Mensagem da Presidência - Dia da Reforma 2015

31/10/2015


Mensagem da Presidência para o Dia da Reforma - 2015

 

Estimados irmãos e estimadas irmãs da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil!

Estamos no mês de outubro, mês em que, no dia 31, celebramos a Reforma. Nos últimos anos, a Presidência da IECLB vem convidando as Comunidades para que, no mês da Reforma, nos concentremos em um dos seus temas centrais. Neste ano, o tema é Educação Cristã.

Por que dar atenção ao tema Educação Cristã?

Certa vez, avaliando uma visita feita a comunidades cristãs, Lutero concluiu que era lamentável e miserável o que tinha visto. Para ele, as pessoas diziam crer em Deus, mas não sabiam o que isso significava.

Lutero constatou que as pessoas eram analfabetas quando o assunto era fé cristã. Percebeu que se fazia necessário um processo educativo, que ajudasse as pessoas no conhecimento da vontade de Deus e que as orientasse em sua vida cotidiana.

Diante desse analfabetismo, Lutero disse: “Essa lamentável e mísera necessidade experimentada recentemente [...] é que me obrigou e impulsionou a preparar este Catecismo ou Doutrina Cristã nesta forma breve, singela e simples”.

Aqui está o que Lutero escreveu à luz da Palavra de Deus! Este é o Catecismo Menor, onde estão explicados os Dez Mandamentos, o Credo Apostólico, o Pai Nosso, o Sacramento do Batismo, o Sacramento da Ceia do Senhor, Absolvição e Confissão. Os elementos centrais que fundamentam a fé cristã estão didaticamente expostos por Lutero no Catecismo Menor.

O Catecismo Menor é apresentado aos nossos filhos e às nossas filhas no período do Ensino Confirmatório, quando estão, em média, com a idade de 12 anos, mas Lutero escreveu este livreto para as famílias! Lutero quis que o Catecismo servisse como auxílio para pais e mães na educação cristã – em casa, no dia a dia, à mesa.

Que tal resgatar este livreto, o Catecismo Menor? Eu sei, a vida moderna é agitada! Quem ainda tem tempo? As mudanças que vivemos são inúmeras! Parece que vale tudo e que tudo é relativo, mas precisamos pensar: “O que ainda vale em termos de fé?”, “Que valores vivemos e defendemos?”.

Como família cristã, em meio às correrias e a tantos compromissos, conseguimos olhar para os referenciais que apontam a vontade de Deus para a nossa vida – vida pessoal, vida no trabalho, vida em sociedade ou você não deseja uma vida com sentido, equilibrada, feliz?

Diante da tarefa de educar os nossos filhos e as nossas filhas, mas também diante da necessidade de alimentarmos a nossa espiritualidade, podemos afirmar que o Catecismo Menor continua sendo fonte e ferramenta importante.

Por quê? Porque nele descobrimos princípios e valores que o próprio Deus deixou para a nossa vida diária, para que alcancemos coração sábio e tenhamos discernimento.

Vejamos a atualidade dos Dez Mandamentos. Eles nos põem em contato com referenciais éticos da convivência humana. Por exemplo:

- O Quarto Mandamento diz “Honre o seu pai e a sua mãe”! Recentemente, foi lançado um livro da autora Tania Zagury com o seguinte título: “Filhos adultos mimados, pais negligenciados: efeitos colaterais da educação sem limites”. Liberdade em excesso, falta de limites, afinal, como educar os nossos filhos e as nossas filhas de forma responsável? Não está aí um assunto que nos preocupa e importante para conversar em família?

- Com que facilidade se faz uso da violência. Quanto medo isto gera nas nossas vidas! Sobre isso, o Quinto Mandamento diz: “Não matarás”, o que, segundo Lutero, significa: não devemos agredir o nosso próximo, mas cabe-nos ajudá-lo para que tenha tudo o que precisa para viver.

- O Sexto Mandamento determina “Não cometerás adultério”. Lutero diz que cabe a nós amar a Deus e levar uma vida sexual responsável e disciplinada, amando o nosso cônjuge. Não cabe uma reflexão séria e profunda sobre relações que se pautam pela fidelidade, pelo respeito, pelo amor?

- O que dizer do Oitavo Mandamento em tempos de Redes Sociais? “Não fale mentiras a respeito do próximo”!

Outro exemplo: o Catecismo Menor apresenta a oração modelar do Pai Nosso, em que o “nosso” aponta para uma ruptura com o individualismo e conclama para a perspectiva comunitária da fé em Deus. “Pai Nosso” – é ele quem dá o pão nosso, que quer o pão diário para todas as pessoas. Lutero diz claramente: pão é tudo que se refere ao sustento da vida, inclusive as pessoas amigas e o bom governo.

O Catecismo, além de reunir elementos para fundamentar o conhecimento da fé cristã, é um guia para a vivência real e concreta da boa, agradável e perfeita vontade de Deus para todas as fases da nossa vida.

Longe de ser uma atividade única de especialistas, a educação na fé é uma tarefa de todas as pessoas batizadas, a começar nas nossas próprias famílias.

“O que temos conversado nos nossos núcleos familiares?” Este é um chamado para uma revisão da vida e uma oportunidade para fortalecer processos educativos que promovem valores cristãos de justiça, respeito e solidariedade.

Lembremos sempre: o exemplo continua sendo um elemento fundamental para estabelecer valores e princípios que estruturam o caráter e a personalidade. É para essa tarefa que o Catecismo Menor continua sendo ferramenta oportuna e imprescindível!

Disse Lutero: “Se queremos pessoas excelentes e hábeis tanto para o governo secular como para o espiritual, então não poupemos empenho, faina e gastos na tarefa de ensinar e educar os nossos filhos, a fim de que possam prestar serviços a Deus e ao mundo”.

Amém!
Pastor Nestor Friedrich
Pastor Presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
 

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