LEMA DA SEMANA 28 de fevereiro de 2016

DEUS DESCE ATÉ NÓS - POR AMOR

26/02/2016

FILIPENSES 2.5-11

Lema da Semana (28 de fevereiro 2016): Jesus Cristo a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Filipenses 2.8

Conta uma lenda que em uma pequena cidade da Rússia vivia um rabino. Os moradores da cidade comentavam que diariamente ele alçava voo ao céu antes da oração matutina. Na mesma cidade também morava um homem muito cético àquilo que não pudesse ser comprovado cientificamente. Ele dava gargalhadas por causa da credulidade do povo e dizia: Hei de provar que tudo isso é mentira. Vou acabar com essa farsa. E assim ele fez. Levantou-se durante certa fria madrugada e fez tocaia na frente da casa do rabino. E, de fato: antes do nascer do sol, eis que o rabino saiu de casa. Estava vestido com roupas simples de lenhador e se dirigiu à floresta próxima da cidade. O homem o seguiu à distância para ver tudo o que rabino fazia. Este procurou lenha seca, cortou-a em pedaços, colocou-a nos ombros e foi à casa de uma pobre viúva, que era idosa e que estava bastante doente. O homem espiou pela janela e viu o rabino ajoelhado diante do fogão, acendendo o fogo. Logo o ambiente ficou aquecido e a viúva, agradecida, parou de tremer.

Quando o homem voltou à cidade, o povo que o aguardava curioso, perguntou: E aí? Conseguiu desvendar a farsa? O que tem de verdade na diária ascensão do rabino ao céu?

Muito envergonhado e comovido, o homem respondeu: O rabino sobe muito mais do que apenas ao céu!

Para muitas pessoas, Deus e céu ficam lá no alto, bem distante da nossa realidade, inacessíveis. A história do rabino nos afirma exatamente o contrário. O céu está bem próximo, bem embaixo, totalmente no chão! O rabino deve ter procurado Deus na sinagoga; deve ter procurado Deus nas Escrituras; deve ter procurado Deus nas celebrações e nas orações e, com certeza, o encontrou em todos esses lugares e situações. Na história, o rabino descobriu Deus em um novo lugar, em uma nova e diferente situação, jamais pensada antes: Ele descobriu Deus bem embaixo, na casa de uma viúva pobre e doente e desamparada. O rabino então se colocou a serviço de Deus ao fazer aquilo que era necessário ser feito naquela situação: Ele se transformou em servo, foi cortar lenha, acendeu o fogo e aqueceu a residência em meio a um frio cortante. Essa história rompe com a usual procura por Deus no alto e se enfronha em uma experiência com Deus, que pode ser assim descrita: Se procurar por Deus, procure-o bem embaixo, ali onde o amor é necessário!

O fundamento para essa iniciativa da procura por Deus é nada menos do que aquilo que aconteceu através da vinda de Jesus Cristo: A Palavra se tornou gente! É este assunto que é abordado na Carta aos Filipenses (Ler Fp 2.6-8). Em resumo, Filipenses 2 dá o seguinte testemunho de fé: Por nós e pela nossa salvação, Deus desceu do céu. É um vir para baixo, para os pastores na noite de Natal, para os pobres, desprezados, publicanos e pecadores. É um movimento em direção também daqueles que duvidam, procuram e perguntam. Deus se coloca num caminho que desce até nós, que se humilha, que se deixa prender, torturar e escarnecer, que se deixa crucificar entre dois malfeitores. Mais fundo do que isso não dá para descer. Deus se torna pobre, como um de nós. As pessoas bem embaixo, totalmente à margem, o encontram ao seu lado. Deus manifesta o seu desejo de estar bem embaixo, junto àqueles que ele ama.
E quem são aqueles que Deus ama? Todos e todas!

Também os que estão mais embaixo. Por isso, não dá para procurar Deus somente lá em cima, no alto. Procurar Deus no alto a partir das profundezas esbarra em barreiras sociais quase que intransponíveis. Para que também os mais embaixo possam encontrá-lo, Deus desce até eles. E ele já fez isso por meio de Jesus Cristo! Ele desceu ao ponto mais profundo da nossa existência, pois ele queria estar conosco - a humanidade que ele ama!

Deus tem um amor especial por tudo o que está embaixo, na margem, o que é pequeno e fraco, Isso nós podemos observar nas passagens bíblicas que tratam de vocações, chamados e envios: Davi era o mais novo; Jeremias era inseguro; Maria era uma simples mulher do povo; os apóstolos eram simples pescadores. Com esse jeito de chamar pessoas que estão bem embaixo e mesmo se tornando uma delas, Deus se aproxima de tudo o que é pequeno, que está embaixo, à margem, e diz: Também aqui eu posso ser encontrado.

O caminho de Jesus também conhece um segundo sentido = a subida/a ascensão. No contexto dessa ascensão encontramos palavras como: exaltação, honra, glória, triunfo... Aparentemente, seria um distanciamento da realidade humana. Durante séculos, isso foi uma grande tentação para a Igreja de se sentir mais à vontade junto ao exaltado do que ao lado daquele que se humilhou e se tornou gente igual a nós.

Porém, é muito bom quando se pode encontrar a Igreja lá embaixo, lá onde a espera o seu Senhor, na base, nas esperanças e nas carências das pessoas humildes, lá, e somente lá, a Igreja consegue se tornar um sinal de esperança para todos e todas, que vivem nas trevas, que foram marginalizados, que são evitados, que se escondem envergonhados. Ali as pessoas encontrarão Deus! Este é o caminho que a Igreja precisa redescobrir.

No Evangelho de Marcos 1.15, Jesus diz: Arrependei-vos, pois o Reino de Deus está próximo. Próximo significa estar na base, junto às pessoas ao nosso redor; junto às pequenas e diárias dádivas da Criação ao nosso redor. Em vista das pessoas que procuram a salvação lá em cima, vem o convite: Dai meia volta, convertei-vos! A salvação está próxima. Deus está próximo. Do vosso lado.

O Deus que desceu até nos no crucificado está do nosso lado, nas cruzes que precisamos carregar. Ele sabe o que nós precisamos enfrentar. Ele já sofreu isso tudo por nós. Ele entende o nosso clamor. Ele conhece nossas dúvidas e fraquezas. Ele acolhe e compreende nossas lágrimas. Ele sofre junto as nossas dores e está conosco na nossa morte. Nosso irmão coroado de espinhos vai conosco. Esta ao nosso lado.

Tão profundo é este amor. Muitos teriam entendido Jesus se ele tivesse recuado diante da cruz. Alguns teriam aplaudido Jesus se ele tivesse desistido. Porém, ele não desistiu, ele não se desviou, mas carregou a cruz. Ele morreu na cruz. E fez tudo isso por amor a nós. Carregar a cruz e amar estão intimamente ligados. Tanto na vida de Jesus como na nossa!

A Sexta-Feira da Paixão é muito mais do que um dia de luto e de lamentação. É um dia de profunda gratidão, pois nela fica manifestado que Deus desceu às profundezas de nossa existência e o fez por amor. Deus nos ama. Incondicionalmente, em qualquer situação ou circunstância. Deus nos ama quando somos bem-sucedidos, mas também nos ama nas nossas limitações, culpas e sofrimentos.

Por isso, não desviaremos nosso olhar de sua humildade e cruz. Pois sabemos: Ele se humilhou a si mesmo e tomou a cruz sobre si por profundo e absoluto amor pela humanidade - Por todos nós!
Amém.
P. Sinodal Geraldo Graf
g.graf@uol.com.br
Traduzido e adaptado de Göttinger Predigten im Internet
 


Autor(a): Pastor Sinodal Geraldo Graf
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 36906
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