Marcos 9.2-9 - Estomihi - Branco
22 de Fevereiro de 2009
Domingo de Carnaval! Um momento para estar nas nuvens... Festa, dança, música, bebida... Um momento no qual queremos acampar permanentemente. Como Pedro! Já não importa mais o que acontece ao nosso redor. Tudo é permitido! Estar com Jesus, Moisés e Elías. Que mais poderia querer Pedro?
Mas é exatamente quando estamos nas nuvens que nos transformamos nas vítimas mais comuns de golpes políticos... Basta lembrar-se de um passado recente na história do Brasil. Era durante o carnaval que o governo assinava medidas provisórias, decretos que nos pegavam desprevenidos... Aumentos de impostos, troca de moeda, quem de nós ainda se lembra destas coisas?
Outra coisa interessante: Pedro parece que não dá uma dentro com Jesus. Primeiro, ele quer partir pra guerra e instalar o Messias com a força da espada. Não aceitando que Jesus passe pelo sofrimento e cruz. Então Jesus o chama de satanás. Agora, quando é preciso baixar das nuvens (morro), deixar Elias e Moisés por lá e voltar para a realidade, Pedro parece querer ficar nas nuvens, nada de guerra, armas, lutas e continuar a missão que recebeu de Cristo. Nisto somos muito parecidos com Pedro. Quando Deus pede de nós que saibamos aceitar as coisas tal como são, nós não queremos. Quando devemos nos rebelar e lutar, nos acomodamos.
No centro do texto está o verbo escutar: uma voz que vem das nuvens pede que escutem ao filho de Deus. Tarefa difícil no mundo de hoje. Somos uma geração que não sabe escutar. Sabemos ver, olhar, julgar com os olhos. Mas escutar realmente, perdemos a capacidade. Talvez pelos fones de ouvido, nossos aparelhos celulares, nosso som do carro... Tudo isto nos permite selecionar o que queremos ouvir. Escolhemos o estilo das músicas, a mensagem, a rádio, a notícia... Temos a possibilidade de ouvir só que queremos em nossos mp3s. Escutar o que Jesus tem a falar... Isto é ainda mais difícil. Pois Jesus, apesar de ser o filho de Deus, pede coisas que não podemos escutar, sob pena de não ir bem nos negócios, de não poder fazer valer a nossa vontade, de não ter tanto poder como queremos sobre nossos empregados, filhos, esposos/as, amigos... Até porque já se passaram 2 mil anos e aquilo que Jesus disse para aquelas pessoas já não serve mais para nós. Já estamos mais avançados, evoluídos, já somos quase deuses.
De todos os personagens da história, Pedro parece ser o mais surdo e o mais falador. 25 versículos antes Pedro é calado por Jesus, por que não compreende a necessidade da Cruz e da morte de Jesus para que o Reino de Deus seja uma verdade. Em vez dela, ele prefere a força das espadas e dos exércitos. Mas 28 versículos atrás, ele reconhece Jesus como o messias enviado por Deus. Agora, quando Jesus diz que é necessário agir com urgência, Pedro quer ficar lá em cima do morro com Moisés, Elias e Jesus. Num momento ele quer ação e é capaz de lutar, no outro ele quer viver uma espiritualidade sem compromisso... só curtir a beleza de estar com homens de Deus. Vamos fazer uma barraca aqui.
Penso que nós, como pessoas individuais, famílias e até comunidade podemos correr o mesmo risco de não escutar a voz de Jesus em nossas vidas. Quando Jesus pede de nós que aceitemos a vontade de Deus, somos rebeldes e queremos lutar contra tudo e todos. Quando devemos compreender que precisamos nos esforçar e não aceitar as realidades de dor e sofrimento sem sentido, preferimos ficar nas nuvens e dizer que isto tudo é responsabilidade do governo, pois todos nós pagamos um imposto muito caro, para ainda ter que alimentar os famintos, curar os doentes, restaurar a vista aos cegos (Denilson – criança da comunidade que está perdendo a visão por causa de um banho numa lagoa contaminada).
Pastor Marcos A. Rodrigues