Somos acostumados de chamar Deus de pai. E é verdade que ele aparece nas Sagradas Escrituras como figura masculina. Não é surpreendente, já que a Bíblia foi escrita em tempos bem patriarcais.
Mais surpreendente é que Deus se revela mesmo nestes tempos de domínio masculino com traços femininos. É a própria Bíblia que compara ele com uma mãe, porque só assim pode descrever a experiência de fé adequadamente.
Lá nos tempos do povo de Israel exilado na Babilônia vem a fala sobre Deus que consola igual a mãe.
Consolo é quando alguém me acolhe na minha dor, e me mostra que nem é tão trágico. A vida não acabou, e logo nem doí mais tanto.
É assim que as mães fazem com as crianças, e os pais também, pelo menos em nosso tempo.
Dizem que ainda tem homem que acha consolo uma coisa de mulher chorona, que não teria nada a ver com um macho de verdade. Este aperta os dentes e não demonstra nada.
Parece que consolo não muda nada. A doença não é curada pelo consolo, e a injustiça só se resolve com justiça.
Em parte isto é verdade. E é bom lembrar que a Bíblia não fala só do Deus consolador, mas também do libertador que libertou o povo de Israel da escravidão do Egito.
Mas mesmo assim precisamos de consolo. Aquela dor abafada, ela continua lá dentro como lixo nuclear. As vezes fica décadas lá até algo fazer lembrar, e a dor logo é a mesma, como se fosse naquele instante.
Quem não permite ser consolado, fica insensível para as necessidades da vida, dos outros, e por fim até de si mesmo.
Estamos no início de um novo ano, que promete não ser dos mais fáceis.
É bom saber que temos um lugar nato para o consolo. É para lá que Deus manda o consolador nato, que leva o nome Espírito Santo.
Ele está sempre pronto para nós receber nas circunstâncias mais variadas.
Mas bom mesmo é quando ele atua através de outra pessoa, de um irmão ou uma irmã.
O melhor lugar onde achar estas pessoas é na sua comunidade, na sua igreja. Experimente! Você irá se surpreender!
Um feliz ano novo consolado deseja seu
P. Wilhelm Nordmann