Lembra-te que vais morrer

22/11/2002

Lembra-te que vais morrer

Ao olharmos para as pessoas e coisas que nos rodeiam, nos deparamos inevitavelmente com a morte. Em nosso dia-a-dia, os meios de comunicação transmitem freqüentemente notícias sobre as mortes que ocorrem neste vasto mundo. Com o passar dos acontecimentos, estas notícias praticamente já não nos atingem mais. Elas passam desapercebidas porque já se tornaram rotina e passam a ser algo normal. Mas, se você parar para refletir sobre a morte, sobre o seu significado e sua implicância em sua vida, poderá se deparar com o fato de que está pouco ou mal preparado para emitir algum juízo sobre a morte. 

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Se compreendermos a nossa vida,
chegaremos mais perto
da compreensão da morte

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Tudo o que nos pertence, tudo o que temos pode ser tirado de nós. Inclusive a vida. A morte, no entanto, não poderá ser tirada de nós. Ela é o que de mais próprio nós possuímos. Podemos ser acometidos de muitas incertezas e dúvidas durante a nossa vida. Mas a morte é certo que nos sobrevirá. Como dizem alguns: Não existe nada tão certo em nossas vidas como a nossa própria morte. Mesmo assim, ela nos continua sendo estranha. Ela nunca se tornará familiar a nós. Por isso, ela também se torna tão misteriosa. Se quisermos compreendê-la, teremos que compreender, em primeiro lugar, a vida que não é menos misteriosa. Se compreendermos a nossa vida, chegaremos mais perto da compreensão da morte.

No geral podemos ver que as pessoas se afastam da morte, não refletem sobre ela ou têm respostas prontas que não convencem. Entre os cristãos, a primeira resposta que surge é em relação à ressurreição dos mortos e à vida eterna. Se creio na vida eterna, porque me preocupar com a morte? Esta é uma afirmação que podemos encontrar com freqüência. Ela não está errada, pois a fé cristã se alimenta da esperança na vida eterna, na ressurreição dos mortos.

A morte de Cristo na cruz vence a barreira existente entre Deus e a humanidade. Com a morte e ressurreição de Jesus torna-se possível uma nova interpretação e um novo posicionamento frente à morte. Tanto a morte quanto a vida passam a ser determinadas por Jesus Cristo.

A vitória sobre a morte foi conquistada quando Deus se identificou com o Jesus morto. Com a morte de Jesus, Deus suporta o contato com o morto e a morte. Quando Deus assume a forma humana em Jesus Cristo, ele se expõe à morte. Ele passa a compartilhar com a humanidade a miséria da morte. Dessa maneira o divino se identificou com o humano. Onde não há mais possibilidade de relacionamento, Deus intervém e cria novamente essa possibilidade. Esse relacionamento só pode ser criado pelo amor.

A partir da fé cristã, não encaramos a morte com horror e pavor, como sendo ela o fim de qualquer expectativa de vida. Cremos que, com a morte de Jesus, a morte foi vencida. Ela foi dominada, subjugada de modo que podemos perguntar como o apóstolo Paulo: onde está, ó morte, a tua vitória, onde está, ó morte, o teu aguilhão?(1 cor 15.55). A ressurreição de Jesus nos dá esperança e fé de que a vitória que ele conquistou sobre a sua morte, ele a conquistou também sobre a nossa morte.

Não há como fugir da morte. A fé na ressurreição nos ajuda a aceitar a morte, mas sem resignação. É importante diferenciar aceitação de resignação. A resignação envolve um sentimento de fracasso, ao passo que a aceitação implica uma posição ativa de adaptar-se à realidade, ajustando-se à cada nova situação.

Não precisamos mais temer a morte, pois cremos na ressurreição dos mortos. Isso não significa que vivemos só em vista da vida futura, da vida eterna, pensando somente na ressurreição. A esperança da ressurreição dos mortos determina a nossa vida no presente. Com ela encaramos o presente de modo diferente. Ela cria em nós um compromisso para com esta vida, para com a vida do nosso semelhante e do todo da criação de Deus.


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Pastora Rosane Zirbes e
Pastor Eduardo Paulo Stauder.
O casal trabalha na Paróquia de Santos
desde maio de 1996.
Tem dois filhos e uma filha.


 


Autor(a): Rosane Zirbes e Eduardo Paulo Stauder
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Santos (SP)
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 21019
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