Martin Junge fala sobre os avanços do diálogo. Novo clima entre os cristãos

28/06/2017

 

Hoje nós colhemos os frutos do diálogo teológico das últimas décadas, em que mais progressos foram feitos do que em todos os séculos anteriores: entrevistado por Alfa y Omega, semanário católico espanhol, durante sua participação no Congresso de teologia ecumênica realizado nos últimos dias na Pontifícia Universidade de Salamanca, o secretário-geral da Federação Luterana Mundial, Rev. Martin Junge, confirmou o novo clima entre as Igrejas cristãs, que se manifesta principalmente no esforço para fazer uma releitura da história de outra maneira.

A reportagem é publicada por L'Osservatore Romano, 23-06-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.


Embora conscientes da persistência de grandes diferenças de opinião - sobre a sucessão apostólica, sobre o conceito dos sacramentos (especialmente a eucaristia) e sobre questões mais recentes, como a ordenação de mulheres - a vontade expressa pela Comissão luterana-católica romana sobre a unidade através do documento Do conflito para a comunhão exorta a não desistir frente a obstáculos e a continuar o caminho já iniciado. A busca da unidade vai sendo internalizada na vida diária das nossas Igrejas, fato que constato com grande alegria', garante Junge.

Sabemos que o nosso passado registra páginas muito dolorosas, mas hoje podemos interpretá-las de outra maneira, acrescenta ele, reconhecendo o papel de liderança ecumênica do Papa Francisco, exercido em continuidade com seus predecessores. Eis, então, que a celebração conjunta dos quinhentos anos da Reforma protestante envia um forte sinal de que é hora de deixar para trás o conflito e abrir-se à comunhão que Deus nos promete.

De acordo com o secretário-geral da Federação Luterana Mundial, há razões muito profundas que nos impelem para o caminho da unidade e, nesse sentido, o diálogo teológico é imprescindível. Diálogo que está ocorrendo entre as próprias comunidades reformadas (das quais os luteranos são os principais porta-vozes), de modo a atrair inclusive aqueles grupos que até agora tinham permanecido à margem do processo, como os pentecostais, intensificando os contatos.

Enquanto isso, em 5 de julho, em Wittenberg (a cidade alemã onde Martin Lutero, em 1517, difundiu as suas famosas teses), a Comunhão Reformada Mundial vai subscrever a Declaração conjunta sobre a Doutrina da Justificação, assinada por católicos e luteranos em 1999, em Augusta, resolvendo a principal controvérsia teológica que deu origem ao cisma. Ao documento já se associaram, em 2006, o Conselho Metodista Mundial, e, em 2016, o próprio o Conselho Consultivo Anglicano aceitou e confirmou a substância da declaração.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos

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