Máscaras

20/02/2004


"Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, Senhor, já a conheces toda." (Salmo 139.1-3)

Estamos no mês do Carnaval e a simples menção desse fato pode levar você a pensar: e daí, o que tem isso a ver com igreja? Na verdade não quero me esforçar aqui por fazer nenhuma relação entre as duas coisas. Gostaria apenas de aproveitar a associação com fantasias para refletir com você sobre máscaras. É isso mesmo: máscaras!

Acompanhando um pouco os desfiles ou as reportagens sobre o carnaval, é comum ouvirmos relatos de pessoas que partilham o prazer de poderem ser, às vezes por algumas horas somente, personagens que as ajudam a esquecer a dureza do dia a dia. O simples fato de poderem se tornar parte de um enredo, faz com que se sintam na pele de outra pessoa.

Pensando sobre isso lembrei de uma reflexão de Gilbert B. Lazan que fala sobre máscaras. Ele chama de máscaras os subterfúgios que costumamos usar para esconder das outras pessoas as nossas debilidades ou aquilo que achamos que pode não agradar. Muitas vezes por medo de que alguém se afaste da gente, caso deixemos visíveis as nossas fragilidades, ocultamos fatos e características. Preferimos ser admirados a que outros nos rechacem ou tenham pena de nós. No fim da história, Lazan conclui que por causa das máscaras só consegue atrair outros mascarados, pessoas que agem do mesmo jeito, e não encontra a verdadeira amizade que, acredito eu, somente a transparência da nossa humanidade, com tudo o que lhe é peculiar, é capaz de alcançar.

Quando nos damos conta de que o modo como nos relacionamos com as pessoas cedo ou tarde será o mesmo com que elas responderão aos nossos estímulos, podemos decidir se queremos seguir mascarados ou deixar que os outros nos vejam como realmente somos.

O autor do Salmo 139 constata que, com Deus, só podemos ser o que somos, porque nada Lhe passa oculto. Ele tem mais do que uma visão de raio X, porque além de saber o que se passa dentro de nós, conhece nossos pensamentos e até mesmo as palavras que ainda não proferimos. Ter consciência disso é um estímulo à total transparência e entrega sem "cartas na manga" ou "máscaras". Não há como ocultar, só nos resta ser autênticos.

Uma tal relação de verdade e transparência é a que somos sempre desafiados a construir. Se fazemos tanta questão de ocultar aquilo que nos causa mal-estar ou constrangimento, como encontraremos quem nos acolha quando já não for mais possível esconder-nos de nós mesmos?

Se lendo isso você se deu conta de alguma(s) máscara(s) que tenha usado, desejo que não a(s) confunda com o que você é em essência, mas que experimente passar algum tempo sem ela(s) para distinguir o que é real do que é fantasia. Desejo que, uma vez sem a(s) máscara(s), você goste do que encontrar e ouse se mostrar como você realmente é: do mesmo modo como Deus vê e ama você!

Pª Aneli Schwarz


Autor(a): Aneli Schwarz
Âmbito: IECLB
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7509
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