Liturgia para o Dia Internacional da Mulher - 2013

27/02/2013

 

Sugestão de Liturgia para Celebração do Dia Internacional da Mulher
8 DE MARÇO DE 2013
Liturgia da entrada

Prelúdio

Acolhida

L Celebramos neste dia a grande bênção de sermos mulheres. Nossos jeitos, nossas ideias, nossos dons, tudo o que nos faz mulheres e que nos fortalece cada dia para seguir lutando e abrindo caminhos para que este mundo seja diferente, inclusivo e igualitário em relação a direitos e oportunidades.

Recordamos as muitas mulheres que abriram caminhos e lutaram pelo fim da violência contra as mulheres e reivindicaram nossos direitos. Unimo-nos em uma corrente, em uma rede com toda nossa rica região Latino-americana e caribenha para celebrar este dia, dando graças Deus por nos criar à sua imagem e semelhança, delicadas e fortes, sensíveis, inteligentes e valentes, lutando dia a dia e fazendo que nossas vozes sejam escutadas.

Saudação

L Somos igreja. Reunimo-nos na presença de Deus, que nos ampara, nos abraça, nos socorre, nos fortalece, nos ama e promete a suas filhas e seus filhos uma vida plena.

Em nome de Deus, que criou céus e terra, de Jesus Cristo e do Espírito Santo.
C Amém

Canto

Confissão de pecados

L O pecado nos separa do amor de Deus e nos impede de viver em comunhão. A confissão sincera pode restabelecer a comunhão e fortalecer a caminhada de fé. Acheguemo-nos confiantes à presença de Deus e confessemos os nossos pecados.

C Perdão, Senhor, por não termos coragem para amar como tu nos amas.

L A ti que nos olhas com ternura e nos acompanhas na defesa da vida, te pedimos perdão por reproduzirmos costumes e tradições que causam discriminação e injustiça. Ajuda-nos a buscar a sororidade, a buscar caminhos alternativos para a construção de teu Reino aqui e agora.

L Reconhecemos que as vozes que defenderam a dignidade humana foram silenciadas e temos visto a violência em todas as suas facetas. Colocamo-nos diante de Ti, buscando tua misericórdia e tua justiça para as vozes que foram caladas.

C Perdão, Senhor, por não termos coragem para amar como tu nos amas.

L Reconhecemos que, muitas vezes, temos alimentado desconfianças, indiferença e simulado preocupação. Há situações em que nossos corações estão surdos para a necessidade, cegos para ofertar ajuda e mudos para compartilhar tua palavra profética.

L Arrependidos e arrependidas pedimos teu perdão. Dá-nos força para construir um mundo novo, livre de exclusão, marginalização e repressão de todo tipo. 

C Perdão, Deus, por não termos coragem para amar como tu nos amas.

L Por teu grande amor, mostra-nos tua justiça, tu misericórdia e tu graça.

C Amém.

Anúncio da graça

L O salmista diz: “Louvemos a Deus eterno e não nos esqueçamos do quanto Deus é bom. Deus perdoa os nossos pecados e cura nossas enfermidades”. Cantemos louvores a nosso Deus:

C Louvemos todos juntos o nome do Senhor.

Kyrie

L Ao orarmos, expressamos nosso desejo de transformar situações que causam dor e sofrimento e nos comprometemos com essa transformação. Coloquemo-nos diante de Deus, clamando em favor de quem grita por misericórdia. Oremos pelas mulheres, nem sempre incluídas nos espaços de atuação na Igreja e na sociedade; pelas mulheres anônimas e pelos homens anônimos que arriscam a vida colocando-se ao lado de pessoas marginalizadas, exploradas e esquecidas. Clamemos a Deus, cantando:

C Pelas dores deste mundo, ó Senhor....

Glória

L O Antigo Testamento nos relata que a profetisa Miriam tomou um pandeiro e todas as mulheres a acompanharam, tocando e dançando, louvando o Deus, que libertou o povo da escravidão.
Juntemo-nos a elas e glorifiquemos a Deus, pois Deus vem, nos orienta com sua Palavra e nos fortalece à mesa da comunhão.

C Glória, glória, glória a Deus nas alturas.

Oração do dia: Deus de amor, tu que amas tuas filhas e teus filhos por igual, abençoa a todas a mulheres que lutam para que se restaure a igualdade e a equidade entre homens e mulheres. Pedimos-te que o esforço daquelas pessoas que nos antecederam, nos impulsione e nos encha de esperança de que no amor de teu Filho, outro mundo é possível. Por nosso Senhor Jesus Cristo, que, contigo e com o Espírito Santo, vive e reina, de eternidade a eternidade.

C Amém.

Liturgia da palavra

Canto 

L Ouçamos a leitura de Números 27: 1-11
C Pela Palavra de Deus, saberemos por onde andar. Ela é luz e verdade, precisamos acreditar.

Leitura do Evangelho
L Aclamemos o Evangelho, cantando:
C Aleluia.

Leitura do Evangelho de Lucas 15.8.10
Palavras do Senhor
C Louvado sejas, Cristo.

Prédica: Números 27.1-11 (veja subsídios abaixo)

Confissão de fé: (Credo da Mulher)

Creio em Deus, que criou a mulher e o homem a sua imagem, que criou o mundo e recomendou aos dois sexos o cuidado da terra.
Creio em Jesus, filho de Deus, eleito de Deus, nascido de uma mulher, Maria, que escutava as mulheres e as apreciava; que morava em suas casas e falava com elas sobre o Reino; que tinha mulheres discípulas, que o seguiam e o ajudavam com seus bens.
Creio em Jesus, que falou de teologia com uma mulher, junto a um poço, e lhe revelou, pela primeira vez, que ele era o Messias, que a motivou a ir e contar as grandes novas na cidade.
Creio em Jesus, sobre quem uma mulher derramou perfume, em casa de Simão; que repreendeu aos homens convidados que a criticavam.
Creio em Jesus, que disse que essa mulher seria lembrada pelo que havia feito: servir a Jesus.
Creio em Jesus, que curou a uma mulher, no sábado, e lhe restabeleceu a saúde porque era um ser humano.
Creio em Jesus, que comparou Deus com uma mulher que procurava uma moeda perdida, como uma mulher que varria, procurando a sua moeda.
Creio em Jesus, que considerava a gravidez e o nascimento com veneração, não como um castigo, mas como um acontecimento desgarrador, uma metáfora de transformação, um novo nascer da angústia para a alegria.
Creio em Jesus, que se comparou a galinha que abriga os seus pintinhos debaixo das suas asas.
Creio em Jesus, que apareceu primeiro à Maria Madalena, e a enviou a transmitir a assombrosa mensagem Ide e contai....
Creio na universalidade do Salvador, em quem não há judeu nem grego, escravo nem homem livre, homem nem mulher, porque todos somos um na salvação.
Creio no Espírito Santo, que se move sobre as águas da criação e sobre a terra.
Creio no Espírito Santo, o espirito feminino de Deus, que nos criou, e nos fez nascer, e qual uma galinha nos cobre com suas asas.

Canto (com recolhimento das ofertas)

Oração geral da Igreja

L Deus de amor,
Na Bíblia encontramos grandes exemplos de mulheres que marcaram a história e com seu exemplo nos inspiram. É por isto que da maneira mais humilde e simples, pedimos-te que tua justiça se faça presente logo, para que tua promessa de vida seja realidade entre nós.

Assim como fizeste com Débora, dá-nos disposição e ânimo para enfrentar as dificuldades da vida. Queremos, como Eva, poder ser tuas colaboradoras idôneas e teus colaboradores idôneos na construção de um mundo mais justo e igualitário. Ajude-nos a manter a fé e a esperança, ainda quando nada vemos.

Dá-nos a serenidade, a astúcia e prudência que teve Abigail. A inteligência de Noemi e a grandeza de coração de Rute que, podendo buscar seu próprio bem-estar, decidiu não abandonar sua sogra viúva, sem filhos e desamparada. Que possamos seguir as instruções e atentar para as orientações que nos dão aquelas pessoas que têm mais experiência que nós.

Que assim como Marta, saibamos servir, seja em nossas casas, em nossa comunidade, no lugar onde trabalhamos, onde vivemos. E que assim como Maria, sua irmã, saibamos quando devemos nos aquietar para escutar o que Tu, ó Deus, tens a nos dizer e a nos ensinar. E que não seja o cansaço ou o acúmulo de tarefas que nos impeça de estar em tua presença. 

Queremos ser valentes como Ester, que ainda que tenha sentido medo não desistiu. Ela arriscou sua vida para buscar a libertação de um povo oprimia e matava. 

Deus, tu que criaste mulheres e homens à tua imagem; que através de Jesus Cristo mostraste e ensinaste o respeito e o amor para com as mulheres, opondo-te a toda forma de violência, pedimos: ampara teus filhos e tuas filhas vítimas da violência. Ampara especialmente as mulheres vítimas da violência. Encoraja a elas e a nós para que atos de violência sejam denunciados. Faze das nossas comunidades espaço de acolhida para as mulheres vítimas de violência, e que sejam instrumentos da paz, da tua paz, da paz que Cristo nos deixou. 

Por Cristo, Teu Filho, nosso Salvador.

C Amém.

Avisos comunitários

Liturgia de despedida

Bênção 

Que a bênção de Deus de Sara, Hagar e Abraão
A bênção do Filho de Maria
A bênção do Espírito de amor,
que cuida de nós como uma mãe cuida de suas filhas e de seus filhos,
desça sobre vocês. Amém.

Envio

L Vão agora e sirvam a Deus sem medo, sem culpa e sem violência!
C Demos graças a Deus.

 

 

SUBSÍDIOS PARA A PREGAÇÃO


1. Carta do Pastor Presidente, Ieclb nº 217221 de 18/2/13.

Ass.: Motivo de intercessão no culto comunitário

Caras irmãs e caros irmãos em Cristo!

Em meados de dezembro do ano passado o mundo soube da violência brutal cometida na Índia por um grupo de homens contra uma jovem de 23 anos. Essa jovem estudante acabou falecendo. A violência brutal anda solta também no Brasil. Diariamente número expressivo de pessoas sofre violência em nosso país. Entre essas pessoas também estão mulheres de todas as idades. Meninas e jovens são violentadas. Mulheres são agredidas. O tráfico de mulheres é algo horroroso. Há mulheres idosas aposentadas que têm sua aposentadoria desviada por familiares e elas próprias passam fome. Tudo isso não é novidade para nós. Por que, então, abordamos o assunto?

Por causa da violência brutal cometida contra a jovem na Índia, o P. Martim Junge, Secretário Geral da Federação Luterana Mundial, escreveu uma carta para as Igrejas Luteranas que são membros dessa federação. E dessa carta nós destacamos um ponto. Conforme o P. Junge, o que é diferente no caso dessa jovem indiana é a forma como a sociedade da Índia quebrou o silêncio e expressou sua visão muito clara de que a violência não pode ser tolerada e que essas coisas definitivamente devem ser transformadas. E o P. Junge continua: Por parte da FLM nós louvamos a Deus por essa reação, pois é uma atitude que contrasta com a postura de negação e de silêncio que tantas vezes prevalece nesses casos. Sublinhemos as palavras do P. Junge: “a violência não pode ser tolerada e essas coisas definitivamente devem ser transformadas”.

Diante de qualquer ato de violência cabe-nos não reagir com violência, mas também não podemos acobertar a violência ou silenciar diante dela. A violência deve ser denunciada. O P. Junge diz ao final da sua carta: O silêncio diante da violência precisa ser quebrado, a conscientização precisa crescer, lideranças precisam ser educadas e políticas precisam ser desenvolvidas. Por tudo isso, a Presidência da IECLB convida suas comunidades a assumirem sua parcela de responsabilidade em relação à superação de todas as formas de violência. Consideramos que o tempo da Quaresma, a celebração do Dia Mundial de Oração (1ª. sexta-feira de março) e a memória do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, são período oportuno para alertar sobre todas as formas de violência contra as mulheres. Uma oportunidade para promover essa reflexão e para estimular atitudes em defesa das mulheres pode ser a intercessão comunitária, para a qual oferecemos uma sugestão:

Deus, tu que criaste mulheres e homens à tua imagem; que através de Jesus Cristo mostraste e ensinaste o respeito e o amor para com as mulheres, opondo-te a toda forma de violência, pedimos: ampara teus filhos e tuas filhas vítimas da violência. Ampara especialmente as mulheres vítimas da violência. Encoraja a elas e a nós para que atos de violência sejam denunciados. Faze das nossas comunidades espaço de acolhida para as mulheres vítimas de violência, e que sejam instrumentos da paz, da tua paz, da paz que Cristo nos deixou. Amém.

(Obs.: Esta carta certamente pode servir de instrumento de promoção dessa reflexão não somente nos cultos comunitários, mas nas reuniões dos diversos grupos da comunidade. Dada a importância do assunto, dado também o fato de que a realização da Copa do Mundo em 2014 vai “promover” o turismo sexual, não deveríamos deixar de repetir essa intercessão ao longo do ano).

Fraternalmente,
P. Pres. Dr. Nestor Paulo Friedrich

2. Números 27.1-11: A justiça de Deus se cumpre nas mulheres que se atrevem a lutar

Na cultura patriarcal, as mulheres estão invisibilizadas, não têm direitos. Este texto é um exemplo desta realidade de desigualdade e injustiça. Em Israel, o direito à propriedade era dado somente aos homens, e nas famílias em que não havia filhos, as mulheres não podiam herdar os bens da família. Zelofeade teve cinco filhas, cada uma com suas características próprias, a julgar pelo significado de seus nomes: Macla, enfermidade ou doença; Noa, descanso, repouso; Hogla, lutadora; Milca, rainha, advogada; Tirza, agradável. Cada uma com suas qualidades ou adversidades, tiveram que enfrentar sua situação. Isto as tornou fortes, persistentes e valentes por meio da fé, na forma e maneira como atuaram.

A posição das mulheres era de inferioridade. Elas eram consideradas o pior, o negativo, o mal, indignas de aprender. Na cultura de marginalização e opressão, estas cinco mulheres se destacaram por sua coragem e determinação em fazer algo que nunca antes alguém havia feito. Algo sem precedentes em Israel.

Em termos de Direito, o Direito natural entra em contradição com o direito constitucional. Para Deus, todas as pessoas são suas filhas, de maneira que somos igualmente dignas de receber a herança. A mensagem de Deus é altamente revolucionária porque rompe com a lei tradicional vigente.
As filhas de Zelofeade tomam a iniciativa de ir falar com Moisés sobre a herança de seu pai. Sem essa herança, só lhes restaria uma vida de dificuldades e pobreza. No texto, Moisés aparece como um homem justo e livre de preconceitos. Diante da difícil situação apresentada pelas irmãs, decide não tomar uma decisão sozinho, mas busca orientação de Deus. Para Moisés estava claro que era Deus quem deveria decidir sobre o assunto.

A resposta que Moisés recebe de Deus, além de surpreendente, é revolucionária em termos de direito. Nos versículos 7 Deus diz: “O que as filhas de Zelofeade estão pedindo é justo. Você deve dar a elas uma propriedade entre os parentes do seu pai. A herança do pai deve passar para elas”.
Estas mulheres, parte do povo de Deus, conhecedoras das promessas de Deus para seu povo, sabem que também elas têm direito às terras de seus antecedentes. Apesar de saber que a lei não as favorecia, não se calaram, se atreveram e conseguiram que Deus, em cumprimento de suas promessas, respondesse a Moisés que a terra lhes fosse entregue.

É de se supor que as coisas não tenham sido muito fáceis para aquelas mulheres: provavelmente sofreram acusações, enfrentaram nervosismos, tensões, mas se mantiveram firmes em suas convicções e juntas seguiram adiante. Podemos imaginar esse pequeno grupo de mulheres se organizando e planejando o encontrou e diálogo com Moisés e os anciãos para reivindicar o direito à herança de seu pai. Mulheres humildes, agricultoras, pedindo terra para trabalhar. Elas estavam dispostas a trabalhar e produzir seu próprio sustento e não queriam depender da caridade do povo e, muito menos, ser um peso para seus parentes.

Estas irmãs se converteram em um símbolo de reivindicação. Na Bíblia, é o primeiro caso em que mulheres reivindicam seus direitos. Elas tiveram a ousadia de reivindicar a herança de seu pai e fizeram com que a lei fosse mudada: “Diga ao povo de Israel que, quando um homem morrer sem deixar um filho homem, a filha deverá herdar a propriedade dele”. As mudanças se dão quando oração e ação caminham juntas.

O direito da mulher é mandato de Deus! Permanecer de braços cruzados, ou lamentando-se, resignadas a perder tudo, é o que a cultura da opressão nos ensinou e obrigou a fazer. Deus nos ensina a assumir riscos, tomar a iniciativa e em unidade sorória, reivindicar justiça. Se assim fazemos, Deus nos responde dando-nos razão e fazendo justiça. Amém.

Pa. Ms. Blanca Irma Rodriguez – Nicarágua
 


Âmbito: IECLB
Área: Missão / Nível: Missão - Mulheres
Área: Celebração / Nível: Celebração - Liturgia
Natureza do Texto: Liturgia
Perfil do Texto: Celebração
ID: 19226
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Não sei por quais caminhos Deus me conduz, mas conheço bem o meu guia.
Martim Lutero
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