Quando nos anos 80 a Inglaterra foi governada pela “Dama de Ferro”, Magaret Thatcher, foram criadas no seu entorno estas duas siglas: TINA (there is no alternative = não há alternativa) foi o que a própria Thatcher falou várias vezes para justificar as medidas duras a serem impostas. Os críticos deste afunilamento criaram então TATA (there are thausands alternatives = há milhares de alternativas) para mostrar que havia alternativas, sim. Os dois conceitos ficaram na história e podem ainda hoje iluminar a nossa forma de lidar com os desafios que nos cercam.
O TINA é amplamente usada para nivelar por baixo as coisas. São os chamados motivos de força maior.
“O senhor teve um infarto, o levaram correndo ao hospital, mas ele ficou três dias no corredor com muita dor e sem atendimento e faleceu. Enfim não havia vaga, não havia médico. As coisas são como são. TINA.”
“Ela era jovem cheia de planos, mas o descuido aconteceu, lá estava ela com um filho pequeno. O pai nunca mais foi visto. Ela pensou: Acabou minha vida, nada posso fazer. TINA.”
“Esta comunidade não cresce porque os membros não querem nem saber. E os pastores também não convencem muito. Isto não tem jeito, melhor deixar. TINA.”
Será?
São exemplos óbvios onde salta logo aos olhos que há, sim, alternativas. TATA.
O Senhor cardíaco podia ter sido levado a um outro hospital, a jovem mãe podia mesmo com filho ter seguido algo dos planos dela. A comunidade desanimada pode buscar meios de motivação. TATA.
As coisas mudam quando somos nós mesmos envolvidos numa situação que parece não ter saída. Atingidos ficamos cegos pelas chances que nos aguardam a beira do caminho.
Mas somos seguidores daquele que enxerga mesmo no meio da morte todas as chances do reino de Deus.
Certo dia João Batista mandou perguntar Jesus quem ele era. João estava preso por causa das críticas que ele havia feito ao governo. O poder exige que os críticos sejam calados, ele pagou com a vida. TINA.
Jesus escapa do afunilamento. Ele responde: Voltem e anunciem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: os cegos vêem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas novas são pregadas aos pobres; e feliz é aquele que não se escandaliza por minha causa. (Mateus 11,5s)
Jesus encarna o TATA. Ao redor dele a vida desenvolve as suas mais diversas possibilidades. Mesmo onde não parece haver chance, ele vê e encontra saída.
Mas porque ele alerta para não se escandalizarem por causa dele? Não deveria ser recebido com muita alegria esta forma de ver os problemas cheios de chances?
Parece que as coisas não são tão fáceis assim. É muito mais cômodo entrar no mantra do TINA, que nada pode ser feito, que as coisas já foram assim desde sempre. Doentes morrem, mulheres não têm chances, a comunidade é fadada.
Que bom que temos Jesus! Incomoda esta visão acerca dele, mas é por aí que a vida chega até nos.
TATA.
Guilherme Nordmann