Na época da Reforma aconteceram mudanças significativas na área sócio-econômica. Houve grande expansão do setor industrial. O comércio cresceu muito e a economia, baseada na troca de bens, deu lugar à economia do dinheiro. O poder econômico, com isto, concentrou-se nas mãos de poucos banqueiros e comerciantes. Estes grupos formaram monopólios e, tanto a população quanto o Estado, passaram a depender financeiramente deles.
A realidade de empobrecimento e o clamor do povo por justiça desafiaram Lutero a posicionar-se claramente contra a exploração praticada pelos banqueiros e comerciantes. Entre 1519 e 1540, Lutero publicou vários escritos a respeito das atividades e das práticas abusivas presentes no comércio. Pregou e escreveu sobre temas ligados à economia, criticando a usura, a ganância e a má conduta dos grupos financeiros da época. O seu escrito mais importante sobre este tema é intitulado “Comércio e Usura” de 1524.
O movimento da Reforma não só denunciou as práticas injustas e exploradoras dos grupos econômicos e comerciantes. Exerceu, também, grande influência na busca por modelos alternativos de organizações de uma sociedade igualitária voltada para o atendimento das necessidades básicas do povo. Uma alternativa bem concreta e que funcionou por séculos foi a criação de caixas comunitárias (associações). Estas caixas visavam o apoio às atividades da Comunidade e da escola, o sustento de pessoas necessitadas e a manutenção/regulamentação de estoques de cereais. Quando houve a migração de famílias evangélico-luteranas para o Brasil no século XIX, essas caixas (Gotteskasten) foram responsáveis pelo envio e manutenção de pastores e professores para o Brasil.
P. Valdeci Foester
Pastor da IECLB em Lajeado/RS