscamos, que nos dê auxílio, de quem obtenhamos graça, a não ser a ti Senhor, somente?”.

Reforma luterana, 1517, Dia da Reforma, 31 de outubro. Em 2014, 190 anos de IECLB! Em 2017, o Jubileu dos 500 anos da Reforma!

A rememoração da Reforma e da história da IECLB, uma Igreja oriunda da Reforma, é oportunidade grata e bendita para avaliarmos o que, como IECLB, somos e fazemos hoje. Nesse sentido, quero destacar neste Dia da Reforma:

Igreja oriunda da Reforma de 1517 é Igreja cujos membros vivem a sua fé em estreita relação com a vida diária. É Igreja de vida em comunidade, de vias e viDas em comunhão, onde, pela fé, nos carregamos em esperança solidária.

O Pastor Dreher lembrou apropriadamente: tendo experimentado uma nova possibilidade de vida, as famílias luteranas reuniram-se em comunidades, nas quais havia muita partilha. Essa partilha era fundamental, pois o Brasil que as acolheu não lhes concedeu igualdade de direitos, por isso, mesmo em meio a toda forma de violência, até mesmo diante da doença terminal, Igreja de Confissão Luterana tem o que dizer, pois ela é Igreja diacônica, solidária, que serve como Jesus serviu.

Bem por isso, como Igreja de Jesus Cristo, alicerçados na confissão da Reforma, “não somos shopping center, mas possibilidade de encontro, de comunitariedade, onde pessoas pecadoras e agraciadas são acolhidas indistintamente, porque todas, realmente todas, carecem da graça e da misericórdia de Deus. Essa é a razão pela qual, enquanto Igreja, podemos ser e viver “viDas em comunhão”.

Cento e noventa anos de vidas luteranas em comunhão: esquecimentos e lembranças. 190 anos de história e de testemunho de uma Igreja da Reforma, no caso, a IECLB. Até aqui, o Senhor da Igreja nos conduziu. A memória da Reforma e a nossa história nos inspiram a seguirmos em frente nessa mesma confiança: o Senhor da Igreja nos conduzirá!

Amém!

Pastor Nestor Friedrich
Pastor Presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
 

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