Meditação para culto no cemitério - Isaías 25.1,8-9

Meditação

09/12/2010

“Ó Senhor, tu és o meu Deus. Eu te adorarei e louvarei o teu nome, pois tens feito coisas maravilhosas; tens cumprido fielmente os planos seguros que há muito tempo decidiste fazer. O Senhor Deus acabará para sempre com a morte. Ele enxugará as lágrimas dos olhos de todos e fará desaparecer do mundo inteiro a vergonha que o seu povo está passando. O Senhor falou. Naquele dia todos dirão: Ele é o nosso Deus. Nós pusemos a nossa esperança nele, e ele nos salvou. Ele é o Senhor, e nós confiamos nele. Vamos cantar e nos alegrar porque ele nos socorreu” (Isaías 25.1,8-9).

“NAQUELE DIA”

Num primeiro momento estas palavras do profeta Isaías podem parecer um tanto impróprias para este momento em que estamos num cemitério, onde está bem presente a lembrança da morte. Temos, neste texto, um convite para a alegria, para o louvor, para a adoração ao nosso Deus pelas coisas maravilhosas que ele tem feito, pelos planos seguros que ele tem cumprido fielmente. Isto combina com a morte? Isto combina com o luto? Isto combina com a tristeza e a angústia por causa das perdas que sofremos nesta vida? Num primeiro momento talvez este convite do profeta Isaías possa parecer estranho.

No versículo 9 encontramos a pequena frase: “Naquele dia todos dirão”. Sim, naquele dia todos nós louvaremos e adoraremos o Senhor pelas coisas maravilhosas que ele tem feito; naquele dia em que a morte já não existirá; naquele dia em que as lágrimas terão o seu fim; naquele dia em que a vergonha do nosso corpo frágil e corruptível, sujeito a tristes e incuráveis enfermidades, já não existirá. Sim, naquele dia da ressurreição, aí sim, estaremos todos felizes por causa dos planos seguros e fiéis de nosso Deus, por causa da maravilha da ressurreição. Naquele grande dia.

Agora, neste tempo, ainda somos tomados pelos sofrimentos daquele “outro dia”. Daquele dia em que a enfermidade, o acidente fatal ou outra tragédia se abateu sobre nós, arrancando do nosso meio um ente querido. Ainda somos tomados pelos sofrimentos daquele dia em que tudo desmoronou sobre nós. Era a ferida da perda que não sara de um dia para o outro, nem de um ano para outro; era a ferida com a qual precisamos lidar para o resto da nossa existência sobre a face da terra. Só não sofre com a morte de um ente querido quem já não tem mais sentimentos. Só não existe sofrimento por causa da morte onde já não existe mais amor. Aquele triste dia em que tudo aconteceu, este não sai da nossa lembrança. Por isso sempre de novo nos faz padecer. Também hoje, neste cemitério.

No entanto a palavra de Deus, na boca do profeta Isaías, quer nos ajudar a colocar junto com aquele triste dia, ou acima daquele trágico dia, aquele outro e grande dia em que a morte já não existirá, em que Deus enxugará dos olhos toda a lágrima, em que as limitações da vida humana já não existirão. Então sim, será alegria sem fim pelos feitos maravilhosos de Deus, pelos planos fiéis e seguros que ele estabeleceu. Então reconheceremos, de forma plena, o poder e a bondade de Deus. E diremos: “Ele é o nosso Deus. Nós pusemos a nossa esperança nele, e ele nos salvou. Ele é o Senhor, e nós confiamos nele. Vamos cantar e nos alegrar porque ele nos socorreu”.

Mas, prezadas irmãs e prezados irmãos, esta mensagem seria incompleta se eu parasse por aqui, falando tão-somente da felicidade daquele grande dia que ainda virá. Quando falo da alegria e da felicidade que vem de Deus, preciso dizer que ela acontece também hoje e agora, neste vale escuro da sombra da morte. Jesus ressuscitou. Diz o hino 67 do HPD: “Cristo venceu a morte. Bendita a nossa sorte! Um novo dia nos alumia”. Posso e devo falar de alegria, de louvor e adoração feliz ao nosso Deus também no cemitério, também em meio às lágrimas de todos vocês. Pela promessa da ressurreição de todos os que crêem somos felizes também agora em meio às lembranças e ao sofrimento que começou “naquele dia” e que nos acompanhará por toda a nossa existência aqui neste vale de lágrimas. Os planos de Deus foram seguros e fiéis para vocês, enlutados, e também para os entes queridos aqui sepultados. Pela fé em Jesus Cristo as pessoas que nos deixaram estão seguras e nós também. É descanso que Deus dá. É paz sem fim. É resistência na jornada diária pelos caminhos do luto.

A vocês que aqui ficaram, Deus amparou e vai amparar. Foi unicamente a fé em Deus que manteve vocês tão fortes a ponto de resistirem a tão grande tragédia ocorrida na vida vocês. O Deus do cuidado continuará cuidando de vocês até aquele grande dia em que as lágrimas já não existirão.

P. Valdemar Gaede


Autor(a): Valdemar Gaede
Âmbito: IECLB / Sinodo: Espírito Santo a Belém / Paróquia: Santa Maria de Jetibá (ES)
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7873
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