Marcos 16.1-8

Auxílio Homilético

15/04/1979

Prédica: Marcos 16.1-8
Autor: Lindolf Weingärtner
Data Litúrgica: Domingo da Páscoa
Data da Pregação: 15/04/1979
Proclamar Libertação - Volume: IV


 — Texto

E passado o sábado, Maria, chamada a Madalena, e Maria, a (mãe) de Tiago e Salomé, compraram aromas para irem embalsamá-lo. E muito cedo, no primeiro dia após o sábado, elas chegam à sepultura, enquanto que o sol despontava. E diziam umas às outras: Quem nos removerá a pedra da entrada do sepulcro? E olhando, vêem que a pedra está removida. Pois era muito grande. E entrando na sepultura, viram um jovem, à direita, vestido de esfola branca, e ficaram atemorizadas. Mas ele lhes disse: Não vos atemorizeis. Buscais a Jesus, o Nazareno, o crucificado. Ele ressuscitou. Não está aqui. Vede o lugar onde o puseram. Ide, porém e dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós, à Galileia. Ali o vereis, conforme ele vos disse. E saindo, elas fugiram do sepulcro, pois tremor e assombro as possuíra. E nada disseram a ninguém, porque tinham medo.

II — Considerações exegéticas

Vamos encarar de frente as dificuldades racionalmente insuperáveis de harmonizarmos o relato dos eventos de Páscoa feito por Marcos com os dos três outros evangelistas e a tradição paulina (1 Co 15). Um detalhe serve para ilustrar: Paulo não menciona nenhuma mulher como testemunha da ressurreição do Senhor. (Talvez em observação da tradição farisaica que não reconhecia o testemunho de mulheres). João só menciona uma mulher: Maria Madalena. Mateus cita duas: Maria Madalena, e a outra Maria. Marcos cita três mulheres: Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e Salomé. Lucas cita um grupo não delimitado: Maria Madalena, Joana, Maria, mãe de Tiago e as demais que estavam com elas. - Perante um juiz humano baseado em códigos de jurisprudência formais, já esta discrepância bastaria para embargar um depoimento referente a qualquer ocorrência - ainda mais sobre um evento que não tem analogia nenhuma na experiência e na história humanas. Acrescentem-se outros detalhes: Um jovem (Marcos) a anunciar a ressurreição de Jesus, um anjo (Mateus), dois varões (Lucas) -nem jovem nem anjo em João - e a mais grave das discrepâncias: Em Marcos e Mateus, o mensageiro encontrado no túmulo diz que Jesus irá à Galileia, conforme seu anúncio anterior, e que aí os discípulos o verão. Em Lucas e João, Jesus aparece aos doze em Jerusalém. Eles não mencionam a Galileia como lugar de aparições do Ressurgido. Também Paulo não parece ter conhecido a tradição de aparições de Jesus na Galileia, após sua ressurreição.

Não vamos menosprezar estas e outras discrepâncias (p. ex. a divergência profunda entre o relato de João e o dos sinóticos). Haverá, por certo, possibilidades autênticas de interpretação teológica das respectivas peculiaridades do evangelho em apreço, sem que se use de malabarismos exegéticos. Citamos a observação de Lohmeyer e Lightfoot (apud Conzelmann, Grundriss der Theologie des Neuen Testaments, p 162) de que , no evangelho de Marcos, as regiões da Judéia e da Galileia não designam simples espaços geográficos, mas que possuem qualidade teológica: A Galileia desprezada, o reduto dos pagãos, é a terra onde se manifesta a salvação. - Marcos e Mateus teriam, assim, assinalado a escolha dos desprezados - e a rejeição do centro oficial do culto judaico. Mas não ignora esta hipótese o próprio fato de os discípulos terem sido galileus - e de o movimento de Jesus ter procedido da Galileia? E, por certo, não deixaremos de avaliar as dificuldades que tal interpretação acrescentará às já familiares - uma vez que é um fato histórico comprovado (e por certo muito bem conhecido a Mateus e Marcos) que a primeira comunidade cristã pós-pascoal se estabeleceu e criou raízes em Jerusalém.

O exegeta, frente a todas essas discrepâncias, não fará a tentativa de harmonizar os termos dos relatos evangélicos (talvez o final não autêntico de Marcos - 16.9-20 - que não se encontra nos manuscritos mais antigos e que se presume ter surgido em meados do século 2 - seja uma tentativa de harmonizar e de resumir, se não os termos, mas a mensagem e o relato básico da atividade do Cristo ressurgido entre os seus discípulos). Ele proclamará a mensagem central, comum aos quatro evangelistas, a Paulo e às demais testemunhas neotestamentárias; ele o fará, desta vez, segundo o relato específico de Marcos, acentuando as suas peculiaridades, mas respeitando sua qualidade de mensagem, isto é, não tentando transformá-lo em mera reportagem. Como reportagem, ele não teria tido nenhuma chance de mover o mundo do século l - nem as terá de mover o nosso. A mensagem pura e simples do fato da ressurreição do crucificado - moveu o mundo e haverá de movê-lo até que venha o novo mundo, já implicado na ressurreição do Cristo.

V.I: É um fato fora do comum que se embalsame um corpo no segundo dia após o falecimento. Provavelmente as severas leis sabáticas haviam impedido tanto a compra de ervas aromáticas como o próprio ato de irem ao túmulo e de embalsamarem o morto no dia anterior.

V.2: É difícil chegar-se a uma conclusão, se o fato de o sol ter nascido no momento de as mulheres chegarem ao túmulo tenha significado simbólico, ou não. Tendemos à opinião de vermos na observação uma simples indicação do tempo do dia e recomendamos não superexegesar o fato.

V.3: Único dos evangelhos a mencionar tal preocupação das mulheres.

V.4; A pedra está removida. Pois era muito grande: A maneira popular da narração, que coloca o motivo das preocupações surgidas, ao fim. poderá ser de alguma relevância. A posteriori, após a vivência do inesperado, elas lembram o tamanho da pedra que obstruíra o túmulo: As mulheres tinham vindo com a intenção de fazerem alguma coisa - de alguma factitio — em frente à morte. Abrir caminho para o cadáver do Senhor amado, embalsamar o corpo, seguir as tradições fúnebres dos antigos. Nem uma ideia em suas mentes, nem uma palavra de seu diálogo transcende o horizonte do biológico, do costumeiro, do natural. Jesus morreu —logo se precisará cumprir os usos consagrados que a morte de um ente querido requer. Atitude tão humana e tão irracional: Tentar de fazer alguma coisa onde evidentemente nada pode ser feito.

V.5: Entrando no túmulo, veem o jovem vestido de esfola branca —e ficam apavoradas:” EXETHAMBETHESAN—aoristo— foram tomadas de súbito pavor. Não é um desabrochar lento da flor de sua fé. Não é algo que já tivesse vindo com elas - uma saudade, uma certeza oculta que à luz do túmulo vazio tivesse aflorado em sua psique. Foram tomadas de súbito pavor. A mensagem vem de fora. não de dentro. Ela as toma. assai Não é o numinoso de Rudolf Otto. Este é uma qualidade correspondente da alma humana. O jovem de estola branca anuncia o totaliter aliter, o totalmente diferente, que não entrou no coração de nenhum homem, que rompe os horizontes da biologia — da psique como do raciocínio humanos.

V.6: A reação imediata das mulheres frente ao milagre fora o temor. O mensageiro diz: Não temais. É o leitmotiv do todo do evangelho - na boca dos anjos, como na boca do próprio Senhor. A mensagem angélica por si implica que há temor e que há motivo de temor. É a ressonância da morte de Jesus, dos tormentos de Getsêmani e Gólgota: Buscais Jesus, o nazareno, o crucificado? (contra quaisquer correntes da atualidade que querem separar o crucificado do ressurreto e vice-versa será imprescindível anunciarmos: O ressurreto é o crucificado). E agora segue o motivo do não temais: ELE RESSUSCITOU (EGERTHE - foi ressuscitado). Não está aqui. Eis o lugar onde o puseram. — Primeiro vem a mensagem — a palavra que criou a igreja cristã: Ressuscitou. Depois a indicação do lugar vazio e o comentário: Não está aqui! — Totaliter alibi? Não, nos horizontes do novo mundo de Deus. Sim, nos horizontes do antigo mundo. Neste sentido vale o que Lutero disse em um sermão pascoal: Seu nome agora é NON EST HIC. Ele não vestirá mais as cascas antigas. Este não está aqui acaba com qualquer culto de um santo sepulcro - assim como acaba com qualquer tentativa de amarrar o Ressurreto a um lugar definido, a uma tradição humana definida, a um modo de adoração definido. O não está aqui não é nenhuma prova para o descrente. Assim não permite também qualquer teologia do túmulo vazio, suposta para apoiar alguma fé periclitante. O fato do túmulo vazio é importante — mas em outro sentido, não no de assumir funções de prova. Como fato, ele pode ser interpretado de muitas maneiras (vide Mateus e João). O RESSURGIU é realidade independente de apoio e de lastro humanos. O horizonte humano desta mensagem é um vazio que não se encherá nem com as mais profundas saudades, nem com as mais agudas reflexões teológicas. RESSURGIU: É o irromper da realidade de Deus para dentro da realidade humana — indisponível, inesperado, incrível — a não ser, por obra e ação do Espírito Santo.

V.7: O mensageiro divino põe em movimento os mensageiros humanos: Dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós. Admira o destaque do nome de Pedro. Será reflexo da tradição petrina de que Marcos seria portador? Indicará o papel preponderante que teria sido desempenhado por Pedro, já por ocasião da fixação escrita do evangelho segundo Marcos?

Ele vai adiante de vós: Lembra uma palavra de Zinzendorf, o qual preveniu seus missionários para não suporem que eram eles que iriam trazer Jesus Cristo aos índios americanos e aos esquimós da Groenlândia. Jesus estaria lá antes deles!

Ali o vereis como ele vos disse: Nenhuma ruptura na continuidade da pessoa e da palavra do Mestre - e total ruptura na maneira de experimentar a sua presença e a sua comunhão. Jesus de Nazaré é o Cristo ressuscitado — mas ele não está aqui para olhos humanos condicionados pela experiência humana. Ele se manifestará como o Ressurreto — sob condições inteiramente suas.

V.8: E saindo elas. fugiram do sepulcro, pois estavam possuídas de temor e de assombro (EKSTASlS) e não disseram nada a ninguém, porque estavam com medo. — As mulheres não conseguem passar de sua realidade humana (temor, assombro) para a realidade da nova criação. O não temais do mensageiro ressoa em seus ouvidos, mas não consegue superar o seu coração, nem chega a abrir-lhes a boca. Aqui o evangelho de Marcos diverge de Mateus e de Lucas. Será reflexo do Messiasgeheimnis - do segredo messiânico, característico para Marcos? Será reflexo da reserva, do medo que terão caracterizado a atitude das primeiras testemunhas ante o inaudito da mensagem pascoal? Em todo o caso o não disseram nada a ninguém não deve ser tomado como constatação definitiva. O próprio fato de o evangelista relatar o evento prova que as mulheres falaram — apesar de seu assombro.

O evangelho de Marcos poderá ter terminado aqui, como supõe grande parte dos exegetas? Não desprezando a possibilidade de ter havido uma outra parte final que poderá ter sido perdida - consideramos aceitável a hipótese - sob a premissa da existência de uma comunidade viva que experimentava, no seu dia-a-dia a presença do Senhor ressurgido; comunidade que, apesar do silêncio e do assombro das mulheres chegou a saber de sua vitória através da manifestação de sua ressurreição e que chegou a proclamá-la ao mundo. Esta comunidade será a continuação do evangelho segundo Marcos - como de qualquer outro relato do evangelho - escrita para dentro deste mundo onde palavras e feitos de Deus se identificam.

III — Situação - Prédica pascoal hoje

Em um sentido, a situação do homem moderno face à mensagem da ressurreição diverge da dos antigos. Ele não compartilha mais da suposição universalmente aceita então de que a morte represente para o homem a transição para uma existência de sombra, no Hades, situado nas regiões inferiores - nos infernos, como diz o Credo Apostólico. Para os contemporâneos dos apósto¬los, a existência no Hades era vida reduzida, vida sem corpo tangível, vida de sombras: vida por vezes imaginada como conse¬quência da vida terrena, com característicos de medo e de sofrimento - às vezes lembrada como simples descanso, um ser ajuntado aos pais. Mas em todo o caso era uma espécie de existência: porque o seu verme nunca morrerá nem o seu fogo se apagará (Is 66.64 - especialmente na interpretação de Mc 9.44ss.). Mesmo fora da esfera de influência da filosofia platónica, era comum ao mundo antigo a crença num Hades, e a ideia do aniquilamento total do homem na morte não chegou a prevalecer em nenhuma cultura antiga, se bem que tivesse aflorado em alguns pontos isolados. Ela também não é pressuposta no Antigo Testamento, embora este se mostre sóbrio e reservado em suas parcas reflexões sobre o destino dos mortos.

O homem moderno (com perdão da generalização), em grande parte condicionado pelas correntes de pensamento racionalistas e materialistas, perdeu o horizonte metafísico, natural para os antigos. A morte, hoje, é vista antes pelo homem comum como o fim de uma máquina desgastada - ou, então, como evento biológico natural - em todo o caso como aniquilamento definitivo do indivíduo homem. - Outras correntes de pensamento, muito difundidas no Brasil, as diversas formas de reincarnacionismo, veem a morte como simples estado de transição de um estado de existência para outro. É a tentativa de um materialismo às avessas de manipular uma realidade não acessível ao homem - tentativa que, em última realidade, tampouco respeita a seriedade da morte, seu caráter de juízo, sua dimensão de confronto último e definitivo com a realidade do Deus que vive.

Mencionamos ainda o culto aos mortos, mais ou menos camuflado, em nossos cemitérios. Os monumentos erguidos, as flores (e as velas) que cobrem os túmulos no dia dos mortos. Quer nos parecer que, em última análise, a morte fale, hoje, a mesma linguagem de sempre. O que há, são tentativas de interpretação diferentes. A morte continua falando uma linguagem radical que não permite meios-termos. Põe em jogo tudo que o homem realiza e o que representa - e o que é. Lança-o ao escuro, à incerteza. Todas as tentativas - antigas e modernas - de racionalizar a morte, de incorporá-la a um sistema de pensamento filosófico ou religioso - são postas em cheque pelo próprio fato da morte — assombroso e angustiante para descrentes e crentes. Ao pregador que anunciar a ressurreição de Cristo não será permitido embelezar a morte, nem de amenizá-la. O pavor das mulheres, descrito por Marcos, evidente-mente não será a última palavra no assunto. Mas a mensagem da ressurreição só poderá ser entendida por quem estiver possuído de pavor e assombro, que experimentar a boa nova como algo inaudito - uma alegria que emana do Reino de Deus, que supera a realidade cruel da morte, porque Deus mesmo agiu na ressurreição de seu Filho, criando uma realidade nova, com a qual o homem vai sendo agraciado.

IV – Meditação

É preciso fazer alguma coisa! Qualquer coisa que ao menos nos dê a sensação de que não sejamos totalmente indefesos e impotentes perante a morte. Será preciso levar ervas aromáticas ao túmulo de Jesus, será preciso embalsamar o corpo - para ao menos retardar a decomposição. E haverá outras tarefas a cumprir: Remover a pedra da entrada do túmulo. Preocupação tremenda: Quem nos removerá a pedra da entrada do túmulo? - Uma fuga do assombro que a experiência da morte implica; fuga para as pequenas tarefas que nos impomos a nós mesmos - por não podermos suportar o fato assombroso em si: Um homem deixou de existir para nós. Ele deixou de comunicar-se conosco. Extinguiu-se. Deixou um vazio que nos perturba até o âmago de nossa existência. Um homem bom, um homem que amamos. — Sim — será preciso fazer alguma coisa. Comprar um caixão - não, não aquele caixão comum - um outro, melhor, mais caro. Será preciso acertar detalhes com a agência fúnebre. Será preciso acender velas e ficar acordado ao lado do falecido durante a noite. Ó, entendam, vocês que não conhecem a experiência da morte: Não podemos ficar passivos! O homem sempre faz alguma coisa, ao enfrentar uma emergência. Ervas aromáticas, flores, velas, anúncios nos jornais (três, quatro, meia dúzia), velórios, eulogias, cerimonias fúnebres. É o que podemos fazer. E depois - aquele grande vazio. O marido que fez tudo para salvar a vida da esposa. Os pais que recorreram a especialistas e a curandeiros famosos para salvar a vida do filho, vitimado pela leucemia. O vazio da criatura otimista que confiara na ciência médica - ou, então, em sua boa estrela. O vazio da viúva solitária que ao menos fez o que pôde para preparar um enterro condigno ao marido amado.

Não. Não podemos fazer nada. Poderemos adiar a morte, tratando do moribundo. Poderemos aliviar as dores do enfermo com auxílio de comprimidos e injeções. Isso está em nossas forças, e será certamente algo que deveremos fazer. Mas na hora da morte mesmo, não há nada que possamos fazer. Chorar, isso sim. Talvez seja a reação mais autêntica, mais condizente com a realidade da morte. Um chorar que traduz a comoção interna, a agitação em si mesmo que o próprio Jesus demonstrou por ocasião da morte de seu amigo Lázaro (Jo 11.38).

E, de repente, toda esta realidade destas três mulheres, ocupadas em fazer o que podiam - uma vez consumada a morte de seu mestre - fica transformada. A pedra se acha removida. Não por obra de seus esforços ou de suas preocupações. É que Deus agira de maneira soberana, contrária a qualquer experiência humana. Ele não agira como os homens: Post mortem, condicionados e limitados por um fato consumado inexorável Não agira dentro dos limites do imaginável, do concebível. Não agira restrito ao horizonte de suas criaturas. Agira como Deus Criador, como Senhor absoluto. Agira como no primeiro dia da Criação: Haja luz - e houve luz.

As mulheres não são testemunhas da ressurreição como tal. Olhos humanos são incapazes de ver o que está preservado aos bem-aventurados e aos glorificados. Elas vêem o lugar onde o tinham posto - um lugar vazio. Não corresponde este lugar vazio ao vazio dentro delas? Em seu horizonte humano corresponde, sim. Mas nesta sua situação elas ouvem a voz do mensageiro de Deus que lhes diz: Ele ressuscitou. Esta mensagem as apavora e transtorna. Elas se haviam conformado, à sua maneira, com o inevitável. Haviam trilhado o caminho milenar do ritual fúnebre - ervas, flores, lágrimas - últimos sinais de amor. E agora elas ficam sabendo de que ele não está aqui - que não há nenhum cadáver que requeira seus cuidados, que necessite de seus aromas e de seus bálsamos. Há, sim, um Senhor vivo, que as transforma em mensageiras, que as põe em movimento para que sua mensagem ponha a caminho outros mensageiros, os doze, e por meio deles, mais outros e outros. Mas elas ficam sabendo que não será o seu simples relato que porá tudo em movimento - será o próprio Senhor vivo. que irá adiante de seus discípulos – até a Galileia - e até todas as terras e todos os povos - para manifestar a sua presença, para acarear os homens com o evangelho da vida.

Não admira que as mulheres fujam do sepulcro, possuídas de medo e de assombro. Não admira que o medo, ao menos por ora lhes mantenha a boca fechada. A ressurreição de Cristo não e nenhuma novidade barata, que se espalhe como um chavão de propaganda comercial. Na mensagem de Páscoa ainda ressoa o tremor de Gólgota: É a alegria que nasceu do desespero, o jubilo que nasceu do temor. Aqui não ha nada a explicar nem a provar Para aquele que resolver ficar dentro de seu condicionamento -dentro de sua experiência biológica e racional - a mensagem da Páscoa não provará nada, não preencherá vazio algum Para o que quiser ficar dentro de seu horizonte de idealismo e espiritualismo humanos, de sua saudade e de seus sonhos referentes a morte, a palavra RESSURGIU será apenas uma palavra Ele continuará sonhando a respeito de uma realidade que em si e o fim de todos os sonhos. Mas para quem ouvir a mensagem - quem permitir que ela supere o seu pavor e o seu assombro - ele será transformado. Transformado no âmago de seu ser. E será feito mensageiro. Mensageiro recalcitrante, medroso porventura - mas mensageiro cie Cristo vivo. Onde houver o cheiro sepulcral de aromas e de bálsamos destinados a encobrir o conformismo com a morte, ele protestará em nome e no poder de Cristo: Ele não está aqui. E depois dirá: Ele está aqui - melhor: Ele está andando adiante de nós - e haverá futuro e esperança para aqueles que lhe seguirem.


Autor(a): Lindolfo Weingärtner
Âmbito: IECLB
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Área: Governança / Nível: Governança - Rede de Recursos / Subnível: Governança-Rede de Recursos-Auxílios Homiléticos-Proclamar Libertação
Natureza do Domingo: Páscoa

Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 16 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 8
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1979 / Volume: 4
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 13313
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