Lucas 24.13-35

Prédica - Culto no XXVII Concílio da Igreja

21/10/2010

Saudação: Graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor que nos dá o pão nosso de cada dia.

Irmãos e irmãs!

Já ouvimos falar muitas vezes de um caminho chamado Emaús. Caminho daqueles que vão em frente, mas o olhar posto no chão! Não vão felizes apesar de regressarem à casa, parece que caminham sem destino. Qual é o futuro? Como pode que discípulos de Jesus experimentem uma trajetória de vazio, desilusão e desespero? Sim, ser discípulo é saber-se num caminho de “altos e baixos”... de planura, alegria e satisfação mas também de obtáculos... de sensação de fracasso, impotência, aperto no coração e de perda dos sonhos.

Os dois discípulos caminham “naquele mesmo dia”... naquele dia em que Jesus sai do mundo da morte e é colocado no caminho da vida, afinal Ele tem uma tarefa, uma missão... de ser o caminho a verdade e a vida. E é assim, enquanto não alcançamos conhecer a plenitude do Reino de Deus, ainda experimentamos, como os dois discípulos, os “altos e baixos” enquanto caminhamos como igreja... A alegria da Páscoa – da Boa notíca – ainda não era conhecida por eles... já estavam envolvidos por esta relidade mas ainda não estavam conscientes desta alegria e do que estava por vir. Que bom que é assim... Deus surpreende!!! Já dizia o profeta Isaías (55.8) “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos... nem os vossos caminhos oa meus caminhos”.

Custava-lhes entender que a fé que eles depositaram no homem de Nazaré, que foi crucificado e morto, já no terceiro dia trilhava o caminho da vida. Nem sempre há clareza quando se está dentro de uma situação desalentadora... os pensamentos ficam confusos, isso é humano... bem humano! Para sair disso é necessário que venha uma ajuda de fora. Uma força amorosa, comprometida que traga outros pensamentos...

E “aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam”... com suas prováveis lamentações e indagações, seus pensamentos borrados pela frustração e pelo medo Jesus se coloca no caminho.

A Palavra diz que “o próprio Jesus se aproximou e ia com eles”... Jesus não chama a atenção para si. Torna-se o próximo dos discípulos ao entrar na realidade deles. Jesus é a força amorosa e presente de Deus no caminho. Mesmo sem ser reconhecido vai mostrando a face do cuidado de Deus. Entra na realidade humana confusa, caótica muitas vezes, sem perspectiva mas respeita sua condição.

O diálogo entre os dois discípulos não era suficientemente esclarecedor... e mesmo com a presença física de Jesus ainda “os seus olhos estavam como que impedidos de o reconhecerem”... Então, Jesus faz um convite para que contem sua história, abram seu coração, podendo assim declarar a sua dor, contar a sua versão dos fatos, podem confessar que seus sonhos e suas esperanças por um futuro melhor foram interrompidos.

Declaram os fatos acontecidos em Jerusalém. É bem verdade que também relembram que “algumas mulheres, das que conosco estavam, nos surpreenderam”. Elas, as mulheres, traziam uma boa-notícia de que “Ele vive”! Isso era surpreendente, mas não de todo esclarecedor. Tão pouco que os outros discípulos “verificaram a exatidão do que disseram as mulheres”.

Jesus, aos poucos, consegue fazer com que os dois discípulos confrontem o contexto e as circunstâncias que vivem naquele momento, com o testemunho das Escrituras a seu respeito, tendo em vista o plano de Deus. Jesus é, impreterivelmente, o “mediador entre a vontade divina e a experiência humana, revelada graciosamente com renovado vigor” (Daniel Schipani).

O caminho a Emaus chega ao fim! Jesus está com os dois diante da aldeia e prevalesce a hospitalidade. De hóspede, Jesus passa a hospedeiro. Complementa-se a revelação pela palavra com o partir do pão. “Tomando ele o pão, abençoou-o, e tendo-o partido, lhes deu”. Não era só uma simples refeição. Era uma celebração de vida. Sua atitude remete à ação de graça. Bem no sentido do que significa “eucaristia”. É na comunhão e na gratidão que vão experimentando a hospitalidade de Deus. Jesus é aquele que serve... não só pela palavra mas também com a ação, com o serviço... a diaconia!

“Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram”... Que maravilha! Jesus Cristo revelado e experimentado em profunda comunhão abre os olhos do ser humano, mostra uma outra realidade, dá a perspectiva de Deus a sua vida e ao mundo. Jesus mostra a missão de Deus – que é amar e salvar. Saber disso faz não só abrir os olhos, mas também faz “arder o coração”, provoca paixão, mexe conosco. Jesus mostra como Deus age com paixão.

Não é apenas comer o pão, mas deixar nutrir-se por ele. Não só sentir-se abastecido e descansado. Mas como os dois discípulos, “na mesma hora, levantando-se voltaram para Jerusalém” contaram o que aconteceu. Não dá mesmo para ficar parado! Também nós da IECLB sabemos que realmente a “Missão de Deus é nossa paixão”. Tudo o que precisamos é entender a nossa trajetória como povo de Deus, como chegamos até aqui. Como os discípulos, tocados pela presença de Jesus e tendo suas esperanças renovadas, nos colocamos a caminho da missão.

Emaús foi, e será, muitas vezes o nosso próprio caminho. Dúvidas, descontentamentos, preocupações com o futuro... Em 2009 foi refletido a partir do lema : Deus ama quem oferta com alegria” (2 Co 9.7), “Deus vem a nós na Palavra e nos Sacramentos. Dessa forma, sua Missão nos alcança. Deus não desiste de nós e nem se cansa de nós. Esse é o jeito de Deus nos conquistar para sua Missão”. De alguma maneira Deus aqueceu corações, conquistou pessoas que propuseram e decidiram no Concílio de 2008 que na IECLB a Missão de Deus fosse cada vez mais nossa paixão!

Porém, não existem soluções mágicas! Como já foi dito por alguém: O caminho se faz caminhando... E em 2010, é reafirmada a verdade bíblica de que se participamos da missão de Deus é porque somos sustentados pelo pão nosso que Deus nos dá a cada dia. Pão que é mais que farinha, fermento, massa... é pão da vida plena.

O Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI) é o caminho que estamos caminhando... queremos mexer com as comunidades, lutar para vencer a frieza na missão, aquecer corações para ofertar com alegria dons, tempo e recursos financeiros para expandir a missão. Queremos sair das quatro paredes de nosso comodismo. Como testemunho convido a sra. Léa Stanhe de Oliveira para trazer algo que simbolize a caminhada do Sínodo Vale do Itajaí. (...)

Graças ao PAMI no Sínodo Rio Paraná temos membros que querem estar prontos para “dar a razão da sua esperança” (1Pe 3.15). Comunidades como Linha Chapecó, Pérola Independente, Quatro Pontes, Capanema, e outras, estão pedindo formação para lideranças, estão desenvolvendo trabalhos diaconais bem concretos.

Peço à Pastora Silvia Gens para compartilhar sobre a caminhada do Sínodo Uruguai trazendo um símbolo (...).

Comunhão, Liturgia, Diaconia e Evangelização... temos muito chão pela frente!

Roguemos a Deus, pela força do Espírito Santo, que tenhamos cada vez mais pessoas com a visão esclarecida pela Palavra e com corações aquecidos, comunidades envolvidas e comprometidas com a Missão de Deus – Nossa Paixão!

Amém!

Ester Delene Wilke –
Pastora na Paróquia Evangélica de Nova Santa Rosa – PR.
Vice-pastora Sinodal – Sínodo Rio Paraná.

 


Autor(a): Ester Delene Wilke
Âmbito: IECLB / Instância Nacional: Concílio
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 24 / Versículo Inicial: 13 / Versículo Final: 35
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 8865
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A vida cristã não consiste em sermos piedosos, mas em nos tornarmos piedosos. Não em sermos saudáveis, mas em sermos curados. Não importa o ser, mas o tornar-se. A vida cristã não é descanso, mas um constante exercitar-se.
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