Pois me alegraste, Senhor, com os teus feitos; exultarei nas obras das tuas mãos.
Salmo 92.4
Não sentes no coração a ação de uma força desconhecida que paira à tua volta, visível num mistério invisível? Enche com ela a tua alma, e quando tiveres achado a felicidade neste sentimento, chama-lhe o que quizeres; chama-lhe alegria, coração, amor, eu chamo-lhe Deus.
Goethe
Deus, Senhor nosso,
Pai terno-e-eterno,
Tu nos alegraste!
És a fonte primeira e basilar de toda a alegria.
És o mistério visível e invisível,
que, inexplicavelmente,
semeia flores, multicores,
que ornamentam e perfumam o nosso vale de dor
e a aridez dos nossos pensamentos lógicos.
Os céus, festejam as obras das tuas mãos.
Toda a criação canta hinos em Teu louvor.
Os anjos saúdam a orquestra divinal
formada por músicos de todos os tempos,
sob a regência de Bach.
O tema predileto é: soli Deu gloria.
Cai o manto da noite e
O mundo é ninado pela ternura de Chopim.
Davi, que não é mais rei,
declama salmos e dedilha a sua harpa
numa serenata com todos os poetas
que exultam as obras das tuas mãos.
Acendem-se luzeiros celestes e iluminam os corpos que dançam
no esplendor da Via Láctea.
Uma canção de amor envolve os prados e
o hálito do teu Espírito move as águas e beija a flora e a fauna
que, em festa permanente,
glorificam a Ti, ó, Senhor da vida!
Nós, os seres humanos,
bichos da terra tão pequenos (como lembrava Camões),
não ousamos olhar para Ti.
Como Moisés, tiramos os calçados dos pés, e,
numa atitude de entrega e adoração,
nos curvamos, com toda a criação, e
Exultaremos as obras das tuas mãos.
P. Mozart João de Noronha Melo