O nosso tempo nos sugere certas prioridades para a nossa vida. Mais ainda, vivendo em São Paulo, a cidade do trabalho, somos educados para sermos produtivos. Temos que “dar certo na vida”, senão perdemos o nosso lugar neste mundo. Faz parte desta ótica a constante preocupação com o nosso grau de produtividade.
Facilmente esta lógica invade todas as esferas de nossa vida. Prejudica nosso olhar para as nossas capacidades. Ou ficamos céticos demais ou de salto alto. Fica prejudicada também a escolha dos nossos objetivos. Somente o que produz conta. Será que isto contempla tudo que é importante?
Jesus conta a parábola dos talentos onde um homem confia valores aos seus empregados e viaja. Ao voltar da viagem ele encontra os seus servos e fica contente que eles multiplicaram o dinheiro.
Só o último que menos recebeu, o enterrou, e devolveu inalterado dizendo: ”Eu sei que o senhor é um homem duro, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou. Fiquei com medo e por isso escondi o seu dinheiro na terra. Veja! Aqui está o seu dinheiro.” (v.24s) Ele recebe a mais dura reação do homem que tira tudo dele, dá aos outros e o manda embora.
Porque esta reação? Não foi porque faltou produtividade ao servo? Creio que não. O que motivou a reação dura foi a quebra de confiança. O empregado tem medo do senhor. Fica desconfiado e isto o incapacita de cumprir com sua vontade e de usar o seu talento. Esta quebra de relacionamento causa o estrago. Fica evidente que o homem não esperava pela mais alta produtividade, enfim ele convive bem com as diferenças entre os servos. O que ele esperava é que eles fossem fieis.
Deus nos olha exatamente assim. Olha não o tamanho do nosso talento e o grau de multiplicação que alcançamos mas ele olha a nossa confiança nele e a nossa fidelidade de fazer melhor, mesmo quando o dom que recebemos parece pequeno e insignificante. Importa sermos fieis que Deus dará o resultado.
Nesta ótica chama atenção o quanto dos nossos dons enterramos. A vida na cidade produz muitas desistências da vida. Reduz a vivência dos relacionamentos, nos comunica com frequência que somos insuficientes e nos faz reduzir a própria vida.
Ficamos infiéis ao dom da vida que Deus nos deu. Olhamos a vida da comunidade e começamos a achar que não podemos fazer diferença nela e que ela não o fará idem...
O que Deus quer de nos, não é este tipo de análise, mas fidelidade, sobretudo a sua família, a comunidade, o resto, e este resto é a vida, ele dará.
Guilherme Nordmann